Na sequência de uma carreira em vendas de produtos farmacêuticos, Ted Naylon começou um negócio na área de cosméticos, mas percebeu que precisava de uma pausa, por estar cansado de trabalhar 15 horas por dia. Ansioso por uma oportunidade em que não se sobrecarregasse ou tivesse de se preocupar com problemas com funcionários, o empresário consultou seu contador, que o aconselhou a vender seu empreendimento. Naylon acatou o conselho.
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Logo após a venda, ele comprou uma loja online que comercializava o HardMojo, um suplemento de ervas para homens. Essa decisão o levaria a se tornar fornecedor de um produto intrigante, que Naylon espera ser a resposta da indústria de cannabis para o Viagra e para o Cialis.
O jovem de 45 anos, de Rochester, New York, diz que teve a ideia do CannaMojo, que ele afirma ser a “primeira pílula para estímulo masculino infundida com THC no mercado”, depois de tomar HardMojo por um tempo e “amar seus efeitos”. O THC é um ingrediente ativo da maconha.
“Pensei o que aconteceria se pegassemos um pouco do destilado de THC e o colocássemos no HardMojo”, explica. “Testei e funcionou muito bem.” Nascia assim o primeiro produto da Revered em forma de pílula. Fundada em 2014, a empresa é controladora do CannaMojo e vende apenas produtos à base de cannabis em Chicago (EUA).
Naylon diz acreditar que o CannaMojo não apenas aumenta a virilidade masculina, mas também pode dar aos usuários uma sensação de euforia. Mas como isso é possível se o THC é um relaxante?
“A substância também é afrodisíaca”, diz ele. “Juntamente ao ‘mojo’, aumenta tanto o desejo quanto os efeitos físicos.” O produto não foi testado em mulheres.
O empresário, no entanto, não tem como garantir se sua pílula funciona da mesma maneira que o Viagra. Naylon não oferece nenhuma evidência além de sua experiência e dos elogios de seus amigos que testaram o produto antes do lançamento.
O CannaMojo está no mercado norte-americano desde o último dia 10. Naylon diz que a operação para o lançamento do produto saiu por US$ 10.000, um custo inicial, não o valor do negócio, já que o valor não inclui o marketing, área em que Naylon afirma ter investido bem mais, apesar de não abrir números. Segundo ele, não há investidores externos, toda a operação é autofinanciada.
Tendo em mente que a impotência é um problema generalizado para os homens, Naylon diz estar esperançoso sobre as possibilidades do CannaMojo. “Vendemos nosso lote inicial no primeiro dia”, afirma, ao observar que a produção aumentou e que a Revered, da qual é CEO, passou a vender as pílulas para instituições beneficentes no Colorado. Uma caixa de cinco comprimidos do CannaMojo é comercializada por preços entre U$ 40 e US$ 50. Cada pílula tem 10 miligramas.
Até agora, o CannaMojo foi tema de várias revistas sobre maconha no Colorado, incluindo um artigo no Leafly, um popular site sobre cannabis.
Naylon diz que a Revered tem trabalhado com cerca de 150 instituições no Colorado, que vendem um produto da empresa, a AeroInhaler, uma resina de cannabis.
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Embora o tamanho de sua equipe seja reduzida, o empresário diz que está aumentando sua força de vendas de dois para oito representantes, uma expansão que ele diz acreditar ser essencial para seu negócio. “Esperamos que o CannaMojo esteja em todas as lojas para as quais atualmente já vendemos, além de outros 100 a 200 pontos de venda que não fazem parte das nossas parcerias ainda.”
Mesmo otimista, Naylon sabe que dificilmente está imune aos problemas que assolam os empresários do ramo de cannabis. Embora a Revered atue de forma legal no Colorado, todos os seus produtos devem passar por testes mais rigorosos que o FDA [Food and Truck Administration]”.
Também são desafiadoras as regras de conformidade, que determinam que todas as operações de cannabis devem redesenhar e encomendar novas embalagens, o que custa dinheiro.
Também há o problema da tributação. “Somos tributados em uma taxa alta e não podemos obter isenções fiscais que uma pequena empresa normalmente teria”, diz Naylon. Há mais: todos os funcionários da Revered devem obter uma certificação para trabalhar na instalação. “Isso tem um custo e atrasa o processo de contratação”, continua.
O CannaMojo também não pode ser vendido on-line devido à impossibilidade de vender o produto para fora de sua base de operações no Colorado. Não é surpresa que Naylon diga que a Revered explora oportunidades de licenciamento em outros Estados. O empresário diz que gostaria de ver o CannaMojo “nas prateleiras de todo o país em cinco anos”.
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No momento, porém, suas esperanças de curto prazo são realistas, se não chocantemente pequenas. “Gostaríamos de vender US$ 40.000 em CannaMojo até o final do ano”, diz. Essa é uma quantia minúscula quando comparada ao negócio inicial do Viagra. Lançado pela gigante farmacêutica Pfizer, em 1998, o remédio atingiu US$ 1 bilhão em vendas no primeiro ano.
“Eu gostaria que minha empresa fosse um nome respeitado no setor, com a reputação de apresentar produtos exclusivos e inovadores”, conclui Naylon.