O modo pânico foi disparado novamente no mercado de câmbio brasileiro hoje (18), com o dólar acima da até então inédita marca de R$ 5,25, em meio ao colapso dos preços de quase todas as classes de ativos financeiros globais diante de um mundo praticamente travado por causa da guerra contra o coronavírus.
Nem mesmo a injeção pelo Banco Central de quase US$ 3 bilhões nesta quarta via leilões de dólar à vista e de linhas com compromisso de recompra impediu um dia de grande estresse no mercado de câmbio.
Evidência da percepção de menor liquidez, as taxas de cupom cambial (juro em dólar) dispararam, com a do primeiro vencimento saltando 78 pontos-base desde a mínima recente de 10 de março.
O fortalecimento do dólar é global. A busca desenfreada por liquidez catapultava a moeda a máximas em três anos contra uma cesta de divisas e nocauteava divisas de países exportadores de commodities, conforme a paralisia econômica minava a perspectiva para a demanda por matérias primas. À parte desse grupo, a libra esterlina desceu a mínimas não vistas desde meados de 1980.
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“As commodities e várias moedas de países emergentes estão caindo bastante. O governo e o BC erraram bastante ao desprezarem o primeiro movimento… Já o movimento recente é global, puxado por aversão a risco”, disse Sergio Goldenstein, sócio-gestor da Mauá Capital, em referência a comentários de autoridades do governo sobre o dólar alto ser “bom”.
Para ele, o BC precisa reforçar “significativamente” as atuações no câmbio, com “oferta de spot, swaps cambiais e linhas”. “Acumulamos reservas, um seguro, e, no momento do sinistro, com perda quase total, não a utilizamos porque não queremos perder o bônus 10 ou não queremos pagar a franquia?”, questionou.
O movimento do câmbio ocorreu em meio a expectativas de corte da Selic, com o anúncio da decisão de política monetária previsto para a partir de 18h desta quarta. “Cortar muito a Selic reduziria esse diferencial (de juros) e acirraria a desvalorização cambial”, disse Goldenstein.
No fechamento das operações no mercado à vista, às 17h, o dólar saltou 3,94%, a R$ 5,1993 na venda. É uma nova máxima recorde nominal para um encerramento. Durante os negócios, a cotação cravou R$ 5,2510 na venda (+4,97%). Em março, a moeda avança 16,03%. Em 2020, dispara 29,56%.
No mercado de dólar futuro da B3, em que os negócios se encerram às 18h, o contrato de primeiro vencimento tinha alta de 2,09%, a R$ 5,1160, após máxima de R$ 5,2575.
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