Hoje eu completei 32 anos e isso parece pouco importante em todos os aspectos, exceto um. Há dez anos, iniciei uma jornada que me levou a fundar e administrar um negócio multimilionário. Seus 20 anos devem ser uma fase de aventuras como pegar voos baratos, dormir em sofás, explorar novos países, ir atrás de sua paixão e conhecer muitas pessoas novas. Fiz tudo isso ao iniciar a Kuli Kuli.
Meus voos destinados a conferências de trabalho eram principalmente de madrugada e eu durmo no sofá do meu amigo no Brooklyn, porque sou muito econômica para gastar o precioso dinheiro da empresa nos quartos de hotel em Manhattan (no passado, levantamos US$ 10 milhões e ainda o faço isso). Conheci muitas pessoas novas, principalmente por meio de redes profissionais e viajei com foco em me encontrar com nossos agricultores de moringa (planta medicinal que possui grande quantidade de vitaminas e minerais). Por fim, segui minha paixão, transformando um sonho em uma empresa próspera. Toda essa trajetória trouxe muitos aprendizados e falhas e se eu pudesse voltar ao meu eu de 22 anos, há muito o que eu adoraria dizer.
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Aqui estão as 10 lições aprendidas na trajetória de sucesso da Kuli Kuli:
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Getty Images / Thomas Barwick 1. As pessoas são o mais importante e não trabalham como robôs
Comecei a Kuli Kuli por conta do meu amor pelos indivíduos que conheci em uma aldeia africana, a qual visitei por meio do do Peace Corps (agência federal estadunidense independente que envia cidadãos norte-americanos ao exterior com o objetivo de habilitar comunidades a tratarem de necessidades urgentes). Ao voltar para os Estados Unidos, minha ideia de uma startup voltada para missões se tornou um bico repleto de ansiedade no qual eu passava manhãs, noites e fins de semana prolongados. Quando finalmente consegui deixar meu emprego diário e focar na Kuli Kuli em tempo integral, mantive o mesmo expediente e ainda trabalho mais horas do que quase qualquer um que conheço. Na minha juventude, entretanto, eu esperava que todos ao meu redor fizessem o mesmo. Aprendi da maneira mais difícil que as pessoas não são robôs. Elas não podem trabalhar o tempo todo principalmente se estiverem atuando no sonho particular de outra pessoa. Agora, busco entender os sonhos daqueles que cooperam comigo e ajudá-los ativamente a dar vida a suas aspirações.
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Getty Images /Westend 61 2. Realize “encontros de relacionamento” com seus cofundadores
Um dos meus maiores arrependimentos é que meu relacionamento de mais de 20 anos com meu melhor amigo de infância foi destruído no processo de iniciar a Kuli Kuli. Existem várias razões pelas quais “terminamos” e nenhuma delas é adequada para citar. Mas há um motivo abrangente pelo qual as coisas terminaram do jeito que terminaram: estávamos tão ocupados trabalhando nos negócios que esquecemos de trabalhar em nosso relacionamento. Paramos de ser amigos, deixamos de ser profissionais amigáveis e transformamos nossa conexão em algo feio do qual nunca nos recuperamos, mesmo anos depois de deixarmos de atuar juntos. Meu cofundador atual e eu agora temos “caminhadas de fundadores” mensais, onde falamos sobre como nos sentimos em relação aos negócios, de que forma estamos nos apoiando e, geralmente, sobre o que está acontecendo em nossas vidas. Também fazemos questão de sair do trabalho e nos divertir com nossos parceiros e famílias. Só para constar –eu também faço “passeios de relacionamento” mensais românticos e esse é um dos costumes que nos manteve solidamente apaixonados nos últimos dez anos.
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Getty Images 3. Recuse investidores
Ao iniciar uma empresa, todos lhe dizem para ter cuidado com quem fornece dinheiro, mas eles parecem esquecer que geralmente não há uma longa fila esperando para fazer um cheque para você. Especialmente quando se é uma ameaça tripla por ser jovem, mulher e desconectada (ou seja, não nasce em uma ótima condição financeira), pode ser excepcionalmente difícil conseguir alguém que diga sim. Levei cerca de um ano para arrecadar os primeiros US$ 500 mil da Kuli Kuli e o fiz por meio de quase 30 pessoas diferentes, um pequeno cheque de cada vez. Nunca imaginei que, poucos anos depois, decidisse recusar um valor de US$ 1 milhão e prolongar minha rodada de captação de recursos. Eu aprendi a partir de uma experiência com um pequeno investidor que tornou minha vida totalmente miserável, que ter pessoas erradas investindo em seus negócios é pior do que passar mais alguns meses encontrando os investidores certos. Sou sortuda por ter agora contribuidores que não apenas acreditam na visão e missão social da Kuli Kuli, mas também aproveitam seus talentos e redes para nos ajudar a chegar lá.
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Getty Images / 10000Hours 4. Celebre vitórias grandes e pequenas
Embora você não suspeite disso ao me conhecer, posso ser muito séria. Me preocupo profundamente com a missão de Kuli Kuli e me dedico a transformar essa visão em realidade. Não descansarei até ter feito um progresso real na redução das mudanças climáticas e ter ajudado todas as mulheres que atuam conosco a alcançar a verdadeira igualdade. Com objetivos como esse, é difícil ver vitórias menores, como quando divulgamos nossas novas fotos de superalimentos orgânicos com um sabor incrível. Depois de uma década fazendo isso, percebi que a montanha-russa da vida das startups só é divertida se você comemorar os altos, pois isso o torna mais capaz de lidar com os baixos inevitáveis.
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Getty Images / Oliver Rossi 5. É uma maratona, não uma corrida
Uma amiga me disse recentemente que está feliz por eu ter me tornado uma parceira melhor, diferente de quando comecei meu negócio. O comentário me surpreendeu, pois pensava que eu era uma ótima companheira. Nos primeiros dias da Kuli Kuli, participava de eventos de networking quase todos os dias da semana e costumava passar meus fins de semana distribuindo amostras em vários supermercados. Fazia um esforço para ver meus amigos, mas raramente os encontros duravam muito tempo, pois era inevitável correr de um compromisso para o outro. Hoje sei que aqueles que amo são o que faz a vida valer a pena e embora ainda faça bastante networking, sou mais seletiva quanto aos eventos em que compareço.
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Getty Images / Hero Images 6. Não leve a demissão dos funcionários como algo pessoal
Como fundador de uma startup, é natural que você viva e respire sua empresa. Muitas vezes, é difícil separar sua identidade da organização e quando os funcionários a deixam, é quase impossível não levar isso para o lado pessoal. Eu sabia que as startups tradicionalmente têm baixas taxas de retenção e que a Bay Area tem uma cultura de procura de emprego. Dito isso, fiquei surpresa quando alguns membros da equipe deixaram a Kuli Kuli no ano passado. Isso me fez questionar tudo o que estava fazendo, desde a cultura do nosso grupo ao meu próprio estilo de liderança. Meus conselheiros me ajudaram a entender que, embora fosse importante conduzir entrevistas de demissão e entender por que as pessoas decidiram sair, também era fundamental não levar isso para o lado pessoal e ver as partidas como oportunidades para aprender e criar uma equipe ainda melhor.
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Getty Images / Hero Images 7. Cuide-se, para que possa cuidar dos negócios
Eu trabalho mais do que quase qualquer pessoa que conheço, mas também durmo, me exercito e medito significativamente mais do que a maioria dos indivíduos. Frequentemente, quando estou estressada e oprimida, vou correr. Assim, descobri que dedicar um tempo a fim de cuidar de mim mesma e garantir um estado positivo e orientado para a solução me permite ser muito mais produtivo do que trabalhar durante a madrugada.
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Getty Images 8. Cultura não se cria sozinha
Construir uma cultura de equipe positiva, mesmo em uma pequena startup de 13 pessoas como a Kuli Kuli, requer pensamento e estrutura deliberados. Eu costumava pensar que liderar pelo exemplo era suficiente. Entretanto, eu aprendi que documentar os principais valores da empresa, obter feedback mensal do nosso grupo e montar um comitê de cultura para criar ativamente eventos de vínculo são medidas que levaram a práticas culturais harmoniosas, as quais resultaram em uma equipe mais feliz e colaborativa.
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Getty Images / Thomas Barwick 9. Pare de focar no pitch e seja autêntico
Pode parecer que você está sempre focado no pitch da sua startup, pois precisa enviá-lo para investidores, mídia e até sua própria equipe. Embora seja importante que os fundadores sejam extremamente eficazes na comunicação da visão da empresa, também é importante saber quando parar de se concentrar nisso. Descobri que muito do grande apoio que a Kuli Kuli tem recebido vem de quando paro de focar no pitch e digo às pessoas quais as áreas em que temos mais dificuldade. Faço isso com investidores atuais, mas também com aqueles em potencial e sempre me surpreendo com o quanto as pessoas se esforçam para ajudar quando os outros se abrem e descrevem seus obstáculos.
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Getty Images / Westend 61 10. Conheça suas fraquezas e contrate alguém para contorná-las
Ninguém é ótimo em tudo. Uma das maiores dificuldades que enfrento é a análise financeira, uma vez que toda a minha experiência tem sido em escrita e comunicação. Já que administrar uma empresa me forçou a melhorar no Excel e interpretar balanços financeiros, também aprendi a contratar profissionais que são melhores nisso do que eu. Costumava executar todas as vendas da Kuli Kuli e, em algum momento, percebi que havia atingido meu limite e contratei um diretor de vendas com mais de 20 anos de experiência na indústria de alimentos. Tudo bem ter fraquezas, desde que tenha consciência de reconhecê-las e humildade para contratar funcionários que são melhores que você e que possam complementar seus pontos fortes.
1. As pessoas são o mais importante e não trabalham como robôs
Comecei a Kuli Kuli por conta do meu amor pelos indivíduos que conheci em uma aldeia africana, a qual visitei por meio do do Peace Corps (agência federal estadunidense independente que envia cidadãos norte-americanos ao exterior com o objetivo de habilitar comunidades a tratarem de necessidades urgentes). Ao voltar para os Estados Unidos, minha ideia de uma startup voltada para missões se tornou um bico repleto de ansiedade no qual eu passava manhãs, noites e fins de semana prolongados. Quando finalmente consegui deixar meu emprego diário e focar na Kuli Kuli em tempo integral, mantive o mesmo expediente e ainda trabalho mais horas do que quase qualquer um que conheço. Na minha juventude, entretanto, eu esperava que todos ao meu redor fizessem o mesmo. Aprendi da maneira mais difícil que as pessoas não são robôs. Elas não podem trabalhar o tempo todo principalmente se estiverem atuando no sonho particular de outra pessoa. Agora, busco entender os sonhos daqueles que cooperam comigo e ajudá-los ativamente a dar vida a suas aspirações.
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