A BYD ultrapassou a Tesla como o fabricante de veículos eléctricos mais vendido no mundo, e outros fabricantes chineses vão se juntar em breve à medida que lideram a revolução eléctrica às custas dos seus concorrentes ocidentais.
“Acreditamos que a BYD e outros chineses líderes estão preparados para conquistar o mercado mundial com veículos elétricos de alta tecnologia e baixo custo para as massas, acelerando assim a adoção global de veículos elétricos”, afirmou o banco de investimento UBS em um relatório – que afirmou ainda que apenas a própria Tesla pode acompanhar o ritmo dos chineses.
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A Europa será o alvo principal, pelo menos por enquanto, segundo o Wall Street Journal.
“Países ocidentais estão a ficar preocupados com a inundação de veículos elétricos chineses mais baratos nos seus mercados. A Europa lançou uma investigação para apurar subsídios aos elétricos chineses, enquanto a administração Biden está considerando aumentar as tarifas sobre esses modelos”, disse Jacky Wong na coluna Heard on the Street, do WSJ.
A BYD ultrapassou a Tesla para reivindicar o título de maior vendedor mundial de veículos elétricos no quarto trimestre de 2023, vendendo cerca de 530 mil exemplares, superando assim os 485 mil da Tesla.
No final do ano passado, a BYD anunciou que iria construir uma nova fábrica em Szeged, no sul da Hungria, o que a ajudaria a evitar qualquer aumento de tarifas que a União Europeia pudesse cobrar se encontrasse subsídios excessivos. Outras empresas chinesas provavelmente seguirão o exemplo da BYD e montarão automóveis na Europa.
A Europa provavelmente se tornará um campo de batalha para veículos elétricos chineses, com apenas um provável vencedor, dada a vantagem de preço de pelo menos 30% que empresas como BYD, Geely, SAIC, NIO e Great Wall Motors têm, de acordo com o UBS.
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A coluna Breakingviews, da Reuters, avalia que a Tesla ainda estará junto dos chineses no topo da cadeia dos EVs, enquanto os chamados players “herdados”, como Ford, General Motors e Volkswagen, lutarão. Na Europa e nos EUA, a procura por veículos eléctricos sofreu recentemente um golpe, com estas empresas “herdadas” a verificarem que a sua produção de carros eléctricos se acumulava nos pátios dos concessionários.
“Mesmo tendo em conta as oscilações recentes, as vendas mundiais de veículos elétricos estão a aumentar mais rapidamente do que os movidos a gasolina, mas representam apenas pouco mais de um décimo das entregas de automóveis novos. “Ambas as empresas ainda estão expandindo a capacidade de produção, a Tesla na Alemanha e no México, enquanto a BYD está se estabelecendo na Hungria, no Brasil e na Tailândia”, disse Antony Currie, da Breakingviews.
Michael Dunne, CEO da Dunne Insights, disse que nenhum outro fabricante pode igualar o preço dos EVs da BYD. A empresa sente-se confortável em obter margens estreitas para ganhar quota de mercado, e isso assusta a concorrência nos EUA, Europa, Coreia e Japão – exceto a Tesla.
“A BYD agora produz, sem dúvida, a bateria mais avançada do mundo, chamada Blade. A bateria oferece máxima densidade de energia, segurança e eficiência. A maior parte dos ganhos vem do design muito eficiente da bateria tipo lâmina e dos processos de fabricação inventivos. Pense no Blade como o equivalente a um motor Toyota a gasolina de alta qualidade: confiável, acessível e eficiente. Mercedes, Ford e Kia já decidiram adquirir algumas de suas baterias da BYD”, explicou.
Dunne disse também que a Tesla ainda não tem medo da BYD.
“A Tesla desfruta de um extraordinário poder de marca global. A imagem da BYD é bastante branda, evocando pouca emoção. Como uma empresa de baterias que avançou para os carros, a BYD ainda está em busca de uma identidade que atraia os clientes”, avaliou Dunne.
Isso porque a Tesla ainda é um fabricante premium, enquanto a BYD atende principalmente aos mercados de massa.
“As coisas podem mudar. Mas hoje poucas pessoas que olham para um Tesla optam por um BYD”, disse Dunne. A rede de carregamento e o software da Tesla ainda estão muito à frente dos da BYD.
O UBS explicou que a procura por veículos eléctricos na Europa permanecerá fraca em 2024, com os chineses a adicionarem 200 mil carros ao mercado total, atingindo cerca de 2 milhões.
Mas, depois disso, é melhor a Europa tomar cuidado.
“Calculamos que os fabricantes chineses possuam um terço do mercado global de automóveis elétricos até 2030. Os europeus estão em maior risco”, disse o UBS.
*Como ex-correspondente automotivo europeu da Reuters, Neil Winton passou alguns anos escrevendo sobre o setor, abordando o “hype” corporativo e descobrindo como essas empresas gigantescas estão realmente se saindo. Adora dirigir desde as máquinas mais modestas até as mais espetaculares.
(Traduzido por Rodrigo Mora).