Poucos dias após anúncio da compra da Linx pela empresa de meios de pagamentos StoneCo, a Totvs enviou ao conselho de administração da Linx proposta de combinação de negócios de R$ 6,1 bilhões.
A oferta, com um prêmio cerca de 1% sobre a proposta da StoneCo, fez as ações da Linx fecharem em alta de 12,6%, sugerindo uma espera dos investidores para que a StoneCo, cuja capitalização de mercado é mais que quatro vezes a da Totvs, faça uma nova oferta mais alta, ou até que uma terceira empresa faça uma nova proposta, disse Ricardo Campos, diretor de investimentos da Reach Capital.
“A transação possui um forte racional estratégico em razão da alta complementariedade de mercados, soluções e serviços, resultando em uma substancial criação de valor para as companhias, seus respectivos acionistas, clientes e colaboradores”, afirmou a Totvs no documento.
Analistas do Bradesco BBI citaram que o valor da transação não é materialmente diferente do da StoneCo, mas que a principal diferença é a detenção de cerca de 24% da Totvs para os acionistas da Linx, enquanto para a Stone o negócio é basicamente em dinheiro – 90% do valor total-, o que pode ser fator importante para decisão.
“Tentando ter uma visão mais simples do que pode ser um processo complexo, nosso cenário base é que será a Stone quem comprará a Linx, pelo simples fato de ela ter bolso maior que o Totvs. Assim, se Stone realmente quer comprar a Linx, pode apresentar uma oferta mais atraente”, afirmaram em nota.
A valorização das ações também pode refletir o sentimento superior do investidor em relação à oferta da Totvs, que ocorre após investigação de reguladores e de críticas de acionistas em relação à oferta da StoneCo por oferecer termos diferenciados a executivos da Linx.
A Totvs afirmou que sua oferta envolve 1 ação da empresa e R$ 6,20 por cada ação da Linx, avaliando cada ação da Linx em R$ 34,09 e mantendo a Totvs como empresa listada. A proposta é válida por 30 dias e, se aprovada, atribui aos acionistas da Linx cerca de 24% do capital total e votante da Totvs.
A proposta da StoneCo está sendo analisada pela CVM, e também foi criticada por alguns acionistas da Linx porque seu presidente-executivo e outros membros do conselho de administração receberiam mais de R$ 300 milhões cada um em acordos de retenção e não concorrência.
A Totvs, cujas ações fecharam em queda de 0,4%, disse que a fusão combinará sua força nos setores de manufatura, logística, distribuição, serviços e agronegócio com a forte presença da Linx no varejo. A ação da StoneCo caiu 1,6% na Nasdaq.
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Batalha de ofertas
A empresa de meios de pagamentos StoneCo anunciou na última terça-feira (11), acordo vinculante para unir sua área de software com a Linx, numa transação em dinheiro e ações que avalia a empresa de software para varejo em R$ 6,4 bilhões.
Em carta enviada ao conselho da Linx, o presidente da Totvs, Laércio Cosentino, e o presidente do conselho, Dennis Herszkowicz, disseram que estiveram em conversas com o vice-presidente e com o CEO da Linx para anunciar um acordo entre as duas empresas em 11 de agosto, quando foram surpreendidos pelo acordo da Linx com a StoneCo.
A operação com a StoneCo prevê multa de R$ 605 milhões se a Linx realizar uma operação concorrente envolvendo uma oferta melhor de terceiro. Os executivos da Totvs afirmaram que contestarão a penalidade em caso de rescisão, do acordo com a StoneCo.
“[Isso] é inconsistente com os interesses dos acionistas minoritários da Linx, que não se beneficiarão de pagamentos adicionais aos executivos”, disse Totvs na carta.
Os analistas do Credit Suisse também citaram a taxa de rescisão como um risco para a oferta da Totvs.
Ontem (13), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu processos administrativos envolvendo a Linx. (Com Reuters)
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