
A coleção de Inverno 2025 da Chanel é, muito provavelmente, a última a ser desfilada antes de estreia do novo diretor criativo da grife, Matthieu Blazy – que já embarcou no time da maison francesa, mas não assinou o desfile que vimos hoje (11/03), no Grand Palais, criado e executado inteiramente pela equipe do estúdio de criação. Abaixo, 4 ideias que fizeram desse desfile um verdadeiro show, digno de aplausos.
Sonho
Apesar de ter sido “Insomnia”, do Faithless, a principal faixa escolhida por Michel Gaubert para a trilha sonora do desfile, o show falou mais de sonhos do que da falta deles. “Nunca longe dos contos de fadas” (como lido nas notas entregues à plateia), a grife manteve o compromisso de Mademoiselle Chanel ao olhar para a moda como um aspecto da vida moderna, mas nem por isso deixou de introduzir camadas de sonho. Nos primeiros looks, uma cobertura translúcida cobria minivestidos e até conjuntos de casaqueto com calça, em capas que davam um aspecto diáfano para o visual mais urbano que você possa sonhar.
Fitas e laços
Uma enorme fita preta – como as de gorgurão, que embalam uma caixa recém-saída da loja da grife – fez as vezes de cenário na instalação do designer franco-canadense Willo Perron. Era através dela que as modelos entravam no percurso da passarela. Nas roupas, a fita surgiu na forma de estampa, em uma série de vestidos fluidos, mas principalmente formando laços, em golas que ora evocavam uma feminilidade old fashioned (mas ainda sim, super fresh e jovem), ora surpreendiam pelo tamanho extralarge, como no look de tricô verde que remetia ao tom “Jade” (um hit da grife na era Lagerfeld, que foi das roupas ao frasquinho de esmalte).
Trompe l’oeil
O efeito engana-olho infiltrou a moda com o movimento Surrealista, para nunca mais sair. Para o Inverno 2025, a Chanel propõe uma releitura da ideia de diferentes maneiras: em um vestido de malha no qual a fita “desliza” pelo corpo, em um suéter recortado no shape de laço e em golas estampadas e rebordadas sobre o desenho de laços (pense nos primeiros desfiles de Elsa Schiaparelli ou na Moschino dos anos 2000 e vai entender). Mas a ilusão óptica que mais chamou atenção foi mesmo a do jeans, que surgiu no azul de chiffons e em tweeds.
Pérolas
Se as pérolas artificiais são até hoje um símbolo de sofisticação (e não de bijoux descartáveis), você pode atribuir isso a Gabrielle Chanel, primeira estilista a dar um tratamento deluxe para o material sintético. Nesta coleção, as pérolas que integram o repertório histórico da maison foram exercitadas à exaustão – mas sem que a gente ficasse cansada de vê-las: em versão oversized, elas vestiam o corpo atravessadas no dorso, além de brilhar em colares de diversas voltas, em um twist do clássico que impactou pelo efeito da acumulação, embora nunca over. Elegantes, como sempre é a mulher Chanel.
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Desfile de Inverno Chanel 2025
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Desfile de Inverno Chanel 2025
Com Antonia Petta e Milene Chaves
Donata Meirelles é consultora de estilo e atua há 30 anos no mundo da moda e do lifestyle.
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