Um dos aspectos mais surpreendentes no universo do empreendedorismo é como novos termos entram em voga para descrever certos negócios, características ou estratégias, mesmo que com sentido menos literal do que costumava ser usado.
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Alguns exemplos destes termos:
Pioneiro: embora estudos acadêmicos mostrem que pouquíssimos profissionais dominaram a indústria e que muitos fracassaram, esse termo não parece estar em declínio. Recentemente, Meg Whitman e Jeffrey Katzenberg anunciaram seu novo fundo, e Katzenberg observou que eles seriam bem-sucedidos por serem os primeiros no ramo que escolheram. Por outro lado, Steve Jobs, um dos maiores empresários dos últimos 50 anos, orgulhava-se do fato de ter imitado e melhorado um produto, e não de ter sido o pioneiro. Se Meg e Katzenberg forem bem-sucedidos, será pelo seus histórico e experiência comprovados, não porque sejam pioneiros.
Pensar fora da caixa: dado o fato de que a maioria dos empreendedores bilionários conseguiram imitar alguma ideia que já existia e melhorar sua implementação, por que quem começa um novo negócio deveria pensar fora da caixa? Não seria melhor se concentrar mais em desenvolver habilidades para obter vantagem na implementação e na melhoria das ideias de outras pessoas? A maioria das empresas também não limita suas opções de novos negócios para ampliar o que já fazem?
Existe agora o termo unicórnio, originalmente usado para negócios avaliados em US$ 1 bilhão. Recentemente, a expressão foi aplicada a um empreendimento com ações avaliadas em US$ 300 milhões. Na medida em que termo se desvaloriza, em breve, é possível até mesmo que uma iniciativa de US$ 1 milhão seja chamada de unicórnio.
Mas o que exatamente é um unicórnio? Acredita-se que sejam empreendimentos promissores onde empresas de risco apostam em uma avaliação especulativa de US$ 1 bilhão, o que valoriza ainda mais a empresa. Ou seja, significa que se acredita que o empreendimento será um enorme sucesso, o que gera mais publicidade e capital e ajuda empreendedores e investidores em seus negócios.
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Em resumo, um dos principais benefícios de uma designação de “unicórnio” é que a imprensa o adota, com todos os benefícios correspondentes. Isso inclui visibilidade de mercado e maior probabilidade de arrecadar dinheiro para futuras rodadas. Já o benefício para os investidores de risco é que eles podem arrecadar fundos para um próximo investimento.
O grande problema é que, em alguns desses negócios, não é como se os investidores de risco estivessem realmente comprando ações ordinárias por US$ 1 bilhão, mais valorização. Eles estão investindo em ações preferenciais que supostamente podem ser convertidas em US$ 1 bilhão mais valorização. O investidor, muitas vezes, têm cláusulas em seus contratos que lhes permitem obter uma participação maior na empresa e reduzir a avaliação do empreendimento se a companhia não satisfizer determinadas condições. Essas cláusulas eram chamadas de “clawback clauses” até que alguns investidores perderam uma ação judicial, e o termo caiu em desuso. Mas a intenção e os meios ainda estão lá. Portanto, os investidores são protegidos e os empreendedores se beneficiam se puderem atender às expectativas. Caso o negócio não atenda às expectativas, a avaliação especulada será revertida para a real. Obter a designação pode facilitar a publicidade, mas a questão-chave é se o empreendimento realmente alcançou um status de unicórnio de US$ 1 bilhão sem as cláusulas clawback.
Veja o passo a passo abaixo de como você também pode se tornar um orgulhoso desenvolvedor de uma empresa-unicórnio:
1. Comece seu empreendimento com 1 bilhão de ações autorizadas.
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2. Compre 999.999.999 ações para seu próprio portfólio por US$ 1 (ou US$ 1.000 se quiser fazer alarde).
3. Venda uma ação por US$ 1 para um investidor.
4. Pronto! Você tem uma empresa-unicórnio de US$ 1 bilhão. Na realidade, você tem um valor contábil de US$ 2, mas como o investidor pagou US$ 1 por uma ação, o valor de mercado implícito é de US$ 1 bilhão desde que haja um bilhão de ações em circulação.
Fique atento. Quem quer construir um empreendimento para que ele se torne um negócio de US$ 1 bilhão, ou de US$ 1 milhão, de verdade, deve aprender com empresários milionários/bilionários. Termos como unicórnio e pioneirismo podem ser apropriados para financiadores e empreendedores que se beneficiam desse entusiasmo. Mas, para o desenvolvimento real das empresas, os melhores exemplos são de pessoas reais de sucesso, como Glen Taylor, Sam Walton, Bill Gates, Steve Jobs, Dick Schulze e Bob Kierlin. Eles não eram pioneiros nem buscavam publicidade, ou sua publicidade tinha uma base sólida.
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Todas as informações desta reportagem constam no livro “Nothing Ventured, Everything Gained” (Nada Arriscado, Tudo Ganho, em tradução livre).