
Nos últimos anos, a ciência tem demonstrado cada vez mais a relação entre hábitos de vida e o risco de desenvolvimento de diversos tipos de câncer. Já sabemos que fatores como obesidade, tabagismo, consumo excessivo de álcool e sedentarismo contribuem significativamente para o surgimento da doença, afetando órgãos como mama, intestino, pulmão e fígado, entre outros.
Além disso, pesquisadores têm investigado como outras condições crônicas podem influenciar a mortalidade por câncer. Um estudo realizado com dados europeus buscou compreender melhor essa conexão.
A pesquisa, intitulada Associações entre comorbidades cardiometabólicas e mortalidade em adultos com câncer: estudo de coorte multinacional, foi publicada no BMJ Medicine e analisou informações do European Prospective Investigation into Cancer and Nutrition (EPIC), coletadas entre 1992 e 2013. O estudo incluiu 26.987 pessoas – 54% mulheres – diagnosticadas com um câncer primário. Entre os participantes, 2.113 tinham diabetes tipo 2, 1.529 apresentavam doença cardiovascular e 531 possuíam ambas as condições no momento do diagnóstico.
Os resultados mostraram que pacientes com histórico de doenças cardiovasculares ou diabetes tipo 2 apresentaram um risco maior de morrer tanto por doenças cardiovasculares quanto por outras causas, incluindo enfermidades digestivas.
Além disso, a mortalidade específica por câncer foi mais elevada entre aqueles que possuíam essas comorbidades, em comparação com os pacientes sem essas condições pré-existentes. Assim, as doenças cardiometabólicas parecem influenciar negativamente a sobrevida dos pacientes com câncer, sugerindo um impacto direto no prognóstico da doença.
Esses achados reforçam a importância da prevenção e do controle de fatores de risco como obesidade, sedentarismo, tabagismo e consumo de álcool, que não apenas reduzem o risco de desenvolvimento de câncer, mas também contribuem para uma melhor resposta ao tratamento e maior sobrevida dos pacientes. Manter um estilo de vida saudável é fundamental para evitar não apenas doenças crônicas, mas também para aumentar as chances de um prognóstico mais favorável em casos de câncer.
Fernando Maluf é cofundador do Instituto Vencer o Câncer e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.
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