
O câncer colorretal, que afeta o intestino grosso e o reto, é um dos tumores malignos mais comuns no Brasil e no mundo. Segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), para o triênio 2023-2025, são esperados cerca de 45 mil novos casos da doença anualmente no país, sendo o terceiro tipo de câncer mais comum entre homens e mulheres, desconsiderando o câncer de pele não melanoma.
Infelizmente, embora muitos casos sejam diagnosticados precocemente, uma parcela dos pacientes apresenta recorrência após o tratamento inicial ou já é diagnosticada com a doença em estágio avançado. No entanto, os avanços terapêuticos têm melhorado significativamente o prognóstico desses pacientes. Atualmente, por meio da identificação de fatores moleculares, é possível determinar quais pacientes se beneficiam mais da imunoterapia ao invés da quimioterapia como primeira linha de tratamento.
A imunoterapia estimula o sistema imunológico para que o próprio organismo combata o câncer de maneira mais eficaz. Cerca de 15% dos pacientes com câncer colorretal apresentam características que os tornam bons candidatos a essa abordagem. Para os demais casos, a quimioterapia continua sendo uma opção eficiente, pois atua estimulando o sistema imunológico a atacar o tumor de maneira mais precisa, eliminando suas estratégias de evasão dos mecanismos de defesa do corpo.
Os resultados dessas abordagens terapêuticas são significativos não apenas pela alta taxa de resposta, mas também pelo número de pacientes que conseguem alcançar uma remissão prolongada. Durante o mês de março, a campanha “Março Azul-Marinho” tem reforçado a importância do diagnóstico precoce e do acesso a tratamentos cada vez mais eficazes.
O rastreamento, por meio de exames como a pesquisa de sangue oculto nas fezes e a colonoscopia, é essencial para a detecção precoce. A Sociedade Brasileira de Coloproctologia e o INCA recomendam que pessoas acima de 50 anos realizem exames preventivos regularmente, especialmente aquelas com fatores de risco.
A conscientização também destaca a necessidade de políticas públicas eficazes para ampliar o acesso ao rastreamento e ao tratamento do câncer colorretal no Sistema Único de Saúde (SUS). Investir na prevenção e na inovação terapêutica é essencial para reduzir a mortalidade e melhorar os desfechos dos pacientes.
Fernando Maluf é cofundador do Instituto Vencer o Câncer e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.
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