Varejistas brasileiras começaram a sentir o impacto da epidemia de coronavírus, conforme shopping centers fecham as portas e a população atende aos apelos de autoridades para ficar em casa, mas um segmento da indústria ainda pode se beneficiar da crise: o comércio eletrônico.
A Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) informou ontem (19) que deve em breve revisar a estimativa de faturamento em 2020, já que alguns sites têm registrado desde 12 de março alta de até 180% nas vendas, em especial de itens alimentares e farmacêuticos.
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Antes do coronavírus, a ABComm previa alta de 18% da receita do comércio eletrônico do país em 2020, a R$ 106 bilhões.
Com o número de casos confirmados subindo para 621 ante 193 na quarta-feira (18), os brasileiros estão restringindo hábitos de consumo a mercadorias essenciais encontradas especialmente em farmácias e supermercados, os chamados setores “defensivos”.
As ações da subsidiária local do grupo varejista francês Carrefour subiram mais de 12% em relação ao fechamento de sexta-feira da semana passada (13), superando o desempenho do rival GPA, cujos papéis caíram 1,6% no mesmo período.
Ainda assim, ambas vem tendo desempenho significativamente melhor que outras varejistas de bens duráveis como Via Varejo e Magazine Luiza, cujas ações desabaram mais de 47% e 27%, respectivamente, entre o fechamento do dia 13 de março e o de ontem.
“Eletrodoméstico, eletrônicos e vestuário são hábitos de compra que podem ser adiados, diferentemente de alimentos e remédios que são sempre necessários”, explicou a co-chefe de renda variável da Eleven Financial Research, Daniela Bretthauer.
Ela também observou que muitas das varejistas de eletrônicos e eletrodomésticos têm lojas dentro de shopping centers, que agora estão fechando as portas para cumprir as recomendações de autoridades para evitar a concentração de pessoas.
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Somente ontem, o fluxo de visitantes em shopping centers brasileiros desabou quase 50% em relação ao mesmo período do ano passado, conforme levantamento da FX Retail Analytics em parceria com a startup de finanças F360º e com a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC). Desde 14 de março, a queda acumulada beira 26% ano a ano.
Considerando lojas físicas de rua, a pesquisa aponta recuo superior a 22% no fluxo de visitantes entre 14 e 18 de março, em relação a igual intervalo de 2019.
Enquanto algumas varejistas são forçadas a suspender as atividades, outras estão tomando a iniciativa de fechar as lojas físicas para concentrar as operações no comércio eletrônico.
Uma delas é a Lojas Renner, maior varejista de moda do país, que ontem anunciou o fechamento de todas as lojas no Brasil, Argentina e Uruguai por tempo indeterminado a partir de 20 de março. A operação de comércio eletrônico da empresa seguirá funcionando no Brasil, com menos colaboradores.
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