Resumo:
- O indiano Byju Raveendran deixou o emprego que tinha em 2005 para ensinar candidatos a escolas de negócios na Índia;
- Hoje, a edtech Byju’s tem 35 milhões de estudantes, com 2,4 milhões de pessoas que pagam entre US$ 150 e US$ 200 por uma assinatura anual;
- Conheça outros empreendedores que deram aulas antes de enveredar pelo mundo dos negócios.
Byju Raveendran recebeu o primeiro sinal de que poderia ter um futuro na educação ainda adolescente, como professor particular de alunos do oitavo e do nono ano que clamavam por sua ajuda para passar nos exames. Naquela época, ele era apenas um pequeno gênio da matemática. Hoje, ele é bilionário, com um patrimônio de US$ 1,9 bilhão.
Em 2006, Raveendran lançou o que se transformou no negócio de tecnologia educacional mais valioso do mundo: a Byju’s. Depois de seu começo, com aulas de preparação para provas, a Byju’s viralizou entre os estudantes da Índia, registrando 35 milhões de pessoas em seu aplicativo de aulas de matemática e ciências. Em julho, recebeu financiamento de um grupo de investidores que incluía o fundo soberano do Catar e foi valorizada em US$ 5,5 bilhões. Raveendran possui uma participação de 26% na empresa.
“Não é um negócio que comecei como negócio”, diz Raveendran, que planeja usar seu novo financiamento para expandir a empresa de US$ 200 milhões em vendas para Austrália, Reino Unido e EUA. “É uma paixão que acabou se tornando um negócio.” O momento parece maduro: a tecnologia educacional global, ou edtech, crescerá 61%, passando de US$ 349 bilhões em 2018 para US$ 562 bilhões até 2022, segundo a empresa de pesquisa de mercado Technavio, com base no Reino Unido. A mais recente infusão de US$ 150 milhões, liderada pela Qatar Investment Authority, eleva o financiamento total recebido pela Byju’s para mais de US$ 1 bilhão, após um investimento de US$ 31 milhões em março liderado pela empresa americana General Atlantic e pela China Tencent, e US$ 540 milhões em dezembro passado da Naspers (conglomerado de mídia sediado na África do Sul) e o Conselho de Investimentos do Plano de Pensões do Canadá.
Raveendran, 38 anos, é filho de professores. Depois de se formar em engenharia mecânica em Kerala, na Índia, ele conseguiu um emprego em Singapura em 2001 como engenheiro de uma empresa de transporte marítimo. Durante a viagem de volta para casa, ajudou amigos a se prepararem para o teste de admissão ultra-competitivo para as escolas de negócios de elite da Índia, The Indian Institutes of Management. Apenas por diversão, ele fez o exame duas vezes, alcançando colocações altíssimas.
Em 2005, Raveendran deixou o emprego e retornou à Índia para ensinar os candidatos a escolas de negócios. Dentro de apenas seis semanas, ele já tinha 1.200 alunos. Rapidamente começou a viajar pelas cidades com sua mentoria, passando por nove municípios. Em 2009, começou a transmitir aulas por satélite. Raveendran logo percebeu que seus aspirantes a estudantes de administração estavam lutando para entender conceitos de matemática e ciências que deveriam ter aprendido muito mais cedo. Para ajudar a corrigir essa lacuna, em 2011, ele lançou o Think & Learn, a empresa mãe da Byju’s.
“A primeira coisa que me impressionou sobre Byju foi que ele era apaixonado por ensinar”, diz Ranjan Pai, o médico bilionário que controla o Manipal Group, focado em educação e saúde. “Mas quando ele me pediu US$ 8 milhões, quase caí da cadeira.” Impressionado com a confiança de Raveendran, em 2012, Pai se tornou um dos dois primeiros investidores de Byju, comprando uma participação de 26% ao lado de um ex-executivo de software. Ele ainda mantém 1% da Byju’s.
A Índia parece um terreno fértil para a edtech: o país tem 260 milhões de crianças em idade escolar lutando por um sistema bom. Repleto de professores pouco qualificados em uma economia cada vez mais conhecedora de tecnologia, a nação está faminta por trabalhadores habilidosos. “Você tem aqui uma proliferação de smartphones, banda larga quase gratuita, acesso onipresente à internet e facilidade de pagamentos digitais”, diz Krishnan Ganesh, cofundador da empresa de educação online TutorVista, de 2005, que em 2011 foi vendida para a Pearson, sediada no Reino Unido. A Byju’s comprou parte da Pearson em 2017. “Há pais que gastam uma quantidade desproporcional de sua renda em educação.”
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Em 2015, a Byju’s lançou seu primeiro aplicativo, um tutorial de matemática e ciências para alunos do 6º ao 12º ano. Ele estendeu o projeto dois anos depois, alcançando os alunos do 4º e 5º anos. Além de fornecer vídeoaulas, o aplicativo avalia se o aluno aprendeu os conceitos. Com base na resposta, ele leva o aluno ao próximo nível ou de volta ao básico. “Isso é o que os professores nunca podem fazer”, diz Raveendran. “Eles não conseguem avaliar o quanto cada aluno realmente entendeu de cada tópico.”
Três meses após o lançamento, o aplicativo foi baixado dois milhões de vezes. Hoje, a Byju’s tem 35 milhões de estudantes, com 2,4 milhões de pessoas que pagam entre US$ 150 e US$ 200 por uma assinatura anual. Os US$ 200 milhões em vendas anuais da Byju’s ainda são números pequenos em comparação aos US$ 3,9 bilhões da Benesse Holdings do Japão, a maior empresa de educação listada da Ásia. No entanto, ele já é lucrativo, ganhou mais de US$ 2 milhões em seu último ano fiscal e cresce rapidamente. Estimulada por um recente foco em alunos de cidades pequenas, a Byju’s espera que a receita do ano mais do que dobre, para US$ 440 milhões.
A Byju’s enfrenta inevitavelmente uma proliferação de concorrentes, incluindo o Vedantu, que é apoiado pelo TAL Education Group da China e oferece aulas particulares e ao vivo, bem como o Toppr, que fornece preparação para testes online. E embora os players de edtech da China, como VIPKid, não sejam rivais diretos, eles competem pelo mesmo nicho de investimentos.
Até agora, a Byju’s foi quem mais ganhou dinheiro com investimentos. Em 2016, conseguiu US$ 50 milhões para uma participação não divulgada de um grupo que incluía a empresa americana de capital de risco Sequoia Capital e a iniciativa de Mark Zuckerberg e sua esposa Priscilla Chan, a Chan-Zuckerberg Initiative, marcando o primeiro investimento desse fundo na Ásia. Em 2017, a Tencent (portal de serviços de internet da China) investiu US$ 40 milhões por conta própria. A Byju’s é agora a quarta startup de maior valor na Índia, depois da empresa de pagamentos móveis e comércio eletrônico Paytm, a cadeia de hotéis Oyo e o aplicativo de carona Ola.
Raveendran espera permanecer à frente da concorrência, ampliando sua oferta de produtos e os expandindo para novos mercados. Neste ano, os planos da Byju’s adicionam inglês e ciências sociais ao seu currículo. E, em janeiro, Raveendran pagou US$ 120 milhões para comprar a Osmo, uma fabricante americana de jogos educativos. Em junho, ele lançou um aplicativo com marca registrada com a Disney, chamado Disney Byju’s Early Learn app, destinado às crianças de 5 a 8 anos da Índia. “Vamos expandir com mais produtos, mais notas e mais mercados”, diz ele.
A Byju’s já está trabalhando para ampliar seu apelo juvenil. Em Bangalore, uma equipe de 1.100 animadores, jogadores, desenvolvedores e professores estão criando lições para jovens de 3 a 8 anos que apresentam personagens animados. “Eles têm algum fator especial do qual as crianças gostam”, diz Raveendran.
Veja na galeria a seguir outros educadores bilionários:
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ReproduçãoForbes Gary Tharaldson
Famoso por ser o cidadão mais rico do estado da Dakota do Norte desde 2019, o empreendedor e fundador da Tharaldson Companies é graduado em administração e educação física.
Em 1982, Tharaldson deixou de ser professor de educação física no ensino médio e resolveu investir em seu primeiro hotel, o Super 8 Motel. Desde então, ele passou a construir sua fortuna ao comprar e operar hotéis de baixo custo.
Em 2006, ele vendeu 130 hotéis para a Goldman Sachs por US$ 1,2 bilhão. Aproximadamente 40% de sua fortuna está ligada aos hotéis, mas o bilionário é dono de diversos investimentos em terrenos, mananciais e uma fábrica de etanol em seu estado natal.
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ReproduçãoForbes Jack Ma
O empresário, investidor e filantropo chinês é mais conhecido por ser o cofundador e presidente executivo da Alibaba Group, um conglomerado de tecnologia multinacional. Em 2014, o IPO da Alibaba arrecadou um valor recorde em torno de US$ 25 bilhões.
Antes de se tornar um bilionário, Ma teve problemas com educação e chegou a ser rejeitado por diversas universidades. Ele se tornou professor de inglês antes de partir para outros ramos.
Ma é visto como um embaixador global para negócios chineses, a Forbes o considerou a 21ª pessoa mais poderosa do mundo em 2018. Ele deixou a presidência executiva da Alibaba em setembro de 2019.
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ReproduçãoForbes Tatyana Bakalchuk
Tatyana fundou e é CEO da Wildberries, um site de comércio online que vende 15 mil marcas diferentes e atrai cerca de dois milhões de clientes por dia em países como a Rússia, Armênia e Cazaquistão.
Antes de ser uma empreendedora, Bakalchuk dividia sua vida entre ser professora de inglês e cuidar de seus quatro filhos. Aos 28 anos, ela criou a Wildberries em sua licença-maternidade ao perceber a dificuldade de encontrar tempo para comprar roupas para si enquanto cuidava de seu filho de um mês de idade.
Ela enfrentou pouca concorrência na época e teve ajuda de seu marido, especialista em tecnologia de informação, para comprar roupas no atacado, tirar fotos delas e revendê-las. Em 2018, sua empresa conseguiu receitas na casa de US$ 1,9 bilhão.
Gary Tharaldson
Famoso por ser o cidadão mais rico do estado da Dakota do Norte desde 2019, o empreendedor e fundador da Tharaldson Companies é graduado em administração e educação física.
Em 1982, Tharaldson deixou de ser professor de educação física no ensino médio e resolveu investir em seu primeiro hotel, o Super 8 Motel. Desde então, ele passou a construir sua fortuna ao comprar e operar hotéis de baixo custo.
Em 2006, ele vendeu 130 hotéis para a Goldman Sachs por US$ 1,2 bilhão. Aproximadamente 40% de sua fortuna está ligada aos hotéis, mas o bilionário é dono de diversos investimentos em terrenos, mananciais e uma fábrica de etanol em seu estado natal.
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