
É uma tradição: o desfile da Dior dá início à semana de moda de Paris. Na terça-feira (04.03), uma escritora inglesa, uma peça de roupa atemporal e acenos ao legado da grife formaram o repertório oferecido pela diretora criativa Maria Grazia Chiuri. Abaixo, 3 ideias para falar da nova coleção da Dior.
Virginia Woolf e a liberdade da moda
“Meu amor pelas roupas me interessa profundamente. Só que não é amor. O que é, eu ainda preciso descobrir”, Virginia Woolf escreve em seu diário em 1925. Na vida íntima da escritora, o que foi descrito como “amor” era também um sentimento que embutia certa complexidade: crescendo no contexto vitoriano da Inglaterra, era esperado que Virginia se vestisse com roupas restritivas, incorporando espartilhos (que ela detestava); item que à época poderia ser uma metáfora para como a mulher deveria se comportar diante da sociedade. Vem daí a força das múltiplas propostas de Maria Grazia Chiuri para a camisa branca – que, sob o olhar da estilista, se torna mais do que uma peça, mas um manifesto de liberdade, em especial dos estereótipos de gênero.
O masculino e o feminino em “Orlando”
Narrando a trajetória de um homem que se torna mulher enquanto atravessa os séculos, o livro “Orlando” (publicado por Woolf em 1928), pode ser lido como uma carta de amor para Vita Sackville-West, a poetisa e romancista que além de amiga, foi amante da escritora. “No momento em que ela está escrevendo, as mulheres começam a usar roupas masculinas, então a proximidade entre as silhuetas pode ter levado a nova percepção no que diz respeito ao gênero”, explica a curadora Rosalind McKever, do Victoria & Albert Museum, em um vídeo da Dior. No desfile de hoje, não faltaram referências ao guarda-roupa masculino: casacas com flerte histórico e casacos com shape de fraque sobrepunham camisas com babados e golas de rufo (ambas destacáveis), combinados a calças e saias longas.
Maria Grazia Chiuri e o legado da Dior
São quase dez anos de Maria Grazia na direção criativa da Dior (foi em 2016 que a estilista assumiu as linhas femininas de ready-to-wear, couture e acessórios da maison francesa). Neste desfile, no entanto, a criadora fez também acenos ao legado fashion deixado por outros diretores criativos que passaram por lá: as formas concebidas por Gianfranco Ferré são uma das referências confessas para esta coleção.
E como não reparar no comeback da famosa camiseta “J’Adore Dior”, criada originalmente por John Galliano? Entre as sugestões para a nova estação, ganham protagonismo as coberturas esportivas (veja o casaco utilitário em verde militar e o revestido por shearling bege), as bermudas (mais ajustadas à perna, feitas de couro), a renda (que decora vestidos e ganha também aplicações com efeito 3D) e as botas em estilo coturno que, desta vez, sobem até os joelhos.
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DIOR RTW AW25
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Com Antonia Petta e Milene Chaves
Donata Meirelles é consultora de estilo e atua há 30 anos no mundo da moda e do lifestyle.
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