A cadeia de leite orgânico está se mobilizando para conseguir atender ao crescimento de demanda do mercado brasileiro. De acordo com Rodrigo Villalba, gerente de produtos do Neovia, o segmento de orgânicos cresceu mais de 20% no ano passado, o que animou os produtores de insumos. O Neovia é um grupo francês do ramo de soluções nutricionais para animais que representa mais de 200 cooperativas que se uniram para fundar a empresa. No Brasil, o grupo tem 13 fábricas, um laboratório e dois centros de pesquisa.
VEJA TAMBÉM: 50 melhores empresas de agronegócio do Brasil
Villalba esteve no primeiro módulo do curso de Pecuária Leiteira Orgânica articulado pela Secretaria de Inovação e Negócios da Embrapa e realizado pela Embrapa Pecuária Sudeste e Fazenda Nata da Serra em junho, em Serra Negra (SP). Nos próximos dias 27 e 28 de julho, o segundo módulo será em São Carlos, na fazenda Canchim, onde está instalado o centro de pesquisa. Com essa iniciativa de capacitação do setor, a Embrapa fomenta um mercado promissor. De acordo com o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), o Brasil tem 17.167 unidades produtivas orgânicas cadastradas, número que aumentou cerca de 20% do ano passado.
De acordo com Villalba, o grupo Neovia vem sendo demandado por clientes interessados em converter a produção. “Eles entram em contato pelo SAC – Serviço de Atendimento ao Cliente – perguntando se a gente tem produtos orgânicos para oferecer para vacas de leite ou para bois”, disse.
Em São Paulo, mais especificamente na fábrica de Descalvado, a empresa tem sentido essa forte demanda. “Alguns clientes que usam ração do nosso grupo da Socil vem pedindo esse tipo de produto. Estão no escopo da companhia os produtos orgânicos certificados para este ano ainda. Essa procura começou em São Paulo, mas está se estendendo e já temos demanda de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e, há pouco tempo, também do Paraná”, afirmou Villalba.
De acordo com ele, o mercado de orgânicos é muito coeso e está atraindo grandes empresas. “Isso faz com que a cadeia toda se movimente. Se uma empresa quer vender um produto orgânico na gôndola do mercado, isso demanda que se produza leite, que se compre ração, que se plante milho e soja orgânica. Ao que tudo indica, essa cadeia começou a se movimentar de forma muito forte.”
Atualmente, segundo o gerente, o Brasil ainda não está preparado para suprir essa cadeia. “Quando a gente fala em produzir a gente está falando de muitas toneladas e isso não é possível. Felizmente, as pessoas que estão dispostas a vender e estão produzindo pensam em dobrar em três ou quatro anos. É uma questão de tempo”, comentou.
LEIA: Empreendedores e figuras conhecidas impulsionam mercado de orgânicos no Brasil
Anderson Alves, gerente do escritório de Campinas da Secretaria de Inovação e Negócios da Embrapa, disse que, embora o mercado de orgânicos esteja em expansão, ainda existe muita desinformação por parte de consumidores e produtores. “A ideia do curso é capacitar técnicos, multiplicadores e produtores para que tenham uma produção orgânica que utilize soluções tecnológicas avançadas e permitam um aumento de produtividade. Vamos repassar o processo de produção de leite orgânico que a Embrapa desenvolveu”, afirmou.