Uma infecção anterior por Covid forneceu proteção mais “durável” contra a infecção com a variante Ômicron do que duas ou três doses de vacinas da Pfizer ou da Moderna – mas a proteção foi mais forte após a vacinação e uma infecção anterior, de acordo com um estudo publicado no New England Journal of Medicine na quarta (15), ressaltando os benefícios da vacinação para todos em meio a um novo aumento de casos.
Uma infecção anterior por Covid reduziu pela metade o risco de reinfecção sintomática com Ômicron, de acordo com o estudo revisado por pares, que analisou dados de saúde cobrindo toda a população do Catar (2,9 milhões de pessoas) entre dezembro de 2021 e fevereiro de 2022.
A proteção contra a reinfecção foi “moderada e durável”, disseram os pesquisadores, e o resultado foi aproximadamente o mesmo para as subvariantes da Ômícron BA.1 e BA.2. A proteção após a vacinação desapareceu “rapidamente”, disseram os pesquisadores, e foi “insignificante” após a vacinação primária (duas doses da vacina mRNA da Pfizer ou da Moderna) e cerca de 60% após o reforço, embora os pesquisadores tenham notado que a maioria das pessoas estudadas tinha tomado a segunda dose há mais de seis meses e a terceira nos últimos 45 dias.
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A imunidade híbrida após a vacinação e a infecção ofereceram a melhor proteção contra a reinfecção, em aproximadamente 50% após a vacinação primária e quase 80% após o reforço. As descobertas ressaltam o “benefício da vacinação”, mesmo para aqueles com uma infecção anterior. Embora a proteção tenha variado significativamente, os pesquisadores enfatizaram que a infecção anterior, a vacinação e a imunidade híbrida transmitiram um grau igualmente alto de proteção – cerca de 70% – contra doenças graves ou fatais.
A descoberta está de acordo com um crescente acervo de pesquisas que iluminam os fortes benefícios protetores que vêm após a vacinação e a infecção. Ela destaca os benefícios de se vacinar mesmo que você já tenha tido Covid-19. Também ressalta a natureza transitória de alguns aspectos da proteção derivada da vacina, que se tornou particularmente perceptível à medida que a variante Ômícron, altamente infecciosa, surgiu em todo o mundo, independentemente da cobertura vacinal.
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Os especialistas não entendem completamente por que a infecção natural fornece imunidade mais durável e é possível que isso mude dependendo da variante com a qual uma pessoa está infectada. Este estudo também abrangeria pessoas infectadas com variantes que eram predominantes antes da onda de Ômicron atingir o Catar.
Cientistas e autoridades de saúde pública estão agora tentando entender como reproduzir essa imunidade natural mais durável enquanto preparam a próxima geração de vacinas para campanhas de reforço antecipadas e enfrentam uma nova onda de subvariantes Ômicron – BA.4 e BA.5 – que estão ganhando terreno nos Estados Unidos e na Europa. Evidências sugerem que, ao contrário de variantes anteriores, a infecção com Ômicron pode não fornecer muita proteção contra infecções subsequentes.
Os pesquisadores observaram que o grau de proteção da imunidade híbrida após o reforço parecia ter duas camadas separadas, como se a proteção contra a infecção e a vacinação agissem de forma independente, em vez de sinergicamente ou por meio de um mecanismo semelhante. Isso também foi observado entre pessoas que haviam sido infectadas antes e vacinadas, mas não receberam dose de reforço, e que tinham um nível de proteção semelhante a pessoas que acabaram de ter uma infecção passada (sugerindo que a proteção da vacinação primária diminuiu com o tempo). A descoberta “impressionante” “precisa ser mais investigada” para entender melhor como as duas formas de imunidade interagem, acrescentaram os pesquisadores.