Um MBA pode ser essencial para equipar um gestor com expertise em áreas como finanças, gestão de negócios e estratégia, mas não é mais suficiente para as empresas impactadas pela transformação digital que exigem competências da era da disrupção, como o empreendedorismo.
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Os MBAs no topo da lista dos melhores do mundo, como a americana Kellogg School of Management (da Northwestern University), a francesa Insead e a inglesa London Business School, sabem disso e se apressaram a reformular seus currículos para incluir disciplinas capazes de dar conta da transformação digital.
No Brasil, o processo está mais lento. Só agora o OneMBA, da Fundação Getulio Vargas (SP), está considerando embutir aspectos inovadores em seu currículo, com novas propostas de disciplinas para o ano que vem. “Escolas de negócios, principalmente as americanas, estão na frente e, inclusive, aplicam a transformação nelas mesmas, com realidade virtual e outras tecnologias. Estamos atrasados”, diz Jorge Carneiro, coordenador acadêmico do OneMBA.
Mia Stark, CEO da israelense Gazit, dona dos shoppings Eldorado, Top Center e outros, fez seu MBA executivo na Kellogg School. Ela enxerga a forte necessidade de as escolas de negócios se adaptarem aos novos tempos. “Não é o caso de mudar o MBA, mas de transformá-lo e adaptá-lo de acordo com a realidade que vivemos hoje. Da mesma forma que ajustamos e focamos em manter a atração dos shopping centers num mundo onde o e-commerce é uma realidade, o mesmo precisa acontecer na educação”, aponta a executiva.
A transformação em MBAs deve ocorrer não apenas em relação ao conteúdo, mas também no processo de aprendizado, segundo Cristina Palmaka, presidente da SAP Brasil. “As escolas precisam incorporar o que há de mais atual no mercado. Exemplos podem vir da Índia e da China, onde a agenda digital e de inovação está acelerada”, afirma.
Conforme a demanda
Enquanto a educação executiva se adapta à revolução digital, cursos mais breves ganham força, como os programas de empreendedorismo e inovação da Singularity University e da sueca Hyper Island.
Para não perderem o páreo, as escolas de negócios mais tradicionais também estão se adaptando às novas demandas. Mesmo tendo feito um MBA, Palmaka, da SAP, recentemente cursou o The Leadership Consortium, um piloto da Universidade de Harvard do qual participaram empresas como Google e Walmart. O curso é remoto, com aulas dadas por meio de um quadro digital e interação em tempo real, como em uma sala de aula.
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Assim como ocorre em qualquer outra organização, Federico Grosso, diretor da Adobe para a América Latina, destaca que a educação executiva também é um negócio regido pela lei da oferta e da demanda – e a transformação digital é um dos principais pilares para as empresas do setor. “Escolas de negócios estão bem empenhadas em acompanhar tendências e se beneficiam do contato com executivos que possuem experiências práticas em transformação digital. Elas precisam fazer isso, pois também enfrentam o desafio de mudar e de se adaptar, ou então morrer.”
Reportagem publicada na edição 63, lançada em novembro de 2018
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