É sábado à noite em Uxbridge, Massachusetts, e Heather Nicoll, uma designer gráfica de 31 anos, está investigando um assassinato. Junto com um amigo, ela vasculha uma caixa de recortes de jornais antigos, registros financeiros e relatórios policiais enquanto tenta resolver a terrível morte de Jake Morgan, o vocalista da Just4fun, uma boyband fictícia. Todos os meses, Heather, junto com outras 100.000 pessoas, paga cerca de US$ 30 à startup Hunt A Killer, com sede em Baltimore, para receber uma nova etapa do jogo. Vai levar uma “temporada” completa de seis caixas, ao custo total de US$ 180, para chegar ao fim o mistério sobre a morte de Morgan. “Eu não brinco quando se trata de desvendar essas caixas”, diz ela, que acompanha seus resultados com um lápis em uma pasta. “Estou totalmente viciada na investigação.”
“Hunt A Killer” é jogado quase totalmente offline – e esse é o ponto principal. “Não há melhor momento para desligar o telefone, sair do Twitter e todos esses outros dispositivos”, diz o CEO Ryan Hogan, 36 anos, um ex-oficial da Marinha dos Estados Unidos. “Estamos ficando loucos esse ano. Todos nós precisamos ser capazes de desintoxicar.”
No ano passado, a empresa de Hogan, fundada com o amigo de infância Derrick Smith, 37 anos, gerou US$ 27 milhões em receita com a venda de assinaturas, edições premium “tudo em um” e coleções de temporadas anteriores (a partir de US$ 140 para as seis caixas). A pandemia está sendo responsável por um grande impulso nos negócios: este ano, a startup deve registrar uma receita de cerca de US$ 50 milhões e espera obter lucro pela primeira vez. Os dois fundadores possuem 85% da empresa, com patrimônios estimados em US$ 68 milhões.
A dupla é a mais recente beneficiária do boom de jogos de tabuleiro que começou em meados da década de 1990, quando um complexo título de estratégia alemão chamado “Settlers of Catan” se tornou popular pela primeira vez nos campus universitários dos Estados Unidos. Até o momento, Catan vendeu mais de 30 milhões de cópias em todo o mundo e ainda gera mais de US$ 100 milhões em receita anualmente, cerca de 25 anos após seu lançamento inicial. No geral, a Euromonitor espera que as vendas de jogos de tabuleiro na América do Norte aumentem de US$ 3,4 bilhões em 2019 para US$ 4,1 bilhões em 2024.
“O crescimento foi explosivo nessa área de jogos no primeiro semestre deste ano”, diz Stephanie Wissink, que acompanha a indústria na Jefferies. “A categoria teve alta de 37% neste ano. Trabalho neste setor há duas décadas e nunca vi isso.”
A Hunt A Killer nasceu após a desilusão com a empresa de roupas Warwear, que Hogan começou com sua esposa quando ainda estava na Marinha. Em 2011, com US$ 100.000 em camisetas encalhadas, o empreendedor se juntou a Smith para organizar uma série de corridas de cinco quilômetros com tema de terror chamada Run for Your Lives – os participantes fugiam de zumbis. A empresa faliu, mas a experiência levou a dupla por um caminho empreendedor que, em 2016, transformou-se nos primeiros sinais de vida da Hunt A Killer.
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No porão de Smith, os cofundadores fizeram tudo sozinhos: do design dos jogos até a embalagem e envio. Em 2017, a empresa tinha 25.000 assinantes e um culto de seguidores no Facebook. “A Covid certamente acelerou nossa trajetória”, diz Hogan, “mas não somos uma empresa sediada na pandemia”.
Em setembro, a Hunt A Killer lançou uma versão de seu jogo principal por US$ 30 na Amazon. O mesmo produto estará disponível na Target em outubro. Colaborações da marca com a Lionsgate, inspiradas nos filmes “Blair Witch” (“A Bruxa de Blair”), e com a editora Simon & Schuster, a partir dos livros de Nancy Drew, também estão em andamento.
“Podemos criar essas experiências incríveis que proporcionam um escapismo e mergulham os participantes em uma história”, diz Hogan. “Não há nada melhor.”
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