O presidente-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, endossou ontem (6) a legislação norte-americana para regulamentar anúncios políticos em toda a internet, em uma concessão aos congressistas dias antes de ele depor em duas audiências no Congresso dos Estados Unidos.
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Zuckerberg também disse que o Facebook começará a exigir que pessoas que queiram publicar anúncios na rede social sobre questões políticas comprovem a sua identidade e localização. Isso expande um plano anterior para exigir essa verificação direta de anúncios sobre as eleições.
“A interferência eleitoral é um problema maior do que qualquer plataforma, e é por isso que apoiamos a ‘lei de anúncios honestos'”, escreveu Zuckerberg em um post no Facebook ontem.
Essa legislação foi introduzida em outubro passado para conter as preocupações com cidadãos estrangeiros que usam as mídias sociais para influenciar a política norte-americana, uma questão que faz parte de uma investigação sobre uma possível intromissão russa durante a campanha presidencial dos EUA em 2016.
O Facebook divulgou em setembro que os russos usaram a rede social com perfis falsos para tentar influenciar os eleitores norte-americanos nos meses anteriores e posteriores à eleição de 2016, escrevendo sobre assuntos polêmicos, organizando eventos e comprando anúncios.
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Em fevereiro, o conselheiro especial dos EUA Robert Mueller acusou 13 russos e três empresas do país de interferirem na eleição semeando discórdia nas mídias sociais.
A lei vai ampliar a legislação eleitoral existente que cobre emissoras de rádio e televisão para também abranger anúncios pagos na internet e em plataformas digitais como Facebook, Twitter e Google. O Facebook anteriormente chegou perto de apoiar a lei, dizendo que queria trabalhar mais com os parlamentares e anunciar tentativas de autorregulação.
Zuckerberg deve comparecer na próxima terça-feira (10) em uma audiência conjunta de dois comitês do Senado dos EUA e na quarta-feira (11) diante de um comitê da Câmara dos Deputados.
Sob a lei de anúncios honestos, plataformas digitais com pelo menos 50 milhões de visualizações mensais precisariam manter um arquivo público de todas as comunicações eleitorais compradas por qualquer pessoa que tenha gastado mais de US$ 500.
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Zuckerberg disse ontem que também quer lançar mais luz sobre “anúncios sobre questões”, ou anúncios que discutem um assunto político, mas não se relacionam diretamente com uma eleição ou uma candidatura. Os anúncios sobre questões são frequentemente publicados por grupos de interesse, organizações de lobby e indivíduos ricos que querem influenciar a legislação ou ter um impacto indireto em uma eleição. Cada anunciante que deseja veicular um anúncio sobre alguma questão precisará confirmar sua identidade e localização, escreveu Zuckerberg.
Dados de 2,7 milhões de europeus no Facebook foram compartilhados indevidamente, diz UE
O Facebook confirmou que dados de 2,7 milhões de cidadãos da União Europeia estavam entre aqueles usados pela consultoria política Cambridge Analytica, informou ontem o braço executivo da UE.
A Comissão Europeia disse ter recebido uma carta da rede social na quinta-feira (5) e que pressionaria por mais detalhes, aumentando a pressão sobre a empresa, que perdeu mais de US$ 100 bilhões em valor de mercado nos últimos dez dias. “O Facebook confirmou para nós que os dados de até 2,7 milhões de europeus, ou pessoas na UE, para ser mais preciso, podem ter sido compartilhados de forma indevida com a Cambridge Analytica”, disse uma porta-voz da Comissão. “A carta também explica os passos que o Facebook tomou em resposta desde então.”
Por isso, o vice-presidente de Tecnologia do Facebook, Mike Schroepfer, vai responder a perguntas de parlamentares britânicos sobre o recente escândalo de dados da rede social em 26 de abril, disse ontem um comitê parlamentar.
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Os parlamentares pediram ao presidente-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, ou outro executivo sênior da empresa, para explicar a um comitê parlamentar como os dados chegaram às mãos da Cambridge Analytica. O presidente do comitê, Damien Collins, disse ter ficado surpreso com o fato de Zuckerberg não estar preparado para responder ele mesmo as perguntas.
O Comitê Digital, Cultura, Mídia e Esporte disse que também ouvirá do ex-presidente executivo da Cambridge Analytica, Alexander Nix, em 18 de abril, bem como Aleksandr Kogan, pesquisador associado ao escândalo, em 24 de abril.