Há mais de um ano, Cristina Palmaka, 52, está trabalhando de casa – e para o mundo. “Estava com meu time do México, daqui a pouco eu tenho uma reunião na Argentina, depois vou para o Chile”, diz a presidente da SAP América Latina e Caribe. A brasileira assumiu o comando da região durante a pandemia, em julho de 2020 – antes, já presidia a divisão do Brasil da multinacional alemã de softwares.
Se o trabalho remoto prejudicou o contato mais pessoal com as equipes, também trouxe produtividade para a rotina da executiva. “Seriam coisas impossíveis de fazer no mesmo dia [presencialmente].” Entre as atividades profissionais, Cristina insere seus prazeres pessoais. “Tenho um horário muito flexível”, diz. “Às vezes, começo falando com meu chefe que está na Austrália, às vezes, vou até tarde com o México. Semana passada, por exemplo, eu comecei às 7h, parei, fui correr, voltei e continuei o dia.” A hora de iniciar e terminar varia, mas a jornada sempre acaba do mesmo jeito: “Qualquer que seja o horário, quando fecho meu notebook, eu brinco: ‘Cheguei em casa’. Sou uma pessoa de rituais”.
Em casa estão também o marido e a filha adolescente. E é também por causa deles que Cristina acha importante criar essa separação entre casa e escritório – ainda que o escritório esteja na varanda e que, depois de fechado o computador, ela resolva algumas coisas pelo celular. E ainda que de vez em quando a filha entre no ambiente do escritório para ler ao lado da mãe. A leitura de romances, aliás, é um hábito que Cristina retomou na pandemia; a meditação é um que ela iniciou durante o isolamento.
O distanciamento social é recente, mas a flexibilidade – de horários e locais de trabalho – vem de longe. “Já trabalhei de hotel, do carro, do aeroporto, uma vez já trabalhei do clube, porque não tinha quem levasse minha filha à aula de natação”, diz. “As empresas de tecnologia são mais abertas. Isso tem um valor enorme.”
Cristina diz que não vê problema em trabalhar muitas horas, “contanto que não seja sempre”. E que é fundamental dedicar tempo para o que considera prioritário. “Divido a minha agenda a partir dos itens não negociáveis – às vezes são de trabalho, às vezes são pessoais – e vou adequando meus horários para o resto dos compromissos”, diz. “Faço isso sem precisar esconder. Não preciso disfarçar ou me sentir culpada. Meu exemplo é talvez uma inspiração para o pessoal se policiar e evitar entrar em uma paranoia de que só o trabalho é necessário e que você tem que estar sempre conectado.”
Quais são os compromissos pessoais não negociáveis? “Alguns marcos: sempre tentei ir ao primeiro dia de aula da minha filha – hoje, com 15 anos, tudo o que ela não quer é que eu a leve. E também alguma reunião de família, uma apresentação escolar, uma situação delicada de saúde… Às vezes são planejados, às vezes não.” Nem sempre são momentos grandiosos, mas são igualmente importantes. “Quando minha filha era mais nova, eu revezava com meu marido quem ia revisar a lição de casa com ela.”
Cristina também ajusta a agenda para encaixar seus treinos de corrida três vezes por semana (ou quatro, quando está se preparando para uma maratona). “Algumas semanas não dá certo. Sem culpa. Correr faz parte do meu equilíbrio, do meu bem-estar. Falo que é minha terapia. E é muito importante isso para estar bem quando toco a minha semana.”
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