O Ibovespa fechou em queda de cerca de 2% hoje (28), pressionado pelo tombo de mais de 20% das ações da Vale, maior recuo diário da história e equivalente a uma perda de mais de R$ 70 bilhões em valor de mercado, após o rompimento de uma barragem de mineração da companhia, que até o momento deixou 60 mortos.
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Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 2,29%, a 94.443,88 pontos.
Os papéis da mineradora desabaram 24,52%, maior queda diária da sua história, a R$ 42,38. O tombo representa uma perda de R$ 72,8 bilhões em valor de mercado. Analistas recomendaram cautela com as ações, dado o ambiente de incertezas em razão dos potenciais desdobramentos do desastre, mas vislumbravam efeito financeiro limitado. BRADESPAR PN, holding que tem papéis da Vale em sua carteira, fechou em queda de 24,49%.
O giro financeiro no pregão somou R$ 24,65 bilhões, com os papéis da mineradora respondendo pelo maior giro do dia, de R$ 8,15 bilhões. As ações da Vale também tiveram o maior volume de negócios desde a estreia na bolsa paulista.
Antes de as ações da mineradora começarem a ser negociadas (elas ficaram em leilão de abertura por mais de 20 minutos), o Ibovespa chegou a renovar recorde intradia, a 97.936,82 pontos.
“A bolsa reflete basicamente o desempenho da Vale. Excluindo o comportamento da ação, o Ibovespa operaria próximo da estabilidade”, destacou o gestor Igor Lima, sócio na Galt Capital, acrescentando que o declínio da mineradora superou as estimativas de queda de alguns agentes de mercado e gerou um aumento da aversão ao risco de forma geral.
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“Ao mesmo tempo, a reação do governo e outros agentes públicos ao acidente tem sido bem mais forte que o episódio da Samarco (dada a magnitude da tragédia humana). Essa reação traz bastante incerteza ao tamanho da punição financeira que atingirá a Vale, inclusive pela reincidência. Qualquer comparação com a multa/indenização do episódio da Samarco parece precipitada”, afirmou o gestor.
O desastre de Brumadinho ocorre pouco mais de três anos após uma barragem da Samarco (joint venture da Vale e da anglo-australiana BHP) se romper, em Mariana (MG), deixando 19 mortos, centenas de desabrigados e poluir o rio Doce por quilômetros, até o mar do Espírito Santo.