O Banco Central cortou hoje (18) a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual, a 5,50% ao ano, dando sequência ao ciclo de afrouxamento monetário em meio à débil recuperação econômica, em um processo que deve seguir adiante, segundo sinalização do Comitê de Política Monetária (Copom).
LEIA MAIS: Banco Votorantim prepara IPO e avalia ter banco digital
Em comunicado, o BC deixou de considerar o cenário externo benigno. E, ao detalhar seu balanço de riscos para a inflação, a autoridade monetária não ressaltou mais qual dos fatores tem mais peso em sua análise, após frisar em comunicações prévias que o risco ligado à frustração nas reformas era “preponderante”.
Tudo considerado, o Copom do BC indicou que um novo corte da Selic deve ser feito à frente, ao manter em sua comunicação trecho em que assinala que “a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir ajuste adicional no grau de estímulo”.
Para o economista Thomaz Sarquis, da Eleven Financial Research, o BC mostra inclinação “muito forte” de continuar reduzindo os juros. Mas ele avaliou que a retirada da avaliação do risco ligado às reformas como preponderante pode ter sido precipitada. “Na nossa visão, esse risco continua bastante preponderante. A gente entende que o mercado e o BC estão subestimando risco fiscal”, disse.
Esta foi a segunda redução seguida da Selic, levando a taxa à nova mínima histórica. Em pesquisa Reuters com 30 economistas, 28 previam um corte nessa magnitude, enquanto um apostava em manutenção e outro em redução mais tímida, de 0,25 ponto.
A decisão teve como pano de fundo um cenário externo carregado por mais turbulências, enquanto o quadro doméstico seguiu marcado por lenta tração da economia e comportamento favorável da inflação, além de prosseguimento na tramitação da reforma da Previdência no Senado.
Sobre o front externo, o BC afirmou que “a provisão de estímulos monetários adicionais nas principais economias, em contexto de desaceleração econômica e de inflação abaixo das metas, tem sido capaz de produzir ambiente relativamente favorável para economias emergentes”.
Mas ponderou que o cenário segue incerto e que riscos associados a uma desaceleração mais intensa da economia global permanecem. Nos últimos dias, o mundo assistiu à disparada das cotações de petróleo, após ataques no sábado às unidades da petroleira Aramco na Arábia Saudita.
O movimento tem o potencial de elevar o preço de combustíveis e, por conseguinte, pressionar a inflação para cima. No Brasil, a Petrobras informou que não adotará nenhuma medida por ora, mas que observará as condições de mercado nos próximos dias e tomará uma decisão sobre preços no momento adequado. O dólar, outro elemento que tem influência nos preços domésticos pelo potencial de encarecimento das importações, tem mostrado comportamento volátil, reagindo às tensões geopolíticas, aos desdobramentos da guerra comercial entre Estados Unidos e China e às perspectivas para os juros básicos norte-americanos.
VEJA TAMBÉM: Ibovespa fecha quase estável à espera de Copom
Assim como ocorreu em julho, a decisão do BC coincidiu com a que foi tomada pelo Federal Reserve (banco central dos EUA) também nesta quarta-feira. O Fed cortou a taxa de juros em 0,25 ponto percentual pela segunda vez este ano, em decisão amplamente esperada. Quanto à situação interna, o BC informou que seu cenário supõe retomada da economia brasileira em ritmo gradual. Também imprimiu alguma convicção adicional a sua leitura, ao dizer que indicadores recentes sugerem a retomada, e não mais a possibilidade de retomada da atividade.
Com a economia em lento compasso de recuperação, as pressões inflacionárias têm sido limitadas no país. Nos 12 meses até agosto, o IPCA acumulou alta de 3,43%, numa aceleração sobre o acumulado até junho, mas ainda guardando boa folga em relação à meta oficial, que é de 4,25% para este ano, com margem de 1,5 ponto para mais ou para menos.
Na mais recente pesquisa Focus, feita pelo BC junto a uma centena de economistas, a estimativa para a Selic até o fim de 2020 foi cortada a 5%, o que indica expectativa de estabilidade da taxa básica de juros ao longo do ano que vem, uma vez que os profissionais já veem o juro básico em 5% ao fim de 2019. A próxima reunião do Copom acontece em 30 de outubro.
Siga FORBES Brasil nas redes sociais:
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Tenha também a Forbes no Google Notícias.