Com o futebol europeu parado indefinidamente por causa da crise do coronavírus, alguns dos clubes de elite do mundo agora estão tentando controlar as consequências econômicas, pedindo às suas estrelas que aceitem cortes nos salários. Os jogadores do Barcelona rejeitaram uma proposta da equipe espanhola de cortar seus salários em 70%. O clube é avaliado em US$ 4 bilhões, o segundo mais valioso do futebol e o quarto mais valioso de todos os esportes.
Foi uma tentativa válida do time de Barcelona, que possui o elenco mais caro do mundo, com média de US$ 12 milhões por jogador, de acordo com o site de notícias Sporting Intelligence. Ter uma folha de pagamento desse calibre tem seu preço. Antes da pausa dos jogos, o gigante catalão já estava operando com uma perda de US$ 37 milhões e, dos seus US$ 858 milhões em despesas, US$ 600 milhões eram destinados aos salários dos jogadores.
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Lionel Messi, o mais bem pago do mundo, poderia optar pelo corte de salários e ainda estar entre os três principais atletas que mais faturam. Atualmente, ele ganha US$ 90 milhões por ano em salário e bônus parcialmente garantido antes dos impostos, graças a uma extensão do contrato que ele assinou em novembro de 2017 que o mantém no Camp Nou (estádio do Barcelona) até junho de 2021. Cortar o salário do argentino em 70% seria uma economia de cerca de US$ 50 milhões ao clube, o que cobriria mais do que sua perda operacional no ano passado.
Para efeitos de comparação, mesmo com esse corte, o salário de Messi ainda seria maior que o total de ganhos (salário, bônus e endossos) de todos os jogadores do mundo, exceto Cristiano Ronaldo e seu ex-companheiro de equipe Neymar, que defende o Paris Saint-Germain. Com o apoio de parceiros de longo prazo, Adidas e Pepsi, Messi ainda pode ganhar cerca de US$ 78 milhões por ano, em comparação com os US$ 127 milhões que ele fez dentro e fora do campo durante a temporada 2018-19.
Nesta semana, Messi doou US$ 1,1 milhão a dois hospitais que combatiam o coronavírus –um em sua cidade natal, Rosário, na Argentina, e outro em Barcelona, Espanha, o segundo país europeu mais impactado, agora sobrecarregado com casos de coronavírus.
Ronaldo também está enfrentando um corte em potencial. Seu clube, a Juventus, e as equipes italianas da Serie A estão discutindo até 30% de corte nos salários dos jogadores. O três vezes melhor jogador do mundo deve perder US$ 20 milhões em salários (antes dos impostos), deixando-o com um ganho estimado em US$ 46 milhões. Com mais US$ 45 milhões que ele fatura como outdoor ambulante, lançando produtos da Nike e sua linha de roupas íntimas, calçados e colônia CR7, ele ainda pode ganhar US$ 91 milhões anualmente e se tornar o terceiro atleta ativo a chegar na marca de US$ 1 bilhão em ganhos de carreira no final desta temporada.
Ronaldo e seu agente, Jorge Mendes, doaram US$ 1,8 milhão para ajudar os hospitais em seu país natal a atender às crescentes demandas de custo provocadas pelo coronavírus. Ao contrário dos relatórios anteriores, a Forbes confirmou com a representação de Ronaldo que o jogador, pai de quatro filhos, não comprou uma ilha onde sua família pudesse se isolar até que fosse seguro retornar à Itália devastada pelo novo vírus.
De acordo com o jornal francês “L’Equipe”, o clube de Neymar, o Paris Saint-Germain, ainda não tomou uma decisão sobre cortes de salário, mas outros clubes franceses da Ligue 1 estão em processo. Atualmente, o brasileiro é o terceiro jogador de futebol mais bem pago no mundo, faturando US$ 103 milhões no ano passado, incluindo US$ 75 milhões em salário e bônus.
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Os gigantes alemães da Bundesliga, Bayern de Munique e Borussia Dortmund, já implementaram cortes de salários como resultado do adiamento da liga. Jogadores e diretores do Bayern concordaram com um corte de 20% e jogadores do Dortmund com uma renúncia parcial não revelada, segundo a BBC.
A Forbes estima que o custo de perder o futebol europeu de primeira linha pelo resto da temporada, incluindo o restante da temporada regular, a lucrativa Liga dos Campeões e o torneio Euro 2020, pode custar mais de US$ 4 bilhões em receita de ingressos perdidos, direitos de transmissão, patrocínios e mercadorias.
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