Dezembro acaba de começar e com ele chegam as festas de confraternização, as celebrações da firma de encerramento do ano, os happy hours com os colegas de trabalho e amigos, o amigo oculto da empresa, o Natal, o Réveillon, mas também o trânsito muito piorado nas grandes capitais brasileiras, os compromissos com a família….
Para a maioria de nós, dezembro é o mês mais movimentado e desgastante. A vontade de comemorar o ano que está prestes a acabar costuma ser grande, mas, em 2023, em especial, houve um tempero a mais: podemos dizer que foi o primeiro ano que sentimos de fato que a pandemia ficou para trás (quero deixar claro que a Covid ainda se faz presente, mas o pior parece ter passado).
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Assim como vimos em outros momentos difíceis da história, como foi a 2a Grande Guerra e a Gripe Espanhola, só para citar dois grandes fatos, o pós-evento traumático costuma ser seguido de uma onda “extra” de celebrações. É como se, coletivamente, quiséssemos homenagear a vida e o fato de estarmos vivos. Nós, médicos, já esperávamos ver algo do gênero este ano e, ao que tudo indica, essa motivação adicional já dá sinais de que será vista nos eventos corporativos, familiares e sociais.
Muita gente, mas muita gente mesmo, cujo consumo de álcool costuma ser moderado o ano todo, parece se permitir extravasar nessas festas, ingerindo bebidas de forma abusiva. O Instituto Nacional sobre Abuso de Álcool e Alcoolismo (NIAAA), dos Estados Unidos, nos informa que 20% das pessoas bebem excessivamente nesses eventos. Não por acaso, as estatísticas também nos dizem que o número de acidentes de trânsito nessa época cresce.
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Como sobreviver, então, a essa temporada de encontros, comumente regados a álcool?
Há uma frase de que gosto muito: o óbvio precisa ser dito. Assim, a palavra-chave para as festas de fim de ano é moderação. O que isso significa? Primeiro, que, se você não é fã de um drinque, não há razão nenhuma para iniciar-se no álcool nas festas corporativas. Aliás, em nenhuma ocasião.
Segundo, significa controlar o seu ritmo. O ritmo quem imprime é você e não o colega ao lado. Procure dar um intervalo entre um copo e outro (preferencialmente, bebendo água. Sede mata-se com água e não com álcool).
Saiba dizer não. Sentiu que ultrapassou o seu limite? Diga não a quem lhe oferece uma bebida a mais.
Outra questão importante que pode afetar colaboradores em eventos corporativos e que vale mencionar é que, hoje, tudo é filmado. Todo mundo quer mostrar a festa de que participou em suas redes. E é aí que mora o perigo. Álcool, quando consumido em excesso, altera comportamentos, muda a percepção das pessoas. Elas interagem de maneira diferente entre si e há riscos associados a isso, como agir de maneira inapropriada ou mesmo inconveniente. Certamente, você não vai querer ter a sua imagem eternizada na internet depois da festa da firma.
Divirta-se, celebre com seus colegas, amigos e família. Tudo isso é possível se você praticar o caminho do meio, o da moderação.
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
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