O dólar voltou a cair frente ao real hoje (25), chegando a novamente ceder abaixo do suporte psicológico de R$ 4, em um dia positivo para ativos de risco no exterior e com expectativas de melhora no fluxo cambial local.
Comentários da Petrobras de que tentaria minimizar impactos sobre o mercado de câmbio decorrentes de operações de antecipação de pagamentos de dívida externa também embalaram a queda do dólar, uma vez que a ação poderia reduzir o impacto do fluxo negativo gerado pelo pré-pagamento desses passivos.
Na semana, a moeda dos EUA acumulou a maior desvalorização desde o começo de fevereiro, conforme operadores viraram as atenções para a esperança de robustos ingressos de capital por ocasião dos leilões do pré-sal, marcados para o começo de novembro.
As áreas em oferta no leilão de 6 de novembro somam um bônus de assinatura total fixo de cerca de R$ 106,5 bilhões, que deverão ser pagos pelos vencedores do certame, tornando-se a maior rodada de licitações de petróleo da história, segundo as autoridades brasileiras.
As entradas desses recursos ajudariam a amenizar o saldo negativo do fluxo cambial, que em 12 meses até a parcial de outubro está em mais de US$ 30 bilhões. E também poderiam compensar saídas de dólares típicas de fim de ano, quando se aceleraram as remessas de lucros e dividendos por parte de empresas estrangeiras com filiais no Brasil.
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“O volume esperado para entrada de dólares é relevante a ponto de levar o mercado a se concentrar no potencial fluxo positivo mesmo com essas saídas (de recursos) já esperadas”, disse Bruno Marques, gestor dos fundos multimercados da XP Asset.
Diante desse quadro, o gestor disse que recentemente zerou posição comprada em dólar e passou a operar com aposta, ainda que “pequena”, de queda da moeda norte-americana contra o real.
O real foi beneficiado nesta semana também por sinais de melhora nas negociações comerciais entre Estados Unidos e China, antes da decisão de juros nos EUA (quarta-feira da semana que vem (30)), para a qual se espera novo corte de taxa.
Quanto menor a taxa de juros nos EUA, mais atrativos se tornam investimentos em países emergentes, como o Brasil.
Aqui, contudo, espera-se que o Banco Central também reduza a Selic – dos atuais 5,50% para 5,00%, o que seria uma nova mínima histórica.
Analistas do Morgan Stanley, contudo, dizem que o mercado já está precificando um Banco Central “dovish” (pró-queda de juros), o que, se confirmado, teria menor potencial de impactar negativamente a taxa de câmbio.
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“Continuamos otimistas com o real… depois da surpresa para cima na inflação (IPCA-15 acima do esperado) e da antecipação de fluxos decorrentes dos leilões de petróleo”, afirmaram profissionais do banco em nota.
O Morgan ainda espera dólar de R$ 4,05 ao fim deste ano, mas em queda a R$ 3,95 ao término de março de 2020 e a R$ 3,80 no fim do ano que vem.
O alívio do dólar nesta sessão foi amparado ainda pela sinalização do Banco Central de que continuará ofertando moeda no mercado à vista, atendendo demanda por liquidez nesse segmento.
Nesta sexta, o dólar à vista caiu 0,88%, a R$ 4,0094 na venda. É o menor valor para um fechamento desde 16 de agosto (R$ 4,0037 na venda).
Na mínima do dia, a cotação foi a R$ 3,9925 na venda, em queda de 1,30% – menor nível intradia desde 19 de agosto.
No acumulado da semana, o dólar à vista recuou 2,67%, maior queda para o período desde a semana encerrada em 1º de fevereiro (-2,91%).
Na B3, o contrato de dólar futuro de maior liquidez tinha baixa de 0,92% por volta de 17h54 desta sexta, a R$ 4,0050.
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