Superficialmente, a Tempus de Eric Lefkofsky se parece muito com qualquer outra empresa de medicina personalizada com tecnologia de inteligência artificial. “Tentamos infundir o máximo de dados e tecnologia que podemos no próprio diagnóstico”, diz Lefkofsky, o que poderia ser dito por diversos fundadores de outras empresas de saúde. Mas, o que torna a Tempus diferente é que está se ramificando rapidamente, passando do foco em câncer para programas adicionais, incluindo saúde mental, doenças infecciosas, cardiologia e diabetes. “Estamos focados nas doenças mais mortais”, diz Lefkofsky.
Agora, o bilionário fundador tem US$ 200 milhões adicionais para atingir essa meta. A empresa sediada em Chicago anunciou uma rodada da série G-2 na semana passada, que inclui uma avaliação de US$ 8,1 bilhões. Lefkofsky, o fundador de várias empresas, incluindo Groupon, também viu seu patrimônio líquido aumentar com o financiamento, de cerca de US$ 3,2 bilhões para em torno de US$ 4,2 bilhões.
A Tempus está “tentando reestruturar uma indústria muito grande e complexa”, diz Lefkofsky, “nós sabíamos que custaria muito dinheiro para ver nosso modelo de negócios fluir”.
Além dos investidores Baillie Gifford, Franklin Templeton, Novo Holdings e fundos administrados por T. Rowe Price, Lefkofsky, que investiu cerca de US$ 100 milhões de seu próprio dinheiro na empresa desde a sua fundação, também contribuiu com uma quantia não revelada para a rodada. O Google também participou como investidor, e a Tempus diz que agora armazenará os dados de pacientes no Google Cloud.
“Somos particularmente atraídos por empresas que visam resolver desafios fundamentais e complexos nas ciências da vida”, diz Robert Ghenchev, sócio-sênior da Novo Holdings. “A Tempus é, em muitos aspectos, o modelo de empresa que gostamos de apoiar.”
A Tempus, fundada por Lefkofsky em 2015, faz parte de uma nova geração de empresas de diagnóstico de câncer personalizado, como a Foundation Medicine e a Guardant Health. A principal fonte de receita da companhia vem do sequenciamento do genoma de tumores de pacientes com câncer, a fim de ajudar os médicos a decidir quais tratamentos são mais eficazes. “Geramos muitos dados moleculares sobre um paciente”, diz Lefkofsky. Ele estima que, até agora, já tenha os dados de cerca de um em cada três vítimas de câncer nos Estados Unidos.
Mas cobrar as seguradoras pelo sequenciamento não é a única maneira pela qual a empresa ganha dinheiro. Tempus também oferece um serviço que associa pacientes elegíveis a ensaios clínicos e licencia dados de pacientes não identificados para outros participantes da indústria de oncologia. Os dados dos pacientes, que incluem imagens e informações clínicas, são “super importantes e valiosos”, diz o bilionário, acrescentando que o compartilhamento de dados só ocorre com o consentimento do indivíduo.
À primeira vista, a oncologia de precisão parece um mercado saturado, mas analistas dizem que ainda há muito espaço para as empresas crescerem. “Estamos apenas começando”, diz Puneet Souda, analista de pesquisa sênior da SVB Leerink, “o que vem a seguir é ainda maior”. Souda estima que, à medida que o mercado de oncologia personalizada se expande do diagnóstico para a triagem, outros US$ 30 bilhões ou mais estarão disponíveis para as empresas utilizarem. E a Tempus já está pensando no futuro, entrando em novas áreas terapêuticas.
Embora não esteja deixando o câncer para trás, a companhia se ramificou em outras áreas da medicina de precisão no ano passado, incluindo cardiologia e saúde mental. A empresa agora oferece um serviço para psiquiatras usarem as informações genéticas de um paciente para determinar os melhores tratamentos para o transtorno depressivo.
Em maio, Lefkofsky também pressionou a empresa a usar sua experiência para combater a pandemia do coronavírus. A empresa agora oferece testes de PCR para Covid-19 e já administrou mais de um milhão deles até agora. Eles também sequenciam outros patógenos respiratórios, como gripe e, em breve, pneumonia. Tal como acontece com o câncer, a Tempus continuará a tornar os dados dos doentes acessíveis a outros profissionais da área –por um preço, é claro. “Temos um dos maiores repositórios de dados do mundo”, diz Lefkofsky, “é imperativo torná-lo disponível para qualquer pessoa”.
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O bilionário planeja usar o capital da última rodada de financiamento para continuar a expansão da Tempus e aumentar sua equipe. A empresa contratou cerca de 700 colaboradores desde o início da pandemia, diz ele, e atualmente tem cerca de 1.800 funcionários. Ele não quis comentar sobre os números exatos, mas embora a empresa ainda não seja lucrativa, ele afirma já ter atingido uma “escala significativa em termos de receita”.
E por que ele está tão certo de que a avaliação maciça de sua empresa não está superestimada? “Nós nos beneficiamos de duas tendências realmente empolgantes do setor financeiro”, diz: perfis genômicos complexos e dados de saúde baseados em IA. No momento, estima Lefkofsky, cerca de um terço dos pacientes com câncer têm seus tumores sequenciados em três anos. Em breve, esse número aumentará para dois terços dos pacientes que têm seus tumores sequenciados várias vezes por ano. “O espaço em si é muito empolgante”, diz, “achamos que ainda vai crescer dramaticamente”.
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