Nos últimos meses, a internet foi tomada por uma enxurrada de pesquisas relacionadas ao Ozempic, medicamento que faz parte do tratamento da diabetes tipo 2, mas que vem sendo usado como remédio para emagrecer, muitas vezes sem acompanhamento profissional.
Segundo a doutora Thais Mussi, endocrinologista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), nunca se deve ingerir o medicamento sem indicação e sem acompanhamento médico. Além de conter substâncias, como a semaglutida, que podem causar alergias, o uso pode trazer consequências para o organismo e para a pele.
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Alguns usuários do medicamento relataram o aparecimento do “rosto Ozempic” como um efeito colateral de sua rápida perda de peso, fazendo com que a pele facial se torne mais fina, pareça mais flácida, envelhecida e, por vezes, de aspecto esquelético.
De acordo com Silvana Obici, chefe da divisão de Endocrinologia e Metabolismo da Stony Brook Medicine, em Nova York, a perda substancial de peso pode fazer com que as pessoas pareçam mais velhas como resultado da falta de sustentação causada pela perda de gordura na face, o que reflete no aspecto de derretimento e piora do famoso “bigode chinês”.
A perda de peso significativa em um curto período (geralmente seis meses ou menos) esgota a pele e o corpo de nutrientes essenciais e pode causar uma alteração hormonal. A pele fica mais fina e perde a sua elasticidade e brilho devido ao esgotamento repentino e rápido dos ácidos graxos essenciais, que compõem a função de barreira.
Em relação aos lábios, especialmente com a idade, mas também com a perda de peso, parte do volume de tecido adiposo pode ser perdido, dando a eles uma aparência desidratada ou encolhida.
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Porém, David Shafer, médico especialista em cirurgia plástica de Nova York, argumenta que o “rosto Ozempic” é um termo cunhado para chamar a atenção e chocar a mídia, mas que em sua raiz não é novo. À medida que envelhecemos e perdemos peso, consequentemente, emagrecemos também no rosto, o que aumenta a flacidez da pele. Isso não é específico do Ozempic, já que qualquer método de perda de peso levaria ao mesmo problema.
Se você deseja melhorar a aparência da pele após a perda de peso, uma dieta saudável, hidratação adequada, não fumar, fazer atividades físicas e se proteger contra os raios solares nocivos são estratégias úteis.
Para Kathleen C. Suozzi, diretora do Departamento de Estética do Programa de Dermatologia da Yale Medicine, os tratamentos que sustentam uma pele saudável e flexível podem compensar os efeitos do envelhecimento e da perda de volume, mas não levantam ou preenchem o rosto.
Portanto, sugiro uma associação de técnicas para o tratamento dessa face derretida utilizando tecnologias, como radiofrequência microagulhada para a melhora da flacidez e injetáveis para efeito de sustentação, recomendação da Associação da Academia Americana, e feitas por um médico experiente.
Também é recomendável a implementação de uma rotina mais rigorosa de skincare diária, com o uso de retinoides, hidratantes e regeneradores, que ajudam a melhorar a textura e a aparência da pele enrugada.
Dra. Letícia Nanci é médica do Hospital Sírio-Libanês, médica responsável pela Clínica Dermatológica Letícia Nanci; membro efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD); da American Academy of Dermatology (AAD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD).
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Coluna publicada na edição 106 da revista Forbes, em março de 2023.