Um novo estudo publicado no “The Journal of Positive Psychology” explica que ensinar aos filhos que o mundo é um lugar perigoso pode não protegê-los da maneira que você pensa. De fato, cultivar uma crença negativa sobre o mundo traz consigo uma série de possíveis problemas à saúde mental.
O psicólogo Jeremy Clifton descreve as “crenças primárias sobre o mundo” como nossas crenças mais básicas sobre o lugar em que vivemos.
“As crenças primárias não são crenças sobre qualidades acidentais do mundo, como ‘o mundo é composto por 118 elementos químicos’, e sim crenças sobre as características mais básicas e psicologicamente importantes dele – como o quão perigoso ele é, o quão divertido ele é, o quão estável e assim por diante”, explica o principal autor do estudo, da Universidade da Pensilvânia.
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Por meio de pesquisas anteriores, revisões de literatura e estudos empíricos, Clifton e sua equipe de pesquisadores concluíram que os humanos têm mais de duas dúzias de crenças primárias sobre o mundo. No entanto, a maioria dessas crenças podem ser agrupadas em três categorias.
Elas são:
1. O mundo é um lugar seguro (em oposição a um lugar perigoso). Isso determina até que ponto as pessoas acreditam que o mundo está cheio de ameaças.
2. O mundo é um lugar divertido (em oposição a monótono). Isso determina a disposição dos indivíduos de se envolver com o mundo – ou seja, de fazer (ou não) o que eles acham interessante, bonito e significativo.
3. O mundo é vivo (em oposição a “mecânico”). Isso determina se as pessoas veem o mundo como um lugar onde as coisas acontecem por causa de esforços individuais, sendo possível mudá-lo e aprimorá-lo.
Para explicar qual é o poder que nossas crenças primárias sobre o mundo podem exercer sobre nossas vidas, Clifton nos pede para lembrar de uma época em que estivemos em um lugar que odiávamos e depois imaginar ficarmos presos lá para sempre.
“Aqueles de nós que veem o mundo como perigoso, monótono e mecânico estão presos em um lugar que odeiam a vida toda”, explica ele. “Os efeitos a jusante sobre o comportamento e o bem-estar são potencialmente enormes.”
A pesquisa atual de Clifton estudou a relação das crenças primárias dos participantes com vários aspectos pessoais de suas vidas – como sucesso no trabalho, depressão, satisfação com a vida e florescimento pessoal no geral.
O estudo descobriu que, independentemente da ocupação, as crenças negativas quase nunca foram associadas a melhores resultados. Em vez disso, eles produziram menos sucesso, menos satisfação no trabalho e na vida, menos saúde, mais emoções negativas e mais depressão.
“Descobrimos que as pessoas querem passar muitas crenças para seus filhos, incluindo a crença de que o mundo é perigoso e está contra eles – e isso pode ser uma péssima ideia”, explica Clifton.
De acordo com Clifton, as pessoas que pensam que o mundo é um lugar terrível acreditam genuinamente nisso. Elas tendem a acreditar que suas crenças negativas os protegem da decepção e do perigo, as tornam melhores em seus trabalhos e as fazem se importar mais em ajudar a resolver os problemas que existem.
A verdade, porém, é muito diferente. Estudos anteriores mostraram que pessoas que tendem a ver o mundo como perigoso reagem exageradamente a ameaças e veem ameaças que não existem.
Para qualquer um que esteja passando por dificuldades por conta de crenças negativas, Clifton oferece o seguinte conselho:
“Meu conselho para qualquer pessoa interessada nas crenças primárias e como elas podem impactar sua vida ou a vida de seus filhos é primeiro descobrir quais são as suas crenças. O primeiro passo para sair da prisão é reconhecer que você está na prisão.”