As ações da Vale fecharam em queda de 24,52% ontem (28), a R$ 42,38 reais, derrubando o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, que fechou em baixa de 2,29%. O volume de ações negociado foi o maior desde a estreia da Vale na bolsa. Em termos financeiros, foi o maior giro do pregão desta segunda-feira, totalizando R$ 8,15 bilhões. Foi o pior desempenho diário da história da mineradora, e equivalente uma perda de R$ 72,8 bilhões em valor de mercado, após a tragédia com o rompimento de uma barragem de mineração da companhia em Brumadinho (MG), que deixou até o momento 60 pessoas mortas e quase 300 desaparecidas. Além disso, a agência de classificação de risco Fitch rebaixou os ratings da ex-estatal para “BBB-“, de “BBB+”, e colocou a nota da mineradora em observação negativa, após o colapso da barragem de rejeitos da mina Córrego do Feijão na última sexta-feira.
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Os primeiros relatórios de analistas do setor de mineração recomendaram cautela com as ações dado o horizonte nebuloso à frente em razão de potenciais desdobramentos da desastre, que aconteceu pouco mais de três anos depois que uma barragem da Samarco — uma joint venture da Vale com a BHP — rompeu em Mariana (MG), levando a 19 mortes e poluindo o rio Doce.
Os analistas Leonardo Correa e Gerard Roure, do BTG Pactual, afirmaram terem sido “verdadeiramente surpreendidos” com o evento, citando que, desde o acidente com a Samarco, a Vale investiu em uma série de medidas para inspecionar e garantir que as operações existentes fossem seguras.
Desde o rompimento da barragem de Brumadinho na sexta-feira, a Vale já teve contra si a decretação de quatro bloqueios judiciais e a aplicação de outras duas sanções por órgãos administrativos no valor total de R$ 12,1 bilhões, segundo levantamento feito pela Reuters nesta segunda-feira.
A mineradora também suspendeu sua política de remuneração aos acionistas, o que na prática significa o não pagamento de dividendos e juros sobre o capital próprio.