A Via Varejo está apostando na ampliação de um projeto de abertura de lojas voltadas para consumidores de alta renda, buscando capturar uma fatia do mercado que está migrando para o comércio eletrônico e driblar o ambiente de crise econômica que atinge mais fortemente as vendas de bens de consumo duráveis.
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A Via Varejo, maior rede de varejo de eletrodomésticos e móveis do país, ampliou de 36 para 51 o número de lojas “premium” abertas no país entre março e julho, com potencial para dobrar esse número nos próximos meses e rivalizando com redes que já atuam no segmento, como a Fast Shop.
A expansão dos pontos abertos ocorreu depois que a companhia registrou incrementos no indicador de vendas nas lojas da categoria premium de quase 32% no segundo trimestre, disse Thiago Pasqua, diretor de operações das lojas do segmento.
“Nosso negócio é muito commodity, preço quem dá é o cliente e ele sabe o preço na Internet… O que fizemos foi mais uma lição de casa sobre os locais onde estávamos, mas sem estrutura adequada de atendimento”, disse o executivo. Ele citou como diferenciais das lojas premium espaços onde o cliente pode interagir com produtos em ambientes decorados e produtos de valor médio mais alto, como notebooks voltados a jogadores de videogames.
Evitando citar números precisos, Pasqua afirmou que o tíquete médio das lojas premium da rede é cerca de 40% mais alto do que nas lojas comuns da Via Varejo, que tem uma base de cerca 970 pontos de vendas no Brasil todo.
A Via Varejo, que foi colocada à venda pelo controlador GPA, vem desde 2016 passando por um processo de reestruturação, integrando centros de distribuição com sua operação de comércio eletrônico.
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No primeiro trimestre, a rede teve um crescimento de 2,5% nas vendas mesmas lojas após uma queda de quase 12% no mesmo período do ano anterior. Já no segundo trimestre, as vendas mesmas lojas subiram 10,8% ante alta de 2,6% na comparação com os meses de abril a junho de 2016.
Segundo Pasqua, o investimento nas lojas premium não é significativamente maior do que de outros pontos tradicionais da rede. Algumas das lojas premium, inclusive, eram pontos tradicionais com performance de vendas mais fracas.
“Eram lojas que tinham resultados piores que as outras, mas estavam posicionadas para jogar um jogo diferente. Estamos adequando as lojas para o público correto”, afirmou o executivo.
“Tem espaço sim para expandir (o modelo premium). Ainda temos algumas lojas para incorporar e tem muito shopping center em que ainda não estamos posicionados e em que poderíamos estar”, acrescentou, estimando que o Brasil poderia abrigar 100 lojas do segmento premium da Via Varejo. Como comparação, a Fast Shop, tem cerca 90 lojas no país.
Das 51 lojas da Via Varejo no segmento premium, 38 são da bandeira Pontofrio e o restante da Casas Bahia. A Região Sudeste tem um total de 32 pontos no segmento; seguido pelo Sul com oito unidades, Nordeste com sete e Centro-Oeste com quatro. Segundo Pasqua, a rede pretende expandir o segmento em todas as regiões em que as bandeiras já atuam.
Via Varejo tem prejuízo líquido de R$ 45 mi no 2º tri
A Via Varejo teve prejuízo líquido de R$ 45 milhões no segundo trimestre, ante resultado líquido negativo de R$ 350 milhões no mesmo período do ano passado.
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Excluindo o impacto do termo de acordo celebrado com o GPA e a família Klein, a varejista teve lucro líquido ajustado de R$ 19 milhões no trimestre encerrado em junho deste ano.
A companhia, que detém as bandeiras Pontofrio e Casas Bahia, ainda apurou lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de R$ 190 milhões de abril a junho, alta de 117% na comparação anual.