A SpaceX, de Elon Musk, obteve uma vitória antecipada na corrida espacial bilionária depois que a Força Aérea dos EUA anunciou os foguetes Falcon como um dos dois vencedores de uma competição multibilionária para substituir a tecnologia de foguetes russa.
A Blue Origin, de Jeff Bezos, perdeu nos resultados anunciados pela Força Aérea dos EUA no final da semana passada, e o CEO Bob Smith admitiu que ficou “decepcionado” com a decisão, alegando que a Blue Origin havia feito uma “oferta irresistível” para o contrato.
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A competição marca o que poderia ser uma série de disputas de acordos espaciais entre bilionários, lançando dois ou mais dos mais conhecidos empreendedores do mundo uns contra os outros em uma corrida espacial por dinheiro público que poderia, em anos, valer bilhões. Um sócio de um fundo de capital de risco focado na exploração espacial disse à Forbes que as “batalhas Musk x Bezos” poderiam “durar” muitos anos.
Dinheiro do contribuinte, no espaço
Na sexta-feira (7), a SpaceX de Musk e a United Launch Alliance –uma joint venture entre a Lockheed Martin e a Boeing– ganharam dois contratos para serviços de lançamento do governo norte-americano no valor total de US$ 653 milhões de início em 2022, por um período de cinco anos.
Chamado formalmente de National Security Space Launch Phase 2 Launch Service Procurement (Aquisição do Serviço de Lançamento da Fase 2 do Lançamento Espacial para Segurança Nacional), o contrato concede à United Launch Alliance (ULA) e à SpaceX uma divisão de 60% e 40%, respectivamente, em cerca de 30 missões para o Departamento de Defesa e o Escritório de Reconhecimento Nacional.
A competição foi lançada em 2018, depois que os EUA decidiram parar de usar foguetes russos em um cenário de crescentes tensões geopolíticas como ameaças para impedir as exportações industriais após a anexação da Crimeia pela Rússia, em 2014.
O Departamento de Defesa dos EUA não terá permissão para comprar foguetes Atlas 5 da Rússia depois de 31 de dezembro de 2022, de acordo com uma emenda do Senado assinada em junho de 2016, abrindo a porta para grandes negócios com experiência no espaço e bilionários como Musk e Bezos, ambos inaugurando o capítulo mais recente de empreendedores e foguetes espaciais.
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Com os departamentos do governo dos Estados Unidos cada vez mais apoiando empresários para reduzir o preço dos negócios no espaço, William Roper, secretário adjunto da Força Aérea para aquisição, tecnologia e logística, anunciou em um comunicado os prêmios da competição. “Manter um mercado de lançamento competitivo, atendendo clientes governamentais e comerciais, é a maneira como incentivamos a inovação contínua no acesso garantido ao espaço. Os prêmios de hoje marcam uma nova época de lançamento espacial que finalmente fará a transição do Departamento dos motores russos RD-180”, disse.
No comunicado, o tenente-general John Thompson, comandante do Centro de Sistemas Espaciais e de Mísseis da Base da Força Aérea de Los Angeles, apontou que o anúncio de que a SpaceX e a ULA no transporte de cargas do Espaço de Segurança Nacional dá início a “uma nova década nos EUA de lançamento de inovação”.
Impacto futuro
James Bruegger, sócio-gerente do fundo de capital de risco Seraphim Capital, uma empresa sediada em Londres que investe em companhias que operam no espaço, disse à Forbes que, apesar do revés para Bezos, a SpaceX e a Blue Origin provavelmente terão um grande impacto no lançamento de mercado nos próximos anos. Ele espera que as duas estejam competindo “de frente” em várias áreas diferentes. Bruegger disse à Forbes que o planejamento da SpaceX e da Amazon para lançar satélites oferecendo cobertura de banda larga barata a nível global aponta que “as batalhas entre Musk e Bezos provavelmente durarão muitos anos”, acrescenta.
Bruegger não ficou surpreso ao ver a seleção de um player já estabelecido, com suas conexões com a Lockheed Martin e Boeing, e um novo rosto da classe empreendedora bilionária em Elon Musk e SpaceX. Conceder o contrato a dois novos jogadores, diz Bruegger, pode muito bem ter se mostrado “muito arriscado”.
A SpaceX também está, por enquanto, “mais estável” do que a Blue Origin, de acordo com Bruegger, tendo cumprido missões governamentais durante anos. A SpaceX lançou satélites governamentais e reabasteceu a Estação Espacial. “E, claro”, acrescenta, “eles acabaram de concluir a missão histórica de levar astronautas dos EUA à Estação Espacial, marcando o início da era do voos comerciais com humanos”.
Daniel Carew, diretor da IQ Capital, empresa de capital de risco de alta tecnologia sediada no Reino Unido, disse à Forbes: “O espaço conecta todos, em todos os mercados, em todos os lugares. Como o Exército dos EUA aponta, [o espaço] é o terreno elevado máximo”.
Custos de competição
Em um comunicado, a Blue Origin disse estar “decepcionada” com a decisão. Sua oferta teve um “investimento privado sem precedentes de mais de US$ 2,5 bilhões”. “Foi proposta uma oferta incrivelmente atraente para a comunidade de segurança nacional e o contribuinte dos EUA”, acrescenta. A Blue Origin argumentou que seu foguete chamado New Glenn, construído usando os motores BE-4, demonstrou “desempenho ideal e um preço de serviço muito competitivo para qualquer missão durante todo o período proposto”.
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Bezos e Blue Origin podem se confortar com o fato de que, apesar de perderem o contrato, a tecnologia de motor BE-4 da empresa foi usada na apresentação do ULA.
Bezos descreveu o motor BE-4 da Blue Origin em 2014 para a CBS como uma “máquina marcante”, acrescentando que tem 550 mil libras de empuxo, um “custo recorrente” muito pequeno e “baixo custo de ciclo de vida” usando “combustível comercialmente disponível” no forma de gás natural liquefeito, forma de energia reutilizável. “É construído, testado, projetado e desenvolvido 100% nos Estados Unidos”, acrescentou.
A SpaceX apresentou seus foguetes Falcon 9 e Falcon Heavy para o contrato. A vitória para a equipe de Musk segue o anúncio em fevereiro de 2020 de que a Nasa selecionou a SpaceX para fornecer serviços de lançamento para a missão da agência Psyche, com lançamento previsto para julho de 2022.
A Nasa espera explorar o asteroide Psyche rico em minerais, descrito por Lindy Elkins-Tanton, da Universidade do Estado do Arizona, como “um misterioso asteroide metálico gigante que representa o mundo para nós”. A agência especial confirmou, em um comunicado, que vai pagar à SpaceX US$ 117 milhões para lançar a missão Psyche, descrevendo-o como “único” e “um dos blocos de construção de nosso Sistema Solar”.
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