A impressão 3D tem sido apontada como a nova revolução industrial, com potencial para uma inovação gigantesca em termos de modelos de negócio e padrões de consumo. A tecnologia é parte da quarta revolução industrial, caracterizada por uma variedade de novidades que fazem uma fusão dos mundos físico, digital e biológico, impactando todas as indústrias, incluindo a moda de luxo.
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Os avanços na ciência material, design digital e capacidades de produção sob demanda, especificamente, impulsionaram o desenvolvimento da impressão 3D. Há três tecnologias principais responsáveis por esse tipo de impressão. A mais comum é a FDM (Fused Deposition Modeling), que produz modelos conceituais, protótipos funcionais e peças para uso final em termoplásticos a partir da deposição fundida, em que um bocal deposita camadas de filamentos derretidos a, aproximadamente, 200 graus Celsius.
Seria a impressão 3D uma mudança que está afetando a indústria de moda de luxo da mesma forma que o comércio online afetou as lojas físicas? Quais são os desafios que representa para a alta costura? Quais são as limitações? E como que o negócio do luxo pode capitalizar esse potencial?
Desafios para a indústria do luxo
O maior desafio que a impressão 3D representa para o negócio do luxo é, provavelmente, a infração e contrafação da propriedade intelectual. A moda neste segmento, em específico, é altamente dependente da propriedade intelectual para proteger ideias e designs criativos, marcas registradas e patentes. Sem essa proteção, a criatividade e a inovação seriam afetadas, reduzindo o valor da marca e a lealdade dos consumidores à insignificância.
É provável que a impressão 3D contribua, ainda, para a piora no cenário da importação global de produtos falsificados, avaliado atualmente em US$ 500 bilhões por ano, graças ao surgimento de impressoras mais baratas, capazes de desenvolver materiais e designs específicos para itens como bolsas, vestuário e jóias. Medidas preventivas, como microchips colocados nos produtos originais, seriam uma alternativa possível, mas a falsificação continuará a ser um problema enquanto houver demanda do mercado.
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A impressão 3D também é uma ameaça ao atual modelo de varejo de luxo. Com consumidores capazes de ter um papel mais ativo na escolha dos designs e da criação dos produtos, algumas características do setor – como as cadeias de produção de alta qualidade, o varejo em múltiplos canais e experiências exclusivas das lojas – estão sendo questionadas. As grifes de luxo estão correndo o risco de perder parte significativa do mercado consumidor se esses aspectos do negócio forem reduzidos.
As limitações da impressão 3D
O impacto da impressão 3D no negócio do luxo não foi uniforme. A tecnologia é mais adequada para materiais duros do que macios, e formas geométricas em vez de orgânicas. No momento, as impressões funcionam melhor para acessórios, como jóias, óculos e relógios. Até mesmo no caso de um estúdio de impressão 3D de jóias, como do VOJD Studios, em Berlim, que trabalha de acordo com as preferências de Alexander McQueen e LOEWE, a finalização de produtos 3D implica na contratação de serviço manual e artesanato tradicional.
Já a impressão 3D em casa, apesar de ser conveniente, é limitada quando se trata de artigos de luxo. Apesar dos produtos impressos em 3D serem incríveis, eles ainda não superam a experiência de comprar um artigo de luxo na loja e a oportunidade de ser parte da filosofia da marca ou de apreciar sua fina confecção.
A evolução da impressão de materiais para tecidos em 3D tem sido lenta e permeada por um conflito entre rigidez, robustez e conforto. Devido à sobreposição de camadas de plástico derretido, um tecido impresso em 3D não se comporta da mesma forma que um tecido têxtil na adaptação à forma do corpo. Atualmente, é improvável que a impressão 3D de tecidos afete profundamente o segmento de moda de luxo, que tem uma projeção de crescimento de US$ 1,8 bilhão para US$ 60,7 bilhões até 2024.
Evolução da tapeçaria de moda
Tudo isso não significa que a impressão 3D deva ser esquecida. Uma das marcas que conseguiu aderir à tendência é Danit Peleg, uma empresa israelense que ganhou muitos seguidores graças aos seus designs wearable (usáveis). Na Ásia, o envolvimento da designer malaia Melina Looi no primeiro desfile de moda com impressão 3D pode ser o início de uma nova onda na moda da região.
Em vez de se enganar com o exagero da tendência ou de ignorá-la, investidores da indústria do luxo devem aderir à tecnologia como parte da evolução da tapeçaria de moda que os permite inovar com novos materiais e designs, e a criação de conceitos e processos para cativar gostos sofisticados. Marcas de luxo podem usar a habilidade da impressão 3D de customizar produtos para atrair clientes que procuram expressar sua individualidade.
Investidores da indústria também imaginam a tendência de técnicas híbridas, nas quais a tecnologia de impressão 3D é usada junto com métodos tradicionais de produzir criações que refletem o melhor dos dois mundos. Nesse mercado competitivo, é melhor que a introdução de impressões 3D seja gradual do que repentina. Dessa forma, as marcas de luxo têm a oportunidade de moldar a tecnologia de acordo com os próprios interesses.
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