Resumo:
- A inspiração para o negócio de Caleb Carr se deu quando ele tinha 15 anos, ao presenciar a morte de seu instrutor na montanha Larch Mountain, em Oregon, por conta de ventos fortes que balançaram a cesta de resgate de um helicóptero Blackhawk e impediram o transporte aéreo;
- Após muitos estudos, Carr e o cofundador Derek Sikora descobriram uma solução para dar aos pilotos maior controle e neutralizar movimentos violentos;
- Hoje, a Vita Inclinata, com sede no Colorado, levantou US$ 10,7 milhões a partir de investidores;
- O sucesso de Vita Inclinata proporcionou a Carr e Sikora, ambos com 25 anos, um lugar na lista Forbes 30 Under 30 deste ano, na categoria Manufatura e Indústria.
Aos 15 anos, Caleb Carr estava treinando como pesquisador e socorrista voluntário em Larch Mountain, no norte do Oregon, quando seu instrutor desmaiou de um aparente ataque cardíaco. Um helicóptero Blackhawk chegou para transportar o homem ferido para o hospital, mas ventos fortes balançaram a cesta de resgate com muita força para atravessar a densa cobertura arbórea e fazer um transporte aéreo. O instrutor morreu na montanha, e Carr nunca se esqueceu do acidente.
Enquanto ainda estava na faculdade, ele passou horas fora da sala de aula explorando maneiras de tornar os sistemas de elevação de helicópteros (usados para tudo, desde resgates de emergência a entregas de suprimentos) mais estáveis. Eventualmente, ele e o cofundador Derek Sikora descobriram uma correção nos ventiladores de alta potência e sensores de movimento que se ligam ao fundo de qualquer guincho de helicóptero para dar aos pilotos maior controle e neutralizar movimentos violentos causados pelo clima ou por erros humanos.
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Hoje, sua empresa com sede em Broomfield, no Colorado, a Vita Inclinata (nome em latim para “vida em movimento”), levantou US$ 10,7 milhões a partir de investidores, incluindo a gigante japonesa Kanematsu, e diz que está fechando US$ 150 milhões em contratos com alguns fornecedores militares globais. O sucesso da Vita Inclinata proporcionou a Carr e Sikora, ambos com 25 anos, um lugar na lista Forbes 30 Under 30 deste ano, na categoria Manufatura e Indústria. “Adoro o que fazemos”, diz Carr, CEO da empresa. “Em busca e salvamento, aprendi rapidamente que você pode morrer amanhã, então o que você está fazendo hoje?”
Carr, que gosta de falar sobre a missão da empresa de salvar vidas, parece surpreso ao se ver dirigindo um negócio. Filho de imigrantes da Nova Zelândia que se estabeleceram no noroeste do Pacífico, ele começou a fazer trabalhos voluntários de busca e salvamento e combate a incêndios quando era adolescente, em Portland. “Eu queria pular de helicópteros ou ser astronauta”, diz o empresário de 1,83 metros. “Eu era alto demais para ser piloto de caça”.
Mas quando Carr começou a faculdade, ele conversou com o professor de física, Randall Tagg, sobre como foi ver seu amigo morrer na montanha, e ele disse essencialmente: “Por que você não conserta?”. O empresário estava estudando biofísica com planos de cursar medicina, e ele tinha apenas 18 anos, mas ele era uma pessoa muito sociável e logo montou uma equipe de estudantes para aprender sobre sistemas de sensores e motores e encontrar uma solução. “Ele simplesmente decolou como um louco”, diz Tagg. O time de pesquisadores de calouros não apenas seguiu o estudo por conta própria, mas Carr – para surpresa de Tagg – também havia marcado uma reunião no Centro de Pesquisa Ames, da NASA, para aprender mais com os especialistas.
A equipe do estudioso criou um sistema ferroviário que poderia ser colocado na lateral de um helicóptero para atenuar seu balanço e também tentaram manipular o sistema flutuante. “Ambas as ideias eram absolutamente estúpidas”, diz ele hoje. “A falta de experiência em engenharia do grupo foi um obstáculo”. Em março de 2016, Carr apresentou a solução ferroviária para três competições de negócios e perdeu todas. Mas ele continuou tentando.
Ele também realizou uma campanha de relações públicas e lobby em nome dos estudantes fundadores, quando percebeu que a política de transferência de tecnologia da Universidade do Colorado permite a reivindicação tanto da equidade nos negócios quanto dos royalties. A política de propriedade intelectual da universidade, escrita em dez páginas, é ambígua, de modo a permitir até 100% de posse e 75% das receitas, com determinadas entradas para os estudantes. A universidade diz que “nunca afirmou poder sobre as invenções ou propriedade intelectual de Carr e não o teria feito de acordo com a política da universidade, que protege os direitos dos criadores de estudantes”.
O negócio não começou a realmente tomar forma até Carr conhecer Sikora, que estava terminando a faculdade e trabalhando como engenheiro mecatrônico na Pathfinder Systems, que fornece engenharia de software e sistemas para as forças armadas e a indústria. Sikora se inscreveu na Universidade do Colorado para se tornar um estagiário não remunerado na Vita, no final de 2015. Embora tivesse a mesma idade de Carr, ele tinha um profundo conhecimento técnico, visto trabalhou com helicópteros militares na Pathfinder durante a faculdade e sua família fundou a empreiteira militar Progeny Systems, com sede em Manassas, Virgínia.
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Em meses, Carr reorganizou a empresa para tornar Sikora Vita o cofundador e diretor de tecnologia (eles possuem participações iguais nos negócios). “Pela entrevista que foi feita comigo, percebi que eles não sabiam o que estavam procurando”, diz Sikora. “Apenas procuravam alguém que pudesse ajudá-los.”
O parceiro fez a tecnologia da Vita dar um salto a partir de um trabalho intenso com alguns outros engenheiros em sua garagem em Denver, que durava até de madrugada e nos fins de semana, e era acompanhado apenas por café do Starbucks e adrenalina. “Esses foram os melhores tempos”, lembra ele. “Havia espaço para um automóvel, então, era um local pequeno. Eu levava meu carro para a rua, e quando nevava, eu precisava limpá-lo e colocá-lo de volta na garagem às 3h. Que alegria. ”
Por conta de seu trabalho com as forças armadas anteriormente, Sikora sabia que qualquer solução teria de ser como um clipe ou acessório de fácil aplicação, para que não ficasse atolada na burocracia plurianual de tentar projetar novamente um helicóptero Blackhawk. Ele também acreditava que o sistema ferroviário nunca funcionaria por tornar o helicóptero muito maior e mais pesado, de modo a deixá-lo propenso a instabilidade e possíveis acidentes. Ao invés disso, ele começou a pensar em como os ventiladores podem produzir impulso e, enquanto viajava em aviões, olhava pela janela as turbinas dos jatos e desenhava esboços em guardanapos. “O sistema de estabilidade de carga é um processo que começa do zero”, diz ele. “O algoritmo em si é muito complicado de resolver, porque basicamente demanda localizar dois pontos no espaço, que se relacionam, sem saber onde o outro está.”
Ao longo de 2018, Sikora e sua equipe de tecnologia tentaram construir o novo dispositivo, enquanto Carr os pressionou para ir mais rápido. Eles nem estavam recebendo um salário da Vita, que era mais uma ideia do que negócios até pouco mais de um ano atrás. “Passamos todo o ano de 2018 tentando construir um dispositivo de US$ 10 mil com ventiladores chineses e plástico. Era uma caixa preta com aparelhos mecânicos vermelhos”, diz Carr. Esse esforço valeu a pena.
No meio do ano passado, eles levaram o dispositivo ao EAA AirVenture Oshkosh, um encontro de 600 mil entusiastas da aviação. Em novembro, completaram seu primeiro voo bem-sucedido com um protótipo do sistema de estabilidade de carga em um helicóptero leve Robinson R44 de quatro lugares.
A grande chance da Vita veio no fim de 2018, quando foi aceita no programa Air Force Accelerator (acelerador da força aérea, em tradução livre) desenvolvido pela Techstars e recebeu cerca de US$ 50 mil do braço de inovação da Força Aérea, AFWERX. Com o selo de aprovação militar, a Vita logo fechou US$ 6,3 milhões em contratos do Departamento de Defesa e conseguiu iniciar negociações com fornecedores militares e outras empresas.
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Com US$ 150 milhões em contratos pendentes, Vita – e Carr e Sikora – é uma grande história de sucesso para o programa AFWERX (desenvolvido na Força Aérea dos Estados Unidos com o objetivo de promover uma cultura de inovação dentro do serviço) e suas esperanças de ajudar os empresários a superar a burocracia militar. “Eles estão tão à frente que seriam necessários mais cinco anos para alcançá-los”, diz Warren Katz, diretor-gerente do Air Force Accelerator, da Techstars. “Eles são uma das minhas estrelas absolutas.”
Carr e Sikora agora têm como objetivo negociar acordos com clientes que operam plataformas de petróleo, guindastes de construção entre outros que apresentam risco. Enquanto o protótipo original da Vita poderia estabilizar uma carga de até 68 kg, o sistema existente da empresa trabalha até 4.536 kg, e uma versão mais recente projetada para guindastes pode controlar 9.071,8kg. Katz, da Techstars, estima que o mercado comercial mais amplo poderia ser de US$ 25 bilhões ou mais, de modo a permitir que a Vita se torne um negócio de sucesso, mesmo que apenas pegue uma pequena fatia do valor.
Com 22 funcionários e uma empresa pronta para ir além de suas aplicações militares originais, Carr calcula que 2020 será o ano da inovação. “Tem sido”, diz ele, “absolutamente maluco”.
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