O simpósio de câncer geniturinário, realizado pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica no fim do mês de janeiro, apresentou estudos bastante interessantes para tumores frequentes entre a população brasileira.
Na área de câncer de próstata, o tumor mais comum do homem no Brasil, foram apresentados estudos relevantes para casos em que a doença já se apresenta em estágio avançado. São tratamentos que utilizam novas drogas que evitam que o tumor se reconstitua, ou seja, que volte a se fortalecer.
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Estas drogas são chamadas inibidores da PARP, uma nova classe de medicamentos que têm ganhado destaque também para casos de mama e ovário. Vale ressaltar, no entanto, que este tratamento não é indicado para todos, mas apenas para um grupo de pacientes que têm alterações moleculares específicas, verificadas nos exames da patologia.
De qualquer forma, representam boas expectativas para a redução de risco da progressão da doença e melhor qualidade de vida para o paciente.
Boas notícias para o tratamento de tumores de bexiga e rim
O evento também trouxe novidades para o tratamento de câncer de bexiga, o nono tipo de tumor mais comum no homem. São mais de 500 mil casos novos por ano no mundo, 11 mil destes aqui no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Interessante apontar que, até pouco tempo, tínhamos poucos avanços nesta área da Oncologia. Isso mudou nos últimos anos, com a introdução de novas medicações que propiciam respostas fantásticas, sobrevidas mais duradoras. Para o tratamento desta doença, quando muito agressiva, temos a indicação da imunoterapia e dos chamados anticorpos conjugados à droga, moléculas que se ligam ao tumor e liberam substâncias específicas dentro dele, numa estratégia que visa a impedir que as células com câncer se espalhem.
Estes avanços são fundamentais, pois hoje podemos propor estratégias com o objetivo de curar a doença, algo que até pouquíssimo tempo era virtualmente improvável.
A imunoterapia também foi destaque de um dos estudos apresentados para o tratamento de pacientes com câncer de rim com risco para recidiva depois de uma cirurgia. Os pesquisadores avaliaram o tratamento com um medicamento chamado Pembrolizumabe, que estimula o sistema imune a trabalhar melhor contra o tumor.
A pesquisa que envolveu quase mil pacientes – em que metade recebeu esta medicação no período pós cirurgia e a outra parte recebeu placebo – mostrou uma redução do risco de morte de 38% entre o grupo que utilizou o remédio. Trata-se de uma excelente notícia, mais um grande avanço na Medicina e na Oncologia.
Fernando Maluf é cofundador do Instituto Vencer o Câncer e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.
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