Líderes da União Europeia apoiaram por unanimidade um acordo para a separação do Reino Unido hoje (17), o que obrigará o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, a enfrentar uma batalha para conseguir o apoio do Parlamento de seu país para o pacto se quiser efetivar o rompimento no dia 31 de outubro.
Em declaração depois de os outros 27 líderes da UE endossarem o acordo sem Johnson no recinto, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, se disse satisfeito por um pacto ter sido acertado, mas triste de ver o Reino Unido ir embora.
“Tudo somado, estou feliz, aliviado que chegamos a um acordo”, disse. “Mas estou triste porque o Brexit está acontecendo.”
Estes sentimentos foram ecoados pelo negociador-chefe do bloco, Michel Barnier, e por Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu e opositor explícito do Brexit.
“Falando de forma mais pessoal, o que sinto hoje é tristeza”, disse Tusk aos repórteres. “Porque no meu coração sempre defenderei a permanência. E espero que, se nossos amigos britânicos decidirem voltar um dia, nossa porta sempre esteja aberta.”
Negociadores britânicos e da UE chegaram ao acordo após dias sucessivos de conversas até tarde da noite e quase três dias de discussões acaloradas que tensionaram os laços bilaterais.
Johnson disse estar confiante de que o Parlamento, que realizará uma sessão extraordinária no sábado para votar o acordo do Brexit, aprovará o pacto. “Quando meus colegas do Parlamento estudarem este acordo, irão querer votar por ele no sábado e nos dias seguintes”, disse ele aos repórteres.
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Mas a aritmética da votação não é simples. O Partido Unionista Democrático (DUP), sigla norte-irlandesa de que o premiê precisa para ratificar qualquer pacto, se recusou a apoiá-lo, dizendo que não serve aos interesses da Irlanda do Norte.
Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista, a principal sigla de oposição britânica, disse que está “insatisfeito” com o acordo e que votará contra ele. Os trabalhistas disseram querer que qualquer acordo seja submetido a uma votação pública, mas ainda não indicaram se endossarão qualquer iniciativa por um segundo referendo no sábado.
Johnson não tem maioria no Legislativo de 650 cadeiras, e na prática precisa de ao menos 318 votos para ratificar um pacto. O DUP tem 10 votos. O Parlamento rejeitou um acordo anterior firmado pela antecessora de Johnson, Theresa May, três vezes.
Os negociadores trabalharam freneticamente nesta semana para acertar o esboço de um meio-termo na questão da fronteira irlandesa, a parte mais difícil do Brexit, discutindo tudo, desde as verificações alfandegárias até o tema espinhoso do consentimento do governo da Irlanda do Norte.
A dificuldade é como evitar que a fronteira se torne uma porta dos fundos para o mercado comum da UE sem montar postos de verificação que poderiam minar o Acordo da Sexta-Feira Santa de 1998, que encerrou décadas de conflito na província.
O pacto manterá a Irlanda do Norte na zona alfandegária do bloco, mas as tarifas só serão aplicadas a bens que cruzarem do território continental do Reino Unido para a Irlanda do Norte se eles forem destinados à Irlanda e ao mercado comum da UE.
O entendimento descarta o “backstop”, um mecanismo contemplado anteriormente que foi concebido para evitar a adoção de uma divisa terrestre na ilha da Irlanda e que ataria o Reino Unido a certas regras da UE.
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