A farmacêutica norte-americana Moderna anunciou hoje (3) o fornecimento de 500 milhões de doses da vacina da Covid-19 para o Covax – programa de compartilhamento de vacinas da OMS (Organização Mundial de Saúde) para países de baixa renda. A maior parte dos imunizantes, no entanto, só devem estar disponíveis a partir de 2022.
Após ter o uso emergencial aprovado pela organização na semana passada, a Moderna se juntou às farmacêuticas AstraZeneca, Pfizer e Johnson & Johnson para enviar doses do seu imunizante ao Covax.
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No entanto, apenas 34 milhões de vacinas estarão prontas no quarto trimestre de 2021, enquanto o restante – 466 milhões de doses – será fornecido apenas em 2022. Os detalhes da negociação ainda não foram divulgados, mas a Moderna anunciou que a vacina seria oferecida em seu “preço mais baixo”.
O anúncio da farmacêutica ocorre no momento em que o Covax enfrenta graves problemas devido à falta de financiamento, atrasos no envio e abastecimento.
Uma das situações que preocupam o programa é a Índia, onde as exportações de vacina têm sido reduzidas desde março, quando os casos de Covid-19 aumentaram no país. A organização confiava no Instituto Serum – grande fabricante de vacinas indiano – para fornecer milhões de doses da vacina da AstraZeneca ao Covax, mas os carregamentos secaram.
Por enquanto, o Covax só forneceu 49 milhões de doses de vacinas a 121 países de baixa renda. Enquanto isso, os Estados Unidos já administraram mais de 240 milhões de injeções. Assim, o programa espera acumular pelo menos 2 bilhões de doses até o final de 2021 – uma tarefa difícil. Recentemente, vários países – incluindo os EUA, Suécia e França – intensificaram seus compromissos com a OMS, incluindo o presidente norte-americano, Joe Biden, que prometeu doar US$ 4 bilhões ao programa.
Com cerca de metade da população norte-americana, pelo menos, parcialmente imunizada e a vacinação europeia ganhando força, os países mais ricos enfrentam fortes críticas para ajudar na aplicação mundial do imunizante. “O apartheid da Covid-19 está prevalecendo agora”, disse o presidente da Namíbia, Hage Geingob, durante uma coletiva de imprensa da OMS no mês passado. Depois de enfrentar a pressão do presidente-executivo do Instituto Serum, Adar Poonawalla, no mês passado, Biden enviou matérias-primas de vacinas para a Índia junto com outros equipamentos médicos, suspendendo um embargo que os EUA tinham em vigor.
O surto mais recente na Índia levou especialistas em saúde a enfatizar o quão imperativo é que todos os países vacinem a grande maioria de seus cidadãos. “Para impedir essa pandemia, temos que vacinar o mundo inteiro”, disse Michael Diamond, imunologista viral da Universidade de Washington em St. Louis, ao “New York Times” ontem (2). “Haverá novas ondas de infecção repetidas vezes, a menos que vacinemos em escala global.”
Apesar de interromper as exportações do imunizante, a Índia vacinou apenas 2% de sua população. O surto fez com que as autoridades responsáveis pelo esforço do Covax fizessem alarmes sobre um “desafio significativo de curto prazo” no atendimento aos pedidos de vacinas em todo o mundo. Das 49 milhões de doses administradas pelo programa da OMS até agora, 29 milhões vieram do Instituto Serum na Índia. Depois de exportar 28 milhões de doses da vacina em março, o país despachou apenas 1,9 milhão de doses em abril e não despacha uma vacina desde 16 do mês passado.
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