Julho Verde busca conscientizar a população sobre câncer de cabeça e pescoço. Esses tumores representam mais de 40 mil novos casos anuais no Brasil. Boa parte destes cânceres que atingem áreas como a cavidade oral, orofaringe, laringe e tireoide é prevenível com mudanças no estilo de vida, especialmente evitando o tabagismo e consumo de álcool. Outro fator importante é a vacinação contra o HPV em meninos e meninas, principalmente dos 9 aos 14 anos, visto que uma das maiores causa do câncer de orofaringe é a infecção por este vírus.
Sintomas como feridas na boca de cicatrização lenta, úlcera, sangramento, rouquidão persistente ou dor na garganta não devem ser ignorados. Muitas vezes, não há um entendimento de que estes sinais podem indicar uma doença mais grave, e o paciente só procura o atendimento médico quando o tumor já cresceu significativamente.
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Exames clínicos, biópsia e o apoio de exames auxiliares como ultrassonografia, radiografia, tomografia computadorizada, ressonância magnética e PET-TC podem ser solicitados para fechar o diagnóstico. Se positivo, o próximo passo é determinar a extensão da doença.
Para casos em que o câncer está confinado a um órgão específico da cabeça ou pescoço, o tratamento cirúrgico ou radioterápico oferece taxas de cura bastante elevadas. No entanto, a doença em estágio inicial é raramente diagnosticada, infelizmente.
A maioria dos pacientes inicia o tratamento para a doença localmente avançada, em que o tumor já atingiu alguns centímetros de tamanho ou se espalhou para os gânglios linfáticos do pescoço. Uma notícia positiva é que para esses indivíduos, que constituem a maioria dos casos, as terapias também evoluíram.
Muitas vezes, o tratamento envolve uma combinação de radioterapia e quimioterapia administradas concomitantemente. Em casos de tumores muito grandes, a quimioterapia pode ser usada inicialmente para reduzir o tumor, seguida de radioterapia. Em outras situações, a cirurgia é o primeiro tratamento, e dependendo dos resultados, pode ser necessário complementar com radioterapia, com ou sem quimioterapia.
Novas estratégias de tratamento estão sendo avaliadas para os tumores de cabeça e pescoço, como a imunoterapia, com resultados interessantes e promissores.
É importante ressaltar que, nesta fase da doença, o tratamento multidisciplinar pode proporcionar taxas de cura significativamente melhores e reduzir os efeitos colaterais. Isso ocorre devido ao trabalho em equipe, em que especialistas de várias áreas colaboram para oferecer o melhor cuidado possível ao paciente.
Fernando Maluf é cofundador do Instituto Vencer o Câncer e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.
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