Pela primeira vez, a delegação brasileira em uma Olimpíada terá maioria feminina. Nos Jogos de Paris deste ano, 277 atletas brasileiras vão competir, sendo 153 mulheres, ou 55% do total.
Em Tóquio, em 2021, as atletas representavam 47% da delegação brasileira. O aumento da proporção feminina está relacionado a esforços do COB (Comitê Olímpico do Brasil (COB) e das Confederações Brasileiras de modalidades olímpicas desde os Jogos do Rio 2016.
A edição histórica também marca a primeira Olimpíada com paridade de gênero entre os participantes. Metade dos mais de 10 mil atletas classificados são mulheres.
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História das mulheres nas Olimpíadas
O crescimento da participação feminina nas Olimpíadas tem sido uma construção lenta e constante. Em 1964, as mulheres representavam apenas 13% dos atletas, a participação cresceu para 23% em 1984, 44% em 2012 e 48% em 2020.
Em 1900, quando Paris sediou os Jogos pela primeira vez, havia apenas 22 atletas mulheres (2,2% do total) e elas participaram de apenas dois esportes: tênis e golfe.
Este ano, em Paris, haverá 329 eventos de medalhas, 152 deles serão para mulheres e 20 serão de gênero misto. Além disso, 28 dos 32 esportes serão totalmente equilibrados em termos de gênero.
Na equipe dos EUA, as mulheres representarão 314 (53%) dos 592 atletas competindo em Paris. Nos últimos tempos, as atletas femininas dos EUA, apesar de competirem em menos eventos, ganharam mais medalhas do que os homens.
Ao ganharem um recorde de 66 medalhas durante as Olimpíadas de Tóquio, se representassem uma nação soberana, a equipe feminina dos EUA teria ficado em quarto lugar no quadro de medalhas (atrás dos Estados Unidos, China e Rússia).
Popularidade dos esportes femininos
O crescimento contínuo da popularidade dos esportes femininos está entre as principais notícias esportivas de 2024. As audiências e a presença em eventos têm aumentado, resultando em maiores taxas de direitos de mídia e avaliações.
Os anunciantes estão prestando atenção nesse boom. Em março, o GroupM da WPP, uma das maiores empresas globais de mídia, anunciou um compromisso de dobrar a quantidade de investimento publicitário destinado aos esportes femininos. Os clientes do GroupM incluem Google, Mars e Unilever, entre outros.
As Olimpíadas também estão melhorando a cobertura dos eventos femininos. O COI (Comitê Olímpico Internacional) está organizando uma cobertura igual em horário nobre para eventos masculinos e femininos. Também pediu que na Cerimônia de Abertura cada nação tenha pelo menos uma atleta e um atleta como porta-bandeiras.
Além disso, pela primeira vez, o evento final das Olimpíadas será a maratona feminina, em vez da tradicional maratona masculina. “Os Jogos Olímpicos são uma ocasião rara em que as atletas podem ganhar as manchetes tanto quanto seus colegas homens”, afirmou Nawal El Moutawakel, ex-atleta, campeã olímpica marroquina e membro do COI, em uma declaração escrita.
À medida que as mulheres continuam a ganhar mais medalhas e mais cobertura, a rede de televisão americana NBC tem visto um aumento no número de telespectadoras. As Olimpíadas e a corrida de cavalos Kentucky Derby são os únicos dois eventos esportivos de destaque que atraem consistentemente mais telespectadoras do que telespectadores.
“Na NBCUniversal, sempre abordamos a transmissão dos Jogos Olímpicos como a exibição dos maiores atletas do mundo, independentemente do gênero”, disse Mark Marshall, presidente de publicidade global e parcerias da NBCUniversal. “Publicidade em torno de conteúdo feminino tem sido um dos principais pedidos que recebemos nesses Jogos, e vamos dedicar mais da metade da nossa cobertura em horário nobre aos esportes femininos durante o maior evento ao vivo do ano.”
Poder publicitário das mulheres nos esportes
Para os Jogos de Paris, há relatos de que a NBCU poderia arrecadar mais de US$ 1,4 bilhão em publicidade. Estima-se que US$ 400 milhões venham de anunciantes olímpicos de primeira viagem, incluindo esportes femininos.
Executivos enxergam uma enorme oportunidade de marketing em direcionar seus esforços às mulheres nas Olimpíadas de Paris e além. “A ascensão dos esportes femininos está criando uma mudança sísmica no cenário de marketing, oferecendo oportunidades sem precedentes para as marcas elevarem sua visibilidade e se conectarem com públicos engajados”, afirma Jenny Wall, diretora de marketing da VideoAmp, empresa de tecnologia especializada em publicidade de vídeo e análise de dados.
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No entanto, ela observa que 90% dos patrocínios ainda são direcionados para os esportes masculinos, apesar de terem 50% menos engajamento do que seus equivalentes femininos. “Como as Olimpíadas de 2024 finalmente alcançaram a igualdade de gênero, é hora de as marcas fazerem o mesmo. Investir nos esportes femininos não é apenas um bom negócio – é um grande negócio.”
“Há uma nova geração de fãs de esportes – elas são jovens, são mulheres e estão mais engajadas e sintonizadas do que nunca, não apenas com os jogos, mas também com as próprias atletas”, diz Jenn Chen, CRO e presidente da empresa de tecnologia de vídeo Connatix.