A esteatose hepática, também conhecida como ”doença do fígado gorduroso”, é uma condição caracterizada pelo acúmulo de gordura nas células do fígado. De acordo com dados de 2021 do Instituto Brasileiro do Fígado (Ibrafig), cerca de 30% da população brasileira está com gordura no fígado. O diagnóstico ocorre quando há o depósito de mais de 5% de gordura no órgão.
Pode ser causada por várias condições e comportamentos que levam ao acúmulo de gordura no fígado, como obesidade, nível elevado de colesterol e de triglicerídeos, sedentarismo, consumo de álcool, resistência insulínica, diabetes, alimentação com excesso de ultraprocessados, açúcares e gordura saturada.
Leia também:
- Falso magro: a importância de entender que peso não mensura saúde
- Como a alimentação e a composição corporal impactam nosso metabolismo
- Picos de glicose no sangue: quais alimentos evitar
De forma geral, qualquer condição que favoreça o acúmulo de gordura no fígado pode ser um fator de risco. Embora muitas vezes seja assintomática nos estágios iniciais, se não for tratada, pode levar a condições mais sérias devido a danos irreversíveis ao órgão. Portanto, é fundamental a implementação de medidas que previnam o surgimento dessa condição.
Sintomas e possíveis complicações da gordura no fígado
Quando sintomática, a esteatose hepática pode levar a alguns dos sinais e sintomas descritos a seguir: fadiga, dor ou desconforto na parte superior direita do abdome, pele e olhos amarelados (icterícia), aumento do volume abdominal (ascite), dificuldade de concentração, dor de cabeça, náuseas,… Vale ressaltar que todo sintoma deve ser investigado por um médico capacitado, uma vez que a mesma sintomatologia pode estar presente em outras doenças. Se não for tratada, a esteatose hepática pode levar à inflamação do fígado causada pelo acúmulo de gordura (esteatohepatite), em casos mais graves pode levar à cirrose e até mesmo ao desenvolvimento de alguns tipos de tumores hepáticos.
Alimentação
Estabelecer hábitos alimentares que proporcionem qualidade e quantidades adequadas de nutrientes é essencial. Uma alimentação com fibras, frutas, vegetais, proteínas, carboidratos integrais e gorduras insaturadas (azeite, oleaginosas e abacate), de forma geral, é uma excelente sugestão.
Evitar alimentos ultraprocessados, ricos em açúcares e em gorduras saturadas é o recomendado quando pensamos em reduzir o acúmulo de gordura. O ideal é você seguir uma estratégia alimentar individualizada prescrita por um profissional de saúde capacitado e que esteja de acordo com as necessidades do seu corpo e com as particularidades do seu dia-a-dia.
Atividade física
A combinação de exercícios aeróbicos com o treinamento de força tem se mostrado benéfica na prevenção e no tratamento da esteatose hepática.
O exercício aeróbico, por exemplo, é capaz de melhorar o metabolismo das gorduras devido ao estímulo à utilização de ácidos graxos (gordura) como fonte de energia. Esse mecanismo promove, como consequência, a redução da quantidade de gordura hepática acumulada. Outro ponto importante é o aumento da sensibilidade à insulina, pois a esteatose hepática está frequentemente associada à resistência à ação desse hormônio, que é também um fator de risco para o desenvolvimento do diabetes tipo 2. São exemplos de exercícios aeróbicos: caminhada, corrida, ciclismo e natação.
Já o treinamento de força, que envolve o uso de pesos livres ou máquinas de musculação, por estimular o aumento da massa muscular, eleva a quantidade de caloria que o nosso organismo gasta por dia, pois o tecido muscular demanda energia para ser mantido. Esse aumento da taxa metabólica basal contribui para a redução da gordura hepática.
Leia também:
- Glicemia: por que é importante medir e controlar
- Uso indiscriminado de medicamentos para emagrecer pode prejudicar a saúde
- Para prevenir a hipertensão, adotar hábitos saudáveis é sempre melhor opção
Composição corporal e saúde metabólica
A composição do seu corpo deve ser sempre analisada e levada em consideração quando pensamos em acúmulo de gordura hepática, pois é através desse conhecimento que vamos identificar se há excesso de tecido gorduroso pelo corpo e em quais locais há o depósito de gordura. O objetivo do tratamento é eliminar o acúmulo de gordura no fígado, e como consequência, melhorar a sua saúde metabólica. O acompanhamento médico especializado é essencial para os ajustes do cuidado de acordo com as necessidades de cada um.
Identificar o indivíduo que apresenta fatores de risco para o acúmulo de gordura no fígado, estabelecer mudanças alimentares e estimular a prática regular de atividade física, são passos cruciais para a prevenção e para o tratamento desta condição. Com uma abordagem personalizada e multidisciplinar, é possível cuidar e melhorar a sua saúde e o seu bem-estar geral.
*Eduardo Rauen é cofundador da healthtech Liti Saúde, que trabalha para resolver a dor do sobrepeso e da obesidade no Brasil. É médico formado pela Universidade do Oeste Paulista (Unoeste). Integra o corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein. É médico nutrólogo (com título de especialista pela ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia) e do Exercício e do Esporte (com título de especialista pela SBMEE – Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte). Também atua como diretor técnico do Instituto Rauen – Medicina, Saúde e Bem-Estar.
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.