O Ibovespa fechou em queda o pregão desta terça-feira, descolando do exterior em meio a ruídos relacionados à cena fiscal do país, com as siderúrgicas entre as maiores perdas no dia, levando o índice brasileiro a fechar em queda de 0,50% aos 120.636 pontos. As mínimas foram afastadas pelo suporte dos papéis da Petrobras e pelo desempenho positivo dos ativos em Wall Street, com o Nasdaq Composite liderando os ganhos na sessão, avançando 1,53% aos 13.197 pontos.
A escalada dos casos de Covid-19 e a elevação do tom político no Brasil voltaram a alimentar no mercado especulações sobre mais gastos para impulsionar a economia. A pressão no Ministério da Economia por mais despesas no governo e a queda de popularidade do presidente Jair Bolsonaro são vistos como fatores que endossam novas medidas de auxílio.
“Esperamos que o governo comece com medidas com impacto fiscal neutro… embora medidas com impacto fiscal também sejam provavelmente introduzidas, esperamos que sejam menores em tamanho e duração do que no ano passado”, disseram em nota Gustavo Arruda e Samuel Castro, do BNP Paribas. O banco piorou a projeção para déficit primário em 2021, de 3,0% do PIB para 4,5%.
O mercado acompanha também de perto o avanço da vacinação no Brasil. As notícias de que insumos produzidos na China podem atrasar a oferta de vacinas no Brasil colaboram para perspectivas negativas sobre o calendário de imunização. Apesar das dificuldades de relacionamento entre o Brasil e a China – aumentadas recentemente pela intenção inicial do presidente Jair Bolsonaro de bloquear a chinesa Huawei de participar no fornecimento de equipamentos 5G no país – a dificuldade de liberação dos insumos da CoronaVac e da AstraZeneca não é direcionada apenas ao Brasil.
“O risco de atraso na vacinação para Covid-19, que pode impactar no desenvolvimento do PIB de 2021, somado a especulação em cima do auxílio emergencial, fez com que a Bolsa e o Real tivessem um desempenho ruim no dia e bem abaixo da média do mercado. Somado os fatores citados, os dados de inflação divulgados acima da expectativa pressionaram a curva de juros e o mercado agora aguarda o resultado da reunião do Copom que termina amanhã”, avalia Flávio Aragão, sócio da 051 Capital.
A combinação risco fiscal e atraso nas vacinas foi responsável por conferir ao real o pior desempenho global do dia no mercado de câmbio, com o dólar comercial encerrando a sessão em alta de 0,78% e negociado a R$ 5,34 na venda. Ao longo da sessão, os operadores acompanharam ainda a fala de Janet Yellen no Congresso norte-americano, indicada pelo presidente eleito dos EUA, Joe Biden, para o cargo de secretária do Tesouro. Para ela, o valor do dólar norte-americano deve ser determinado pelos mercados e a adoção de metas de taxas de câmbio por outros países para obter vantagens comerciais é “inaceitável”.
Amanhã, a atenção dos agentes financeiros se volta para o Banco Central, com a expectativa de que a autoridade monetária abandone o compromisso de deixar os juros estáveis sob determinados critérios diante da aceleração da inflação.
O entendimento é que retirar o “forward guidance” da comunicação seria o primeiro passo para se vislumbrar alta da Selic, o que poderia dar algum suporte ao câmbio. Segundo analistas, um dos motivos para a pressão sobre o real é o juro em patamar muito baixo, que deixa a moeda mais vulnerável a operações de hedge ou de financiamento para apostas em outras divisas. A Selic está em 2% ao ano, mínima histórica, e o Copom anuncia sua decisão amanhã após o fechamento dos mercados. (Com Reuters)
DESTAQUES DO IBOVESPA
Maiores Altas
BPAC11: +3,12% a R$ 95,15
SUZB3: +3,03% a R$ 65,21
TOTS3: +2,50% a R$ 29,52
PCAR3: +2,48% a R$ 78,60
BRKM5: +2,22% a R$ 25,38
Maiores Baixas
CSNA3: -5,71% a R$ 33,04
USIM5: -5,71% a R$ 14,35
HAPV3: -3,12% a R$ 17,37
GGBR4: -2,95% a R$ 25,67
WEGE3: -2,83% a R$ 89,60
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