Engenheiro de formação e ex-executivo de multinacionais (como a Bain & Company), foi numa viagem de negócios que o americano Christopher Spikes apaixonou-se pelo Brasil. Ficou fascinado pelo movimento antropofágico, pela bossa nova e pela capoeira. Depois de voltar aos EUA, Spikes foi amadurecendo a ideia – ousada – de empreender no país. Pouco tempo depois, em 2012, largou o emprego e veio morar de vez no Rio de Janeiro. Aprendeu a falar português e trabalhou como diretor geral do site de compras coletivas Groupon, experiência que o levou a conhecer um pouco mais do mercado e dos hábitos de consumo brasileiros.
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Foi também no Rio que o americano voltou a praticar esportes, e assim percebeu o crescente interesse dos brasileiros por atividades como corrida de rua e crossfit. Percebeu também que, apesar da presença de gigantes do vestuário esportivo no país, como Nike e Mizuno, o mercado nacional não tinha empresas especializadas no chamado activewear, segmento voltado a roupas e acessórios que prometem melhorar o desempenho esportivo, com tecidos tecnológicos e modelagens especiais. Após um piloto iniciado em 2013, criou a Authen, marca de roupas esportivas voltada ao público feminino com apelo de performance. Spikes buscou parcerias com as três maiores tecelagens do Brasil e com algumas estrangeiras para que desenvolvessem tecidos exclusivos. Recrutou um pequeno time de designers e começou a produzir bermudas, tops e leggings com atributos como alta compressão, proteção solar e secagem rápida no corpo.
Em pouco tempo a marca se tornou um sucesso entre corredoras, o principal público-alvo da Authen. “Nossos produtos são projetados para que o corpo tenha um menor desgaste, possibilitando que a mulher possa treinar por mais tempo, com mais força e mais frequência”, diz Spikes. Com o marketing baseado no boca a boca, em redes sociais e eventos de corrida de rua, a Authen quadruplicou o número de pontos de vendas em pouco mais de um ano – saiu de 50 em março de 2017 para 200 pontos em dez estados. A equipe, que era de cinco pessoas, passou a 25. E o canal de vendas online, que representava só 3% das vendas, passou para 10%. Um dos principais segredos do crescimento da Authen é ouvir a consumidora, segundo o americano. Ele mesmo costuma estar presente em estandes durante eventos para capturar a opinião das clientes. “Contamos com um time de mulheres reais, composto por esportistas amadoras, que dão feedback sobre nossos produtos e dicas para o aprimoramento deles”, afirma. “Nossas peças têm engenharia americana com alma brasileira.”
Reportagem publicada na edição 59, lançada em maio de 2018