Os CEOs relatam seus erros e falhas? Resposta direta: isso tão raro quanto encontrar uma agulha em um palheiro.
As três exceções são Warren Buffett, CEO da Berkshire Hathaway; Jeff Bezos, CEO da Amazon, e Bruce Flatt, CEO da Brookfield Asset Management. Eles entendem que o sucesso é um paradoxo. Muitas vezes, ele acontece depois que erramos e aprendemos com nossas falhas. Os executivos mostram que a maneira como imaginamos o fracasso, ou a perspectiva dele, pode se tornar uma vantagem estratégica.
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O que o CEO da Berkshire Hathaway, Warren Buffett, diz a seus investidores? Em sua carta de acionistas de 2018, ele relatou: “cometerei erros de comissão dispendiosos e também perderei muitas oportunidades, algumas das quais deveriam ter sido óbvias para mim”. Em seguida, Buffett garantiu aos leitores: “nunca me arriscarei a ser pego sem dinheiro”.
Isso explica por que a Berkshire mantém mais dinheiro em seu balanço do que outras empresas. Isso sustenta a confiança que Buffett se esforça para manter com seus parceiros investidores e segurados, tanto nos mercados robustos como nos queda. Em 2008, quando grandes bancos multinacionais e grandes empresas não conseguiram cumprir seus compromissos financeiros e estavam à beira da falência, a Berkshire cumpriu suas obrigações e também emprestou dinheiro, a taxas atraentes, a empresas sem capital.
Em 2018, o CEO da Amazon, Jeff Bezos, fez algo único em sua carta aos acionistas: ele aconselhou os leitores a esperar falhas de negócios na Amazon. Ele escreveu que as empresas com sérias ambições de crescimento deveriam mensurar o tamanho de suas falhas. Para conquistar grandes sucessos, eles devem estar preparados para cometer grandes falhas também.
“À medida que a empresa cresce, tudo precisa ser escalonado, incluindo o tamanho de suas experiências fracassadas. Se o tamanho das suas falhas não aumentar, você não estará inovando em uma escala capaz de mover estruturas. A Amazon estará experimentando na medida certa para uma empresa do nosso porte, se ocasionalmente tivermos falhas bilionárias. Obviamente, não realizaremos experimentos de maneira ultrapassada. Vamos trabalhar duro para fazer boas apostas, mas nem todas elas serão recompensadas.”
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Bezos descreveu um tipo diferente de risco em sua carta aos acionistas de 2017: não conseguir escrever um “memorando de seis páginas estruturado narrativamente” claro e persuasivo. Ele se referiu a uma prática da empresa de substituir slides do PowerPoint em reuniões da empresa por memorandos claramente escritos sobre questões a serem debatidas e decisões a serem tomadas.
No início das reuniões, os funcionários distribuem seus memorandos a todos os participantes. Essas narrativas são lidas em silêncio e depois discutidas. Bezos observou que alguns documentos “têm a clareza de um coral de anjos. Eles são brilhantes e atenciosos e organizam a reunião para discussões de alta qualidade. Mas às vezes atingem o outro lado do espectro”.
Para evitar escrever um memorando “do outro lado do espectro”, Bezos recomenda que os funcionários respeitem o escopo da atividade. Simplesmente não é possível escrever uma nota de alta qualidade em dois dias ou em algumas horas. As melhores requerem pelo menos uma semana ou mais para escrever, reescrever, editar, refletir e repetir.
Buffett também sabe disso. Uma vez, ele disse que escreve suas próprias cartas aos acionistas, porque se ele não for capaz de explicar algo claramente, ele não é capaz de entender o que está acontecendo. Bezos institucionalizou essa prática linguística de mitigação de riscos em toda a empresa.
Nosso terceiro CEO é Bruce Flatt, da Brookfield Asset Management. Desde 2007, o valor das ações da Brookfield aumentou em conformidade com as gigantes da tecnologia como Microsoft e Google. Como a empresa oferece um crescimento consistente do investimento em ativos rígidos? Em sua carta aos acionistas de 2017, Flatt se concentrou nas lições aprendidas com as falhas da empresa, para “melhorar o que fazemos”.
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Flatt escreveu: “a melhor maneira de descobrir erros é ser paciente com os investimentos e, na maioria dos casos, apostar mais”. Ele aconselha suas equipes a dar um passo atrás e determinar se está fora de compasso. Se o negócio é fundamentalmente bom e o risco tecnológico é mínimo; então, eles deveriam tentar comprar mais. Sim, isso requer um estômago forte. Mas ele aprendeu que “dobrar a aposta e ser paciente é a maneira mais comprovada de reverter um investimento que não está indo bem”.
Falhar não é divertido, é uma oportunidade de aprender lições como: 1. Imagine as consequências de cometer uma falha para limitar suas perdas; 2. Se você cometer um erro, determine as causas para evitar repeti-lo; e 3. Dê a si mesmo uma colher de chá por não ser perfeito.
Thomas Edison, um dos maiores inventores da história, gostava de dizer: “Não falhei. Acabei de encontrar 10 mil maneiras que não funcionam. Ele acrescentou: “Nossa maior fraqueza está em desistir. A melhor forma de conseguir sucesso é sempre tentar mais uma vez”.
A reflexão da poeta Maya Angelou sobre liderança também revela outros pontos que podemos aprender com esses CEOs de sucesso que se destacam no fracasso: “Você pode encontrar muitas derrotas, mas não deve ser derrotado. De fato, pode ser necessário encontrar as falhas para que você possa saber quem é, o que você é capaz de fazer e como ainda pode superar os erros”.
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