Mais de 400 CEOs e investidores de empresas assinaram uma carta aberta pedindo que o setor privado dos EUA tome mais medidas no combate à propagação do novo coronavírus.
A iniciativa, que adotou o lema global “#StoptheSpread” (que significa “pare a disseminação”, em português), viralizou nas redes sociais no sábado (14) depois que Rachel Romer Carlson, cofundadora e CEO da Guild Education, unicórnio de tecnologia educacional, publicou a carta com seu investidor Ken Chenault, presidente da empresa de capital de risco General Catalyst e ex-CEO da American Express. Na tarde de ontem (15), mais de 400 líderes empresariais assinaram a carta, incluindo CEOs de DocuSign, PagerDuty, Twilio e Zoom, além do astro do Golden State Warriors, Stephen Curry.
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No documento, os signatários pedem aos norte-americanos que tomem “ações ousadas” para retardar a propagação do coronavírus. Eles se comprometeram a mudar imediatamente as políticas de suas organizações de modo a adotar medidas como um ambiente de trabalho em casa sempre que possível, fornecer maior assistência aos socorristas e profissionais de saúde, pedir aos funcionários que não realizem ou participem de eventos sociais e dedicar tempo a fim de apoiar as comunidades locais e estaduais. Os líderes que assinaram a carta também prometeram incentivar os trabalhadores, amigos e familiares a praticar o distanciamento social ao evitar a realização ou participação de eventos, visita a bares, restaurantes e academias. O documento incentiva os funcionários a comprar “gift cards” de empresas locais.
Em entrevista, Rachel disse que a ideia da carta surgiu de uma conversa há alguns dias entre ela e Chenault sobre o papel dos negócios no impacto social. “Nesta era, os CEOs e líderes corporativos podem ser ainda mais impactantes do que o governo às vezes ao fazer escolhas ousadas e decisivas que geram efeitos a todos”, diz Carlson. “Acreditamos muito na ideia de ‘stakeholders versus valor dos acionistas’”.
A esperança, diz, é que os líderes empresariais possam aliviar parte dos encargos dos governadores estaduais, autoridades locais e do governo federal ao “liderar à frente”, e incentivar a população a seguir as melhores práticas para controlar a disseminação do novo coronavírus que se espalhou globalmente desde os primeiros registros em janeiro e que fechou escolas, eventos públicos e cidades nos Estados Unidos e em outros lugares ao redor do mundo nos últimos dias.
A carta não inclui apenas profissionais da área de tecnologia, de acordo com Rachel: todo CEO ou líder de negócios de qualquer setor é bem-vindo para assinar. O grupo inicial reflete algumas das principais empresas de computação em nuvem e software empresarial porque a ideia começou a se espalhar em parte por meio de um grupo de e-mails de CEOs, todos compartilhando um investidor comum, Bessemer Venture Partners, de modo a conquistar os primeiros signatários, incluindo Jennifer Tejada, da Pager Duty; Jeff Lawson, da Twilio; Wade Foster, do Zapie; e Eric Yuan, do Zoom; a ferramenta de videoconferência que causou repercussão na sexta-feira (13) ao anunciar que ofereceria suas ferramentas de vídeo gratuitamente a qualquer escola K-12 (ensino fundamental) afetada nos Estados Unidos e em outros países.
Na tarde de domingo, uma série de importantes capitalistas de risco também assinou a carta, como os investidores do ranking Forbes Midas, Aileen Lee e Kirsten Green; e parceiros de empresas como Accel, Foundry Group, GGV Capital, Homebrew, ICONIQ Capital, IVP, Insight Partners, Ludlow Ventures e Redpoint Ventures, entre muitas outras. Curry, o principal jogador do Golden State Warriors na NBA, falou sobre o esforço para a iniciativa “#StopTheSpread” ontem no Instagram e no Twitter.
A carta tinha 250 pessoas na manhã de sábado (14) e foram acrescentados mais de cem nomes nas horas seguintes. A esperança, afirma Rachel, é que o documento receba mais signatários do que casos confirmados de Covid-19 nos Estados Unidos. “Estamos definindo isso como nossa referência. Por exemplo, como podemos tornar esse movimento que visa o bem e uma liderança ousada mais propagante do que o vírus? “
Questionada sobre se os signatários da carta estavam colocando em prática essas palavras em suas organizações a partir do fornecimento de suporte a funcionários temporários e contratados que poderiam ser afetados por negociações interrompidas e pela mudança para o trabalho em casa, Rachel disse que a resposta varia de acordo com o negócio que está participando. Essa realidade pode diferir amplamente entre uma empresa de farmácia ou de software, por exemplo, segundo ela. Os criadores da carta optaram por não impor promessas prescritivas ao longo dessas linhas para permitir que mais líderes assinem prontamente, ela acrescentou.
“Posso dizer que, da perspectiva da Guild, comunicamos especificamente a [trabalhadores temporários e contratados] que trataremos todos eles como funcionários full time durante a crise e os pagaremos adequadamente sem pressioná-los em termos de quantas horas eles trabalham ou não, além de indicá-los a trabalhar em casa ”, disse Carlson.
Quanto às próximas etapas, a executiva revelou que o grupo planeja publicar atualizações nos próximos dias com mais detalhes sobre uma iniciativa dedicada que as empresas signatárias planejam estabelecer a fim de ajudar socorristas, profissionais de saúde e pequenas empresas. Carlson também relatou que a Guild e outras companhias estão trabalhando com universidades em todo o país para fornecer novos recursos e treinamento aos trabalhadores.
“Eu estive em ligações com presidentes de universidades durante todo o fim de semana e esperamos lançar algo em 48 horas”, disse ela. “Posso dizer que o que lançaremos será gratuito e estará disponível para todos os profissionais nos EUA”.
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