O fundo de private equity Stratus pretende fazer a oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) de duas de suas empresas investidas, considerando que o cenário pós-pandemia do coronavírus no Brasil abrirá espaço para expansão de negócios, como os baseados em nichos de mercado.
Uma das operações previstas é a da empresa de logística rodoviária BBM, que chegou a iniciar o processo de venda de ações em fevereiro, mas suspendeu os planos semanas depois devido à turbulência provocada no mercado financeiro com o avanço da Covid-19.
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A outra é a gestora de frotas corporativas de veículos Maestro, que estava numa etapa anterior, mas que também já planejava IPO para este ano.
“Provavelmente serão operações menores e com formato um pouco diferente, com uma parcela maior de venda primária, mais para injetar recursos nas empresas”, disse à Reuters o fundador e diretor-executivo da Stratus, Álvaro Gonçalves.
Criada em 1999, a Stratus se especializou em empresas de setores fortemente fragmentados da economia brasileira, comprando negócios e investindo para crescimento orgânico e via aquisições, para ganhar escala. Dentre as empresas investidas, já listou na bolsa paulista a Sinqia. Atualmente, a gestora trabalha com as empresas de seu segundo fundo, que inclui, além da BBM e da Maestro, a empresa de alimentos DGH, o grupo de redes de drogarias Investfarma e a rede de cinemas Cinesystem.
Gonçalves explicou que, como BBM e Maestro já têm registro de companhia aberta e são listadas no mercado de acesso Bovespa Mais, o processo de aprovação tende a levar menos tempo do que uma companhia que esteja fazendo um primeiro contato com investidores do mercado de capitais.
Segundo o executivo, embora o país deva sair da crise sanitária mais enfraquecido do ponto de vista macroeconômico, alguns fatores podem contribuir para que certos setores e empresas acelerem planos de negócios quando a situação se normalizar.
As declarações vêm na esteira da frustração dos planos de mais de três dezenas de empresas brasileiras que, assim, como a BBM, haviam pedido registro para IPO no começo do ano, diante dos sinais de aceleração econômica do país.
“Agora, com juro básico a 3% ao ano e com viés de baixa, os recursos em caixa vão ficar queimando na mão dos empresários, que vão procurar maneiras de investir para ter mais rentabilidade”, disse ele.
Além disso, pontuou, o agronegócio brasileiro deve ter um desempenho muito bom nos próximos dois a três anos, considerando o efeito do câmbio sobre as exportações e as oportunidades que podem surgir de maiores barreiras comerciais devido à disputa entre Estados Unidos e China.
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“E alguns setores domésticos ligados a serviços, como os de saúde, estarão bem aquecidos, então do ponto de vista de negócios algumas situações poderão ser menos desesperadoras do que muitos estão prevendo”, aponta.
Além da retomada dos planos de IPOs, a Stratus também está negociando quatro transações, duas de fusão envolvendo empresas investidas e outras duas para investimentos em novas empresas. A expectativa da Stratus é de que as transações sejam concluídas nos próximos meses. O executivo não revelou o nome das empresas.
“Embora problemas de falta de caixa devam se multiplicar nos próximos meses em função da crise, não foi isso a principal motivação para esses negócios”, disse Gonçalves. “As conversas já existiam, foram apenas aceleradas.” (com Reuters)
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