Resumo:
- Fifa, entidade máxima do futebol no mundo, deve investir US$ 1 bilhão no futebol feminino ao longo dos próximos quatro anos;
- O sucesso da Copa do Mundo na França em 2019 incentivou a expansão da competição para uma disputa de 32 equipes;
- As federações de cada país devem cumprir alguns critérios para receberem incentivo financeiro da Fifa na modalidade feminina;
- Outro plano é criar uma competição internacional para clubes nos moldes da Liga das Nações.
O presidente da Federação Internacional de Futebol (Fifa), Gianni Infantino, está aumentando as apostas. Na Conferência Fifa de Futebol, realizada no domingo (22), o chefe do futebol prometeu novamente investir US$ 1 bilhão na modalidade feminina durante os próximos quatro anos. “Temos de ser um pouco corajosos e um pouco arrojados se quisermos fazer o futebol feminino chegar ao próximo nível, precisamos parar de copiar o que fazemos no jogo dos homens”, afirmou Infantino.
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No último mês de junho, no congresso anual de federações mundiais, Infantino divulgou o investimento de US$ 500 milhões para as mulheres no ciclo de 2019-2022, respondendo aos críticos do prêmio mínimo em dinheiro ofertado na Copa do Mundo Feminina na França. Depois do sucesso sem precedentes da competição, o plano foi rapidamente revisado. A expansão do torneio para um formato com 32 equipes em 2023 foi acelerada em uma tentativa de explorar o novo sucesso repentino da modalidade.
“Em termos de futebol feminino, poderemos separar épocas antes e depois da Copa do Mundo de 2019”, afirmou Infantino, mas os detalhes de como US$ 1 bilhão vai ser arrecadado, distribuído e auditado para garantir que recursos cheguem à base do futebol feminino e desenvolvam verdadeiramente o jogo, ainda não foram divulgados. O presidente lembrou que a Fifa, uma organização sem fins lucrativos, possui reservas de caixa de US$ 2,7 bilhões, resultado do sucesso na Copa do Mundo na Rússia em 2018.
O órgão, porém, vai requerer que as associações nacionais e federações continentais resolvam problemas crônicos de cumprimento de regras, que têm afetado o futebol feminino em nível nacional.
Todas as associações podem receber fundos da federação nacional, mas para embolsar o valor máximo, devem acumprir alguns critérios, incluindo investimento na categoria feminina, de acordo com o programa Fifa’s Forward 2.0.
Os parâmetros incluem: organizar uma competição regular e nacional que dure mais do que seis meses, envolva pelo menos dez equipe e realize pelo menos 90 jogos; possuir uma equipe nacional ativa feminina que jogue pelo menos quatro jogos oficiais ou amistosos em um ano; organizar competições regulares e nacionais de meninas em pelo menos duas categorias de idade com as mesmas especificações das competições das mulheres; e possuir equipes nacionais femininas ativas em pelo menos duas categorias de idade que joguem pelo menos quatro jogos em um ano.
Federações com receitas menores do que US$ 4 milhões por ano também podem requerer ajuda suplementar se cumprirem todos os critérios acima.
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Jamaica e Tailândia chegaram à disputa na França com a ajuda de benfeitores individuais: Nualphan Lamsam e Cedalla Marley, filha de Bob Marley. Desde a Copa do Mundo, as Reggae Girlz estão em uma disputa por pagamentos com a Federação Jamaicana de Futebol (FJF). Argentina e Nigéria, que também participaram da Copa, tiveram problemas com dinheiro por anos.
Quase 25% das associações de membros da Fifa simplesmente não possuem times adultos femininos. A seleção feminina do Paquistão jogou pela última vez em 2014, mesmo ano em que a liga nacional foi extinta no país. Depois de participar da Copa do Mundo feminina em 2015, a seleção da Colômbia praticamente não competiu mais. Mas nem todas as notícias são ruins: os investimentos da Mauritânia, por exemplo, excederam o necessário em US$ 100 mil desde 2016. Em julho e agosto, a seleção do país disputou seus primeiros jogos oficiais, incluindo um campeonato na Espanha.
Algumas associações, historicamente, têm investido pouco na modalidade feminina ou simplesmente feito o mínimo na arrecadação. Progresso e melhorias vão requerer mais do que só investimentos. A modalidade feminina precisa planejar o futuro em nível nacional e internacional ou correr o risco de virar uma modalidade olímpica: algo que gera muita atenção uma vez a cada quatro anos antes de ser esquecida.
Infantino também quer lançar uma Copa do Mundo Feminina de Clubes nos próximos dois anos e reviver a ideia de uma Liga Mundial Feminina, imitando a Liga das Nações em uma escala global. Em 2017, a liga foi proposta como uma competição anual, incluindo 16 das melhores equipes nacionais, com quatro ligas regionais e um sistema de promoção e rebaixamento.
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O presidente da Fifa encarou algumas oposição na Europa de pessoas que viam as ações dele como atos unilaterais. Foi divulgado que os europeus argumentaram que a ideia foi apresentada como um fato consumado sem muitos detalhes.
Com investimento e ideias para novas competições, a entidade está demonstrando vontade de fazer as coisas de maneira diferente, mas refazer o topo da pirâmide do futebol feminino vai ajudar pouco as incontáveis garotas e mulheres que sofrem para jogar futebol de maneira organizada em suas terras natais.
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