Resumo:
- Maya Smith, diretora executiva da Fundação Born This Way, de Lady Gaga, fala sobre trabalhar a questão da saúde mental na juventude e a responsabilidade das grandes marcas e personalidades em abordar a temática;
- Missão da ONG é construir um mundo mais gentil e corajoso, formando comunidades que compreendam e valorizem a saúde mental;
- Segundo o relatório Youth Mental Health in America, os jovens se preocupam com a saúde mental, mas não sentem que têm recursos e apoio necessários;
- Para Maya Smith, as grandes organizações e personalidades precisam abordar a temática da saúde mental quando possível, tratá-la sem julgamentos e com acolhimento.
Maya Smith é a diretora executiva da Fundação Born This Way, de Lady Gaga, uma organização sem fins lucrativos comprometida com o bem-estar dos jovens e a criação de um mundo mais gentil e corajoso. Quando menina, ela não sabia que poderia ser útil na sua carreira, mas logo viu que seus talentos poderiam ser usados para construir comunidades fortes e conectar as pessoas por meio da gentileza. Em entrevista a Forbes, a executiva falou do trabalho realizado pela ONG e deu conselhos para ajudar as marcas a ir além da publicidade e criar impacto social.
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Forbes: Maya, seja bem-vinda. Como você definiria o propósito e a missão da Born This Way Foundation? Como é medido o impacto da organização?
Maya Smith: Este trabalho significa muito para mim, pessoal e profissionalmente, há décadas. Nossa missão é construir um mundo mais gentil e corajoso, e isso sempre soa como uma idéia aspiracional — uma maneira incrível de passar os dias. Quando me tornei mãe, há quase sete anos, transformar o meio social virou uma questão urgente para mim. Sou grata por poder fazer esse trabalho todos os dias. Uma grande parte das nossas ações é feita pelo trabalho com jovens na construção de comunidades que compreendam e valorizem a saúde mental. Para tanto, conduzimos e amplificamos pesquisas de qualidade e criamos programas de impacto — inspirados, alimentados e liderados por jovens. Para mim, sucesso é engajar uma parcela cada vez maior da juventude em conversas saudáveis sobre bem-estar, com recursos que ajudem e sustentem esse estado de espírito.
F: Como surgiu a pesquisa sobre a saúde mental entre os jovens?
MS: Em relação à saúde mental dos jovens, há muito trabalho a ser feito, e não se pode fazê-lo sozinho. Pela nossa pesquisa, observamos como os jovens veem o próprio bem-estar e a variedade de fatores que afeta a sua saúde. As descobertas do nosso relatório mais recente — Youth Mental Health in America — refletem o que tem sido difundido há tempos. O jovem se preocupa com a saúde mental, ele a vê como prioridade, mas não sente que tem recursos para lidar com a questão — ele simplesmente não sabe aonde ir. Por meio das nossas pesquisas, conversas e programas, trabalhamos com os jovens para construir comunidades amáveis que compreendam, respeitem e promovam o bem-estar mental.
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F: O que a surpreendeu nesse trabalho e o que lhe dá esperança?
MS: Pode ser desanimador saber que um em cada três jovens, em média, diz não ter acesso confiável a recursos para o seu bem-estar. E, infelizmente, os jovens são menos propensos a afirmar que dispõem de recursos, se pensam em suicídio, se sentem prejudicados ou passam por situações de assédio digital. Nosso trabalho é conhecer o jovem em seu contexto, ouvir o que tem a dizer, suas necessidades, e oferecer apoio a cada situação e desafio. Os jovens não esperam que possamos resolver os seus problemas: eles resolvem por si mesmos. Do Find Your Anchor Box a o Not OK App, há uma gama de plataformas criadas por jovens determinados, resilientes e criativos, que me dão esperança. Sabemos que os jovens também se interessam por aulas ou oficinas de primeiros socorros em saúde mental. Na fundação, oferecemos a oportunidade de aprender essas habilidades em programas como o Primeiros Socorros para Saúde Mental para adolescentes, que estamos testando agora, e promovemos acesso a recursos de forma contínua.
F: Qual o papel das marcas na resolução desse problema?
MS: À medida que o estigma acerca da saúde mental se dissipa e as conversas sobre o tema crescem, as marcas têm o potencial de desempenhar um papel fundamental no apoio ao bem-estar dos nossos jovens. Elas têm o poder de intervir e mudar a forma como a sociedade vê a saúde mental, a partir de suas campanhas. É importante que as marcas criem espaços seguros para que os jovens. Sonho com um mundo no qual as grandes empresas celebrem a saúde mental como celebram a saúde física e me orgulho dos passos dados diariamente nessa direção.
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F: E finalmente, que conselho você daria aos líderes de marcas para ativar tal propósito de uma maneira autêntica e significativa?
MS: Os jovens de hoje são indivíduos únicos, esperançosos e inclusivos, com uma consciência inegável da voz e da cultura associadas às marcas. A juventude não quer consertar um sistema corrompido, eles se animam em imaginar um mundo que ainda não é possível e querem construí-lo. As marcas precisam falar com essa individualidade, esperança e perseverança e adotar uma abordagem ambiciosa em relação à saúde mental. Seja você um nadador olímpico, um jovem ativista ou um pop star, todos precisamos de oportunidades para começar a falar sobre saúde mental, aprender a trabalhá-la e, o que é importante, ser honestos sobre nossas experiências para melhorar o bem-estar dos jovens e de todo o resto. Para começar, os líderes de marca precisam se certificar de que falam sem julgamento e de que são honestos sobre as próprias lutas. Trata-se de iniciar a conversa.