Trancado em casa enquanto a Covid-19 varria os EUA, o cofundador do Instagram, Kevin Systrom, estava ficando frustrado com os dados confusos e não confiáveis sobre a disseminação e a escala da doença. Então, o criador de uma das empresas mais virais do mundo (hoje com mais de um bilhão de usuários) começou a construir um site para rastrear o vírus. “Eu ficava perguntando ‘se eu estivesse governando um estado ou um país, quais estatísticas eu gostaria de saber?”, disse Systrom em uma entrevista via Zoom durante a hackathon do Forbes Under 30, com o parceiro Rocket Mortgage, em apoio à cidade de Detroit.
Por meio de sua pesquisa, ele aprendeu sobre uma métrica chamada “Rt”. Bem conhecida em epidemiologia, ela mede a taxa com que um vírus se espalha de pessoa para pessoa. “Se R é menor que um, o surto diminui. Se for maior que um, cresce exponencialmente, e isso é uma coisa ruim”.
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“Os dados são realmente interessantes para mim. Não são coletados dados suficientes. Quando é coletado, fica inativo. Não é usado produtivamente. E, quando as pessoas tentam usá-lo de forma produtiva, há muitos erros e interpretações erradas”, afirmou o empresário.
Brincando com a programação em Python, Systrom, de 36 anos, criou um programa que coleta dados de pacientes de várias fontes de saúde e calcula a taxa de reprodução Rt na Califórnia. Em seguida, outros estados entraram no programa. Com os dados disponíveis, mas sem meios de compartilhá-los, ele telefonou para outro cofundador do Instagram, Mike Krieger. “Eu disse: ‘Você vem se interessando em trabalhar em algumas coisas de front-end e bibliotecas gráficas. E se nós nos unirmos: eu trabalho no modelo, você trabalha no site?'”, contou Systrom. “Conversamos sobre o que estávamos interessados em aprender, no que éramos bons e o que o mundo precisava. A interseção disso tudo se tornou o RT.live”.
Sobre o processo de criação de um novo produto, Systrom explicou: “A criação do produto começa com o problema que você está resolvendo para as pessoas. Se você baseia tudo o que faz em um problema que as pessoas realmente têm, você garante clientes.”
O cofundador do Instagram também deu dicas para obter um produto popular: “Concentre-se em resolver um problema realmente importante para o maior número de pessoas possível. Não foque soluções de nicho para problemas de nicho. Isso não quer dizer que você precisa enviar pessoas para a lua. Mas você pode enfrentar grandes problemas, maiores do que você provavelmente imaginaria.”
Lançado em meados de abril, o site agora atrai mais de 100 mil usuários diários, incluindo autoridades de saúde, meios de comunicação e líderes do governo: o governador de Nova York, Andrew Cuomo, citou o site em seus populares briefings diários para a imprensa. O site mostra se a taxa de reprodução da Covid-19 está aumentando ou diminuindo em cada estado, e o efeito que os desligamentos, e as reaberturas, estão causando na propagação do vírus. Systrom diz: “Meu objetivo era ser apolítico, factual e mostrar os dados às pessoas. Espero que elas tomem melhores decisões com base nos dados que conseguirem ver”.
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Mas, ao contrário dos negócios colossais e influência cultural do Instagram, Systrom espera que o RT.Live tenha vida curta. “Estou orgulhoso do que construímos. Mas, diferentemente de uma empresa, espero sinceramente que o RT.Live não esteja online nos próximos dois meses e que possamos encerrá-lo. Quero que a existência dele seja encerrada.” Systrom, que fundou o Instagram apenas uma década atrás e o vendeu dois anos depois para o Facebook, planeja procurar outros grandes problemas a serem resolvidos, “aqueles que poderiam ajudar a maioria das pessoas”. Como ele disse a empresários na segunda-feira (29), essa solução de problemas pode levar 20 anos. Ele ainda tem tempo.
O empresário também comentou sobre o sucesso do Instagram: “Há oito anos, esperávamos que algumas milhares de pessoas pudessem usar o Instagram, e então chegamos a um ponto em que mais de um bilhão de pessoas o usam constantemente. Qualquer pessoa que afirme desde cedo que sabe que seu produto vai ser tão grande assim está mentindo.”
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