A saga de Carlos Ghosn ganhou mais um capítulo. De acordo com documentos apresentados por promotores norte-americanos, o filho do ex-presidente da Nissan enviou cerca de US$ 600 mil em criptomoedas ao ex-Boina Verde (Forças Especiais do Exército dos Estados Unidos), Michael Taylor, como pagamento por ajudar na fuga de Ghosn do Japão no final do ano passado.
Detido pela primeira vez em Tóquio em novembro de 2018, o executivo franco-brasileiro estava sendo julgado por suposta má conduta financeira e subnotificação de remuneração. Ele negou continuamente as acusações e descreveu o sistema de justiça japonês como “forjado”.
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Anthony Ghosn teria enviado a Peter, filho de Michael Taylor, pagamentos escalonados via Coinbase entre janeiro a maio deste ano, depois que o ex-chefe da Nissan foi “contrabandeado” para fora do Japão em um caso icônico e escapou em um jato particular para o Líbano. Taylor e seu filho Peter foram posteriormente presos, ainda em maio, pelas autoridades dos EUA por sua participação na fuga.
Quanto mais olhamos para o cenário da fuga de Ghosn ao estilo de Hollywood, mais encontramos semelhanças com um romance de Frederick Forsyth. Michael Taylor, que planejou e executou o ousado plano de fuga, poderia ter saído das páginas de “O Quarto Protocolo”, de Frederick Forsyth. Depois de anos como Boina Verde, Taylor se especializou em segurança e avaliação de riscos. Ele comandou, inclusive, a American International Security Corporation, uma empresa militar privada com experiência em “extrair” pessoas de situações complexas ou perigosas. Durante uma carreira de duas décadas, Taylor executou com sucesso quase duas dezenas de missões de resgate, como salvar uma jovem raptada pelo pai libanês em uma disputa de custódia. Em resumo, era a escolha ideal para tirar Ghosn do Japão.
As criptomoedas, ou pagamentos em moeda digital, do filho de Ghosn vieram depois dos US$ 862.500 que o próprio Ghosn destinou em outubro a uma empresa que Peter Taylor gerenciava, dois meses antes do voo para fugir da justiça japonesa em 29 de dezembro de 2019, disseram os promotores. Do outro lado do mundo, os promotores japoneses estão pedindo aos EUA que extraditem os Taylors com base em um tratado bilateral para permitir que sejam julgados em Tóquio.
O departamento de investigação especial do Ministério Público do Distrito de Tóquio obteve mandados de prisão para pai e filho em relação ao suposto envolvimento na fuga de Ghosn, que pode ter sido a extração mais ousada de Taylor.
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Os advogados dos Taylors pediram sua libertação sob fiança, mas os promotores insistem que os dois permanecem em risco de fuga e precisam ser detidos.
O governo do Japão exigiu a extradição de Ghosn através da Interpol, mas as autoridades libanesas indicaram que é improvável que o país o entregue, já que os dois países não possuem um tratado de extradição.
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