Foi confirmado em 23 de junho que as cinco pessoas a bordo do Titan, o submersível turístico operado pela OceanGate Expeditions, perderam suas vidas após uma implosão catastrófica.
Desde que a história veio à tona, ficou claro que isso era um desastre anunciado, devido à atitude negligente da OceanGate em obter certificação e à qualidade questionável da construção do submersível. A empresa começou a levar turistas para as ruínas do Titanic em 2021. Isso nos faz questionar: o que leva algumas pessoas a abraçar voluntariamente o risco e se inscrever para experiências com o potencial de ter resultados devastadores?
Veja 6 perguntas sobre o caso a serem respondidas:
-
Forbes USA/Ocean Gate/Handout/Anadolu Agency via Getty Images #1. O que eram os barulhos de batidas?
Stefan Williams, professor de robótica marinha da Universidade de Sydney, disse à Insider que “é possível que os barulhos tenham sido criados por vida marinha, como baleias”. Os sons também poderiam ter vindo do naufrágio do Titanic, de acordo com Chris Parry, ex-almirante da Marinha Real Britânica, que sugeriu que os sons – registrados em intervalos de 30 minutos – poderiam ser causados por outras coisas sob o mar: “Há muito ruído mecânico no oceano”.
-
Us Coast Guard/Handout/Anadolu Agency via Getty Images #2. Por que tanta demora para usar veículos operados remotamente na busca?
Apenas dois navios estavam envolvidos na busca antes de quarta-feira, e nenhum deles era equipado com veículo submarino operado remotamente (ROV) que pudessem alcançar as profundezas do naufrágio do Titanic, a 3.800 metros. A França despachou o navio de pesquisa Atalante, que estava equipado com um ROV capaz de atingir profundidades de até 4.000 metros, de acordo com a CNN, mas ele chegou tarde na quarta-feira. A Marinha dos Estados Unidos – que despachou um navio de salvamento, segundo a CBC – opera um ROV que pode chegar a 6.000 metros de profundidade, mas ele não foi usado nas operações de busca. O ROV que identificou os destroços do Titan era de uma empresa privada de Massachusetts.
-
Divulgação #3. O que causou a implosão?
Williams especulou que o submersível implodiria em uma “falha catastrófica” se o Titan tivesse “qualquer defeito” em seu casco, o que cederia à “intensa pressão atmosférica” das profundezas do mar.
-
Divulgação #4. Por que demorou tanto para sabermos sobre a Marinha ter detectado o som de uma implosão?
A Marinha dos Estados Unidos detectou “uma anomalia consistente com uma implosão ou explosão” no domingo, na área em que as comunicações com o Titan foram perdidas, disseram autoridades ao Wall Street Journal. Mas não é possível dizer “definitivamente” se o som veio do Titan.
-
Anúncio publicitário -
Fatih Aktas/Anadolu Agency via Getty Images #5. Os corpos serão recuperados?
O contra-almirante John Mauger, da Guarda Costeira, afirmou durante uma coletiva de imprensa na quinta-feira que ele “não tem uma resposta” para as expectativas de recuperação dos corpos das vítimas a bordo do Titan, acrescentando que existe um “ambiente incrivelmente implacável no fundo do mar” que torna “incrivelmente complexo” operar embarcações.
-
Ocean Gate / Handout/Anadolu Agency via Getty Images #6. Por que a OceanGate demorou quase oito horas para soar o alarme?
A OceanGate Expeditions, que perdeu a comunicação com o Titan após uma hora e meia, não explicou por que levou tanto tempo para notificar os oficiais da Guarda Costeira, embora Sean Leet, que é coproprietário do navio de apoio ao submersível, tenha afirmado que “todos os protocolos foram seguidos”.
#1. O que eram os barulhos de batidas?
Stefan Williams, professor de robótica marinha da Universidade de Sydney, disse à Insider que “é possível que os barulhos tenham sido criados por vida marinha, como baleias”. Os sons também poderiam ter vindo do naufrágio do Titanic, de acordo com Chris Parry, ex-almirante da Marinha Real Britânica, que sugeriu que os sons – registrados em intervalos de 30 minutos – poderiam ser causados por outras coisas sob o mar: “Há muito ruído mecânico no oceano”.
Confira o que pesquisas dizem sobre isso para nos ajudar a entender nossa relação complicada com experiências novas e perigosas:
#1. Algumas pessoas podem nascer com fome de situações perigosas.
Um estudo de 2013 descobriu que pessoas que são atraídas por esportes radicais como esqui e snowboard podem processar a dopamina, o neurotransmissor responsável pelo prazer e recompensa, de forma diferente do resto da população. O estudo fez essa descoberta ao analisar uma variante de um receptor específico de dopamina (DRD4, ou o “gene da aventura”) associado à busca por novidades.
Isso nos diz que pode haver uma variante genética em pessoas que buscam a emoção de situações extremas e novas, o que é responsável pelo comportamento de busca por riscos.
Um artigo de 2021 publicado na revista Nature Human Behavior, que reuniu dados de quase 13.000 participantes, parece ecoar essas descobertas. O estudo descobriu que pessoas que se envolviam em comportamentos mais arriscados tinham menos tecido cerebral em centros específicos do cérebro que estão envolvidos em emoções, recompensas e tomada de decisões, possivelmente devido a variações genéticas.
Leia também:
- James Cameron está “chocado com semelhança” entre tragédias do Titan e Titanic
- Expedições, museus, filmes: por que o Titanic ainda desperta tanto fascínio?
No entanto, embora esses estudos sugiram que existe uma ligação genética com a busca por situações perigosas, a fisiologia não pode ser a única explicação. Na verdade, há evidências de que a cultura também desempenha um papel na formação de nossas ideias sobre perigo e como respondemos a ele – o que nos leva ao próximo ponto:
#2. As redes sociais podem amplificar o medo de perder algo, o que pode tornar a participação em situações arriscadas atraente.
Essas plataformas nos permitem ver o que os outros estão fazendo em tempo real, e isso pode criar uma sensação de pressão para acompanhar e não perder o que parecem ser experiências únicas na vida.
Um estudo de 2013 descobriu que o uso das redes sociais estava associado ao FOMO (medo de perder algo) e que o FOMO poderia levar a menos felicidade e satisfação com a vida nos usuários de redes sociais. Essas consequências negativas de se sentir excluído podem fazer com que as pessoas ajam de maneiras consideradas arriscadas.
Considere, por exemplo, o caso da influenciadora de redes sociais chinesa que faleceu recentemente em um acampamento de emagrecimento ao qual ela se juntou para servir como inspiração para seus seguidores. Embora a causa exata de sua morte não tenha sido revelada, sabemos que ela estava tentando perder mais da metade do seu peso corporal em um programa rigoroso de treinamento e dieta.
Esse incidente trágico destaca os perigos potenciais das redes sociais e a pressão que elas podem criar em nossa sociedade para se conformar a certos padrões ou participar de comportamentos arriscados.
Conclusão
Ao considerar participar de comportamentos arriscados, lembre-se de que sua segurança e bem-estar devem sempre vir em primeiro lugar. A popularidade ou a demanda por uma atividade arriscada não garantem que ela seja segura ou valha a pena. Se você tem tendência a buscar situações perigosas, esteja ciente disso e sempre faça uma avaliação independente dos riscos versus recompensas de participar de atividades que possam estar fora da sua zona de conforto.
*Mark Travers é colaborador da Forbes USA. Ele é um psicólogo americano formado pela Cornell University e pela University of Colorado em Boulder.