A CEO do YouTube, Susan Wojcicki, divulgou ontem (26) uma carta com as prioridades da plataforma para 2021. Segundo o documento, este ano os esforços da companhia serão no sentido de aumentar a fonte de renda dos criadores, cumprir com suas responsabilidades, ajudar as pessoas a aprenderem novas habilidades e trabalhar com governos do mundo todo ao mesmo tempo em que enfrenta questões regulatórias cada vez mais complicadas.
“Enquanto mergulhamos em 2021, muitos de nós ainda tentam processar o que vivemos recentemente: o ataque devastador ao Capitólio dos Estados Unidos, uma epidemia global, eleições polêmicas e desastres naturais, como os incêndios na Austrália e Califórnia. Ainda que tarde, nos unimos para exigir justiça racial, lembrando que os efeitos do racismo sistêmico ainda são percebidos diariamente em todo o mundo”, disse a executiva, lembrando que a plataforma ajudou a reunir as pessoas – mesmo à distância. “Vimos artistas alcançarem seus fãs ao fazerem do YouTube um palco virtual. Miley Cyrus, The Roots e Sebastian Yatra se reuniram na iniciativa Save Our Stages, um festival de música online que arrecadou US$ 1,8 milhão para apoiar espaços musicais independentes afetados pelo fechamento dos estádios e casas de shows no mundo todo.
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Em números concretos, o tempo de exibição aumentou 25% no primeiro trimestre e as transmissões diárias ao vivo cresceram 45% na primeira metade do ano passado. Além disso, cerca de 500 mil canais estrearam na plataforma, responsáveis por mais de 10 milhões de transmissões ao vivo. “Entre eles está a dupla Jorge & Mateus, cujo show foi exibido mais de 40 milhões de vezes”, disse Susan.
MONETIZAÇÃO PARA OS CRIADORES
A carta continua explicando sua primeira prioridade: aumentar as fontes de receita dos criadores de conteúdo. Segundo a executiva, o YouTube repassou US$ 30 bilhões a criadores, artistas e empresas de mídia nos últimos três anos. Um relatório da Oxford Economics revelou que, em 2019, o ecossistema criativo da plataforma contribuiu com aproximadamente US$ 16 bilhões para o PIB norte-americano, apoiando o equivalente a 345.000 empregos de tempo integral.
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Os pilares para alcançar tal a meta passam pela transparência das políticas internas da empresa. “Reconhecemos que, na escala em que operamos, é difícil para os criadores de conteúdo acompanharem as mudanças das diretrizes da comunidade. E também sabemos que cometemos erros”, disse Susan. “Faremos alterações para ajudar os criadores de conteúdo. Algumas das medidas que adotaremos para lidar com essas questões incluem mais suporte disponível e melhorias no processo de contestação.”
Já sobre fontes adicionais de receitas, Susan explicou que os serviços de assinatura Music e Premium têm crescido rapidamente, alcançando mais de 30 milhões de membros pagos no terceiro trimestre do ano passado. “Os criadores de conteúdo e artistas estão encontrando novas maneiras de se conectar com o seu público-alvo e diversificar a receita. No ano passado, o número de canais que têm grande parte de sua receita gerada pelo Super Chat, Super Sticker ou Clube de Canais triplicou”, explicou, usando como exemplo a indiana Rachana Ranade, que tem um canal para ensinar educação financeira. Ela ativou o Clube de Canais em 2020 e, atualmente, fatura mais de US$ 100 mil.
“Este ano, começaremos a pedir que os criadores de conteúdo nos EUA informem, de forma voluntária, gênero, orientação sexual, raça e etnia. Essas informações vão nos ajudar a identificar falhas potenciais nos nossos sistemas que podem impactar as chances dessas pessoas de alcançar todo o seu potencial. Ao coletarmos esses dados, poderemos analisar melhor como o conteúdo de diferentes comunidades é representado nos nossos mecanismos de pesquisa, descoberta e monetização. Essa iniciativa beneficiará toda a comunidade do YouTube, e agradecemos a parceria das comunidades de criadores de conteúdo negros, LGBTQ+ e latinos que compartilharam conosco as perspectivas deles para tornar o YouTube um espaço melhor para todos”, disse a executiva.
RESPONSABILIDADES E NOVAS HABILIDADES
Susan continua dizendo que a plataforma está comprometida em atualizar sua abordagem responsável para que as pessoas possam encontrar informações de alta qualidade. “Estamos sempre trabalhando para alcançar o equilíbrio ideal entre a liberdade e a responsabilidade à medida que atendemos às diretrizes estabelecidas por governos em todo o mundo. Nossa abordagem é a de remover o conteúdo que os especialistas dizem que pode levar a danos no mundo real, recomendar conteúdo confiável, reduzir as visualizações de materiais duvidosos e recompensar os criadores que atendem aos nossos requisitos rígidos para monetização”, disse, citando iniciativas conduzidas ao longo de 2020 em relação às eleições norte-americanas, Covid-19, vacinação, saúde em geral e justiça racial.
A executiva citou, ainda, a intensificação do trabalho para que as pessoas aprendam novas habilidades. “Estamos apoiando criadores de conteúdo que possibilitam oportunidades econômicas ensinando habilidades do século 21, como programação, negócios e idiomas”, escreveu. “Estamos definindo uma nova meta: duplicar o número de usuários que interagem com conteúdo educacional no YouTube. Queremos ajudar mais pessoas a se conectarem com vídeos que os coloquem em um caminho de satisfação pessoal e oportunidades econômicas.” Segundo ela, no ano passado 77% dos participantes de um estudo da Ipsos informaram ter usado o YouTube para aprender uma nova habilidade.
NOVOS RECURSOS
Susan Wojcicki revelou, ainda, os próximos passos no que diz respeito a novos recursos da plataforma. Um deles é a criação de conteúdo para dispositivos móveis. “Mais pessoas estão criando conteúdo usando smartphones, por isso, estamos investindo para oferecer aos criadores de conteúdo mais ferramentas de edição de vídeo. Estamos realizando testes Beta do YouTube Shorts na Índia e ficaremos felizes em diminuir as barreiras para que as pessoas possam contar suas histórias. Até agora, os vídeos no novo player Shorts (que ajuda pessoas em todo o mundo a assistirem vídeos curtos no YouTube) estão recebendo 3,5 bilhões de visualizações diariamente. Pretendemos expandi-lo para mais mercados este ano”, contou.
A executiva também disse que sabe que muitos usuários e consumidores pesquisam produtos no YouTube antes da compra. De acordo com um estudo recente da Talk Shoppe, 70% das pessoas entrevistadas disseram que compram de uma marca após terem assistido sobre ela na plataforma. “Atualmente, estamos testando um novo programa com um grupo de criadores de conteúdo de beleza e equipamentos eletrônicos para ajudar as pessoas a descobrirem e comprarem os produtos que elas veem nos vídeos. Novos recursos serão lançados este ano”, adiantou.
Susan também garantiu estar atenta à tendência dos espectadores de assistir aos conteúdos em telas cada vez maiores e melhores. “Na verdade, a TV foi a nossa tela de maior crescimento em 2020. Por isso, temos trabalhado para melhorar a aparência e o desempenho do app Living Room. E estamos possibilitando que os anunciantes alcancem mais consumidores e com mais facilidade onde eles estiverem assistindo. Continuaremos oferecendo o YouTube a mais dispositivos TV e tornaremos a navegação por voz ainda melhor, tudo isso para oferecer aos espectadores a experiência que eles desejam cada vez mais. Há muito mais oportunidades para continuarmos melhorando o produto para criadores, anunciantes e usuários.”
REGULAMENTAÇÃO
A executiva finalizou a mensagem garantindo que dará continuidade às parcerias com os governos em questões importantes. “Ano passado, essas parcerias foram incrivelmente úteis, porque trabalhamos juntos para ajudar a fornecer às pessoas informações precisas durante a pandemia. E manteremos esse fluxo com os legisladores em questões que impactam nossos negócios e a força de trabalho, como imigração, educação, infraestrutura e cuidados com a saúde”, disse.
“Continuaremos a apoiar os criadores de conteúdo e trabalharemos com os governos para garantir que os legisladores compreendam o impacto potencial que as decisões deles podem ter em toda a população”, finalizou.
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