Resumo:
- Graeme Moore juntou as paixões por livros infantis e pelo mundo cripto em sua obra literária “B is for Bitcoin”;
- O objetivo do livro é ensinar o alfabeto às crianças com ilustrações e termos do mundo cripto, como, por exemplo, B de bitcoin;
- O livro foi publicado pelo próprio autor usando um site especializado, sem passar por nenhuma grande editora.
Enquanto estava escrevendo “B is for Bitcoin” (o livro ainda não têm versão em português, mas a tradução literal do título seria “B de Bitcoin”), um livro infantil que retrata o abecedário por meio de termos do mundo das criptomoedas, o autor Graeme Moore teve uma epifania – crianças não compram livros.
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“Os pais compram livros, especialmente se fossem sobre o abecedário”, diz Moore. “Quando o livro ‘Vai Dormir P*rra’ (editora Sextante) foi publicado, eu achei aquilo muito inteligente. Você não está vendendo um livro para crianças de dois anos, você está vendendo um livro para pais de crianças de dois anos. Meu livro foi feito para mim daqui a cinco ou dez anos. Suponhamos que eu tenha um filho, o que eu compraria? Eu compraria o “B is for Bitcoin” porque é o que eu quero ler para o meu filho. Eu não quero ensiná-lo que M é de maçã. Eu quero ensiná-lo que A é de altcoin e que B é de bitcoin.”
Embora tenha feito a obra para o seu eu do futuro, Moore também estava pensando em sua sobrinha, que na época tinha um ano e meio. “Eu fiquei pensando no que eu gostaria de ler para ela. Não queria nada sobre maçãs e barcos. Queria abordar o bitcoin com a minha sobrinha que estava aprendendo a falar. É assim que ela vai aprender o alfabeto: A de altcoin, B de bitcoin, C de consenso, e D de descentralização.”
Moore, que tem 27 anos, admite que essas palavras são de difícil compreensão. “Ela foca bastante nos sapatos que o personagem do bitcoin está usando e no chapéu que ele tem em algumas outras páginas. Mas ler esse livro para ela e poder falar sobre bitcoin o dia todo é o que eu amo fazer”, disse Moore.
Essa nova área de publicação própria permite que qualquer um crie um livro, de acordo com o autor. Tão fácil que “você não percebe quão fácil é até fazer”.
Ele usou a empresa de publicações próprias IngramSpark. O processo de se inscrever para plataformas de publicação própria inclui dados bancários e de outros negócios, assinatura de acordos e um método de pagamento. Não existe um número mínimo para o pedido.
A criação de uma conta no IngramSpark é gratuita, mas existem taxas para o upload do livro e para a compra de um ISBN – International Standard Book Number.. Moore disse que tinha um cupom que o isentava da taxa de impressão de US$ 49 pelo IngramSpark, então para ele, não havia outros custos além das ilustrações.
Moore pagou dois ilustradores ucranianos – Mike and Alexey – encontrados no aplicativo de freelance Upwork, por um total de US$ 1 mil pelas 30 páginas de arte.
Ele fez o upload do PDF do livro no IngramSpark e, agora, quase qualquer um pode comprar seu livro infantil sobre bitcoin na Amazon. Atualmente, ele usa ferramentas da plataforma para gerenciar a distribuição global da edição impressa e do e-book.
Do começo ao fim, o processo levou aproximadamente quatro meses, incluindo as ilustrações, que sozinhas consumiram três meses. “No passado, isso não seria possível”, diz Moore. “Isso é loucura”, acrescenta, impressionado com a facilidade do processo. “Eu não fazia ideia que seria assim, direto ao ponto. Por que não estão todos fazendo isso?”
Moore recuperou os valores investidos na primeira semana. “Agora eu tenho uma fonte eterna de lucro se as pessoas comprarem o livro.” A obra custa US$ 2,99 (versão para Kindle) ou US$ 23,94 (versão física com capa dura) na Amazon, sem a taxa de entrega.
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Diversão
Mas Moore não escreveu o livro por dinheiro, e sim por diversão. “Era algo possível e no qual eu já havia pensado quatro anos atrás. Então finalmente decidi que ia realizar. O fato de que você não precisa de um contrato literário, falar com uma editora ou negociar – além de poder colocar o livro na internet em um só dia e disponibilizá-lo para todo mundo – foi o mais surpreendente e animador para mim.”
Para encontrar ilustradores, Moore postou a oferta no Upwork. Em algumas horas, recebeu o portfólio de 40 a 50 freelancers que estavam interessados no projeto. O designer escolhido já havia feito ilustrações sobre bitcoin no passado, incluindo o personagem do livro. Moore amou. Era exatamente o que ele queria.
“Fizemos muitas versões porque sou perfeccionista e minhas habilidades não são na área do Illustrator ou do Photoshop”, conta. “Acho que digitei ‘mova o personagem do bitcoin quatro pixels para a esquerda’ umas 800 vezes em três meses.”
Todas essas versões foram difíceis, especialmente por conta do trabalho remoto e da barreira do idioma. “Eles, definitivamente, estavam frustrados comigo no final, porque havíamos combinado um preço no começo. Eles chegaram a dizer: ‘Cara, você tem que me pagar mais por causa da quantidade de revisões que estou tendo que fazer’. Mas isso não foi problema: os dois trabalhavam e eram pagos na medida da necessidade de Moore.
“Começar foi muito fácil, mas alcançar um estágio onde eu estava 100% feliz com o livro foi demorado e, às vezes, frustrante”, lembra. “Mas foi animador fazer o livro ficar do jeito certo.” Para ele, valeu a pena.
Quando era criança, Moore acha que perdeu a oportunidade de ver a internet nascer. “Eu era muito jovem e não entendia o que estava acontecendo na época.”
Há muito tempo ele é obcecado pela web -conta que assistia vídeos no YouTube antes mesmo de o site começar a categorizá-los, e até já teve seus momentos de influenciador digital com 20 mil seguidores em plataformas como o Vine. Ainda assim, ele chegou atrasado. Quando se interessou de verdade pelo bitcoin, a criptomoeda já existia há seis anos.
“Eu tenho a oportunidade de assistir esses desdobramentos bem na minha frente, contribuir e fazer parte disso”, reflete. “No ‘B is for Bitcoin’, percebi que eu não sabia que tipo de empresa eu queria fundar. Eu não sei programar, então não posso contribuir com o protocolo do bitcoin, mas percebi que eu posso escrever um livro. Foi assim que aconteceu.”
Ele acrescenta: “Perceber que sou parte de algo muito especial, e ainda entender como eu posso participar, foi minha maneira de contribuir”.
Como alguém que sempre amou os livros do Dr. Seuss, ele achou que um livro infantil era um bom começo. “‘Hop on Pop’ é, provavelmente, um dos meus livros preferidos até hoje”, diz Moore sobre a obra de ilustrações de 1963 que tem poemas feitos para introduzir o conceito de fonemas às crianças.
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