O câncer de colo de útero é a principal causa de morte entre mulheres jovens até 36 anos no Brasil. Durante o mês de prevenção do câncer de colo de útero, também conhecido como Março Lilás, é fundamental reforçar a importância de falar sobre essa doença, seus métodos preventivos e o diagnóstico precoce. Proteger as mulheres, especialmente as mais vulneráveis, é essencial, já que sabemos que esse tipo de câncer está fortemente ligado a fatores socioeconômicos.
O INCA (Instituto Nacional de Câncer) estima que, no Brasil, em 2025, mais de 17 mil casos novos de câncer de colo de útero serão diagnosticados, com mais de 6 mil óbitos. A vacinação contra o HPV (Papilomavírus Humano) é uma das principais formas de prevenção. O HPV é um dos maiores responsáveis pelo desenvolvimento do tumor do colo do útero, mas a vacina também previne outros tipos de câncer, como os de orofaringe, ânus e pênis, além de infecções (verrugas) causadas pelo vírus.
A imunização é indicada preferencialmente para meninas e meninos de 9 a 14 anos, antes do início da vida sexual, pois é nessa fase que a resposta imunológica é mais eficaz. O imunizante está disponível gratuitamente, em dose única, no SUS, e protege contra os dois tipos do HPV responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero. Para mulheres com imunossupressão (diminuição de resposta imunológica), vivendo com HIV/Aids, transplantadas e portadoras de cânceres, o Ministério da Saúde disponibiliza a vacina até 45 anos de idade.
No entanto, para pessoas que não foram vacinadas até os 14 anos, a vacinação também é recomendada, pois ainda oferece benefícios. O imunizante nonavalente (que protege contra 9 tipos do vírus) está disponível nas clínicas privadas, em três doses. Mesmo para quem não se vacinou na faixa etária ideal, é possível ajudar a reduzir o risco de infecção por tipos de HPV durante a fase adulta, tornando-se uma proteção importante para a saúde, para homens e mulheres até 45 anos.
Portanto, o recado é claro: vacine seus filhos, preferencialmente na faixa etária de 9 a 14 anos, mas, se isso não for possível, não deixe de vaciná-los após essa idade, pois os benefícios continuam, e a proteção contra o câncer de colo de útero deve ser uma prioridade. A vacinação tem o potencial de erradicar esta doença que causa milhares de óbitos todos os anos aqui no país.
Fernando Maluf é cofundador do Instituto Vencer o Câncer e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.
